Budda Power Blues é um power trio, marcadamente influenciado pela Band of Gypsys do lendário Jimi Hendrix. Não se trata de uma banda tributo à Band of Gypsys, mas a alma dessa banda está presente em todos os concertos deste projecto de Braga. Formados em 2006, contam no seu line up com os irmãos Budda (guitarra, voz) e Nico (bateria, vozes) e ainda Tó Barbot (baixo, vozes) e da sua música retém-se aquele aroma particular das exaltações e dissonâncias, tão libertárias como imaginativas, que envolveram o cariz particular ora do blues electrificado do Delta, ora do blues rock psicadélico londrino, com Jimi Hendrix, John Mayall, Cream, entre outros, à cabeça de uma forma de estar sonora transgressora que daria ao blues uma dimensão quase mundial. O desempenho instrumental de Budda é conhecido de colectivos com expressões distintas, como Steel Crash, Big Fat Mamma, Mundo Cão, Monstro Mau ou Trio Pagú, mas é com Budda Power Blues que, à perspicácia do guitarrista, lhe detectamos uma outra: a voz - fogosa e envolvente - absorvente, como uma esponja, parece refluir todo um culto na sua expressão. Segundo Budda, o grupo surgiu da necessidade de "tocarmos juntos sem rédeas e sem expectativas. O blues sempre foi a minha vida e precisava de uma banda. Tinha dois companheiros de armas no Monstro Mau que, apesar de não estarem muito por dentro da cena blues, eram excelentes músicos e estavam sequiosos por tocar e experimentar. Para além disso nós os três temos um entendimento que nos transcende. BPB foi uma forma de praticarmos o improviso e de melhorar a química que havia entre nós, que já era fortíssima". Em 2009, o grupo edita "Kind of Gypsys", um disco que pretendia comemorar os 40 anos de ausência de Jimi Hendrix e que se revelou um verdadeiro sucesso. Essa excelente adesão, acabou por resultar, em Maio de 2010, numa reedição do disco, agora numa versão remisturada e com faixas extra.
Naturais de Castelo Branco, os Bubbles nasceram em 1997, formados por Pedro Afonso (guitarra, voz), Rodolfo Matos (bateria, também membro dos Alien Picnic), Cláudia Gonçalves (voz, orgão), Carolina Rodrigues (violino, piano), Pedro Mendes (guitarra) e João Malta (baixo). Alguns dos seus membros faziam também parte do projecto Oscilating Fun. Alguns dos seus elementos estão hoje nos Norton. Passaram ainda pelo grupo outros músicos como Ricardo Preto (voz), Pedro Perguilhas (guitarra), e Carlos Nunes (baixo, RIP). Integrados na onda de bandas com sonoridade indie que caracterizou esta fase, assumiam explicitamente influências de bandas como os dEus, Pavement, Notwist, My Bloody Valentine ou Portishead, jurando amor eterno aos amplificadores valvulados e guitarras dos anos 60. Era a cultura pop no seu melhor, explorada no seio de uma juventude imberbe catalizada para a tendência pela editora Bee Keeper e seus mentores. O grupo, como não podia deixar de ser, tocou conjuntamente com Pinhead Society, Toast, Kola!, Starlux, Jaguar, Smuggly, Peewee Montana, Blister, Alien Picnic e Velveteen, ou seja, todos seus parceiros de movimento. Em Abril de 1999, após a edição de duas maquetes e participações várias nalgumas compilações, os Bubbles entraram em estúdio com vista ao registo do seu primeiro EP, "Painting My Bedroom Walls Dreaming About". Utilizam para o efeito o Estúdio Margem Sul, em Almada onde gravaram os temas "Blue Room", "Yellow Duckie", "Last Love Look", e "For You… A Song!" sem a ajuda de nenhum produtor e depois gravam os restantes temas nos Estúdios Click em Coimbra, contando neste com a produção de Gonçalo Rui. O EP terá sido posteriormente editado pela Revista Raia de Castelo Branco.
DISCOGRAFIA
SHOULD I CALL YOU ROCK STAR?! [c/Alien Picnic] [Tape, Edição de Autor, 1997]
Embora tivesse alcançado o status de estrela de primeira grandeza no rock brasileiro, Rita Lee (1947-2023) vivenciava uma relação tensa com a sua banda de apoio, a Tutti Frutti. Desde a entrada do guitarrista e tecladista Roberto de Carvalho na banda, em 1977, com quem Rita iniciara um romance no anos anterior, a relação profissional entre a cantora e o guitarrista solo Luiz Carlini, cercou-se de muita tensão, gerando muitos desentendimentos. Carlini sentia-se preterido por Rita Lee na condução musical da banda. Com a chegada de Roberto de Carvalho, sutilmente a sonoridade da Tutti Frutti começou adquirir uma acentuação pop, afastando-se da orientação roqueira que caracterizou a banda.
Como se isso não bastasse, Rita Lee e Roberto de Carvalho viviam um romance que culminaria numa relação conjugal mais série com o nascimento do primeiro filho do casal, Beto Lee, em março de 1977.
Rita Lee vinha se recuperando de uma outra situação difícil que foi a sua prisão, em 1976, por sua prisão por uma suposta posse de maconha, embora a cantora alegasse que a droga não era dela, que não estava consumindo drogas, pois na época estava grávida do primeiro filho, Beto Lee. Mesmo assim, a cantora foi presa.
Porém, graças ao apoio de Elis Regina, que foi visitá-la na cadeia, a situação de Rita ganhou visibilidade e sensibilizou uma parcela da opinião pública, o que de uma certa forma, contribuiu para que Rita fosse condenada a prisão domiciliar de um ano, tendo apenas permissão judicial para sair de casa para cumprir agenda de shows.
Ainda assim, mesmo tendo a autorização judicial para fazer shows, isso não livrou Rita da dificuldade financeira, que só foi aliviada com o lançamento do compacto “Arrombou A Festa”, lançado em março de 1977. Nessa mesma época, Rita deu à luz ao seu primeiro filho, fruto do seu relacionamento com Roberto de Carvalho. A canção fez um enorme sucesso e fez o compacto, único lançamento da cantora e banda naquele ano, alcançar a marca das 250 mil cópias vendidas.
Depois do cumprimento penal, Rita e a Tutti Frutti, mesmo com um clima tenso na banda, iniciaram uma turnê conjunta com Gilberto Gil e a banda Refavela, que passou por oito capitais brasileiras entre outubro e novembro de 1977, e rendeu um gravado ao vivo juntos, Refestança, lançado no final daquele ano.
Apoio inesperado: Elis Regina visitou Rita Lee na prisão, e a partir de então, nasceu uma grande amizade entre as duas cantoras.
Quase dois anos sem lançar um álbum de inéditas, Rita Lee & Tutti Frutti lançaram em abril de 1978, Babilônia, sexto álbum da carreira solo de Rita e quarto álbum de estúdio da banda. A chegada de Roberto sutilmente causou uma alteração na orientação musical da Tutti Frutti, quando banda flertou com uma sonoridade mais pop. Carlini mostrava-se insatisfeito com a posição secundária a que foi colocado desde a chegada de Roberto, gerando assim o clima de tensão entre ele e Rita Lee. Mesmo assim, foi nesse estado de guerra que o álbum Babilônia veio ao mundo.
Composto por nove faixas, Babilônia foi o primeiro e único álbum de Rita Lee & Tutti Frutti gravado com a participação de Roberto de Carvalho, e que já revela a sua influência na orientação musical da banda. Produzido por Guto Graça Mello e Roberto de Carvalho, Babilônia é o álbum mais “pop” dos álbuns lançados por Rita Lee com a Tutti Frutti, onde há uma incursão da banda na disco music que vivia o seu auge naquele momento.
“Miss Brasil 2000” é quem abre o álbum, um rock ao estilo Rita Lee & Tutti Frutti e que descreve como seria a Miss Brasil do ano 2000. A faixa começa com a voz do apresentador de TV, Hilton Gomes (1924-1999), anunciando a vencedora do concurso de beleza para eleger a mulher mais bonita do Brasil no ano 2000. Por vários anos, Hilton foi o apresentador oficial do concurso Miss Brasil.
A faixa seguinte é “Disco Voador”, um rock balada onde o eu lírico descreve o seu suposto contato com um disco voador. Foi a primeira parceria de Rita Lee e Roberto de Carvalho gravada pela cantora paulista. “Agora é Moda” tem uma levada funk e traça uma crítica bem debochada ao comportamento da sociedade contemporânea da época, listando uma lista de “modismos” ao qual ela havia se submetido. A faixa foi incluída na trilha sonora da novela Dancin’ Days, de Gilberto Braga, e exibida pela TV Globo em 1978.
O lado 1 do álbum termina com “Jardins da Babilônia”, um rock poderoso que relembra o Rita Lee & Tutti Frutti dos bons tempos. “Jardins da Babilônia” é uma crítica velada, inteligente e bem humorada de Rita Lee & Tutti à ditadura militar que governava o Brasil desde 1964. Os versos são cheios de metáforas que são críticas indiretas ao regime autoritário com a censura (“Pra pedir silêncio, eu berro / pra fazer barulho eu mesma faço...” ) , à tortura imposta pelos militares (“O palhaço ri dali, o povo chora daqui / E o show não para” ). Mas como diz os versos da letra, “apesar dos pesares”, Rita parecia enfrentar o “circo de horrores” ao qual o Brasil havia se transformado nas mãos da ditadura botando “as asas pra fora” e “segurar a barra pesada” com muito humor e irreverência.
Pôster central no encarte do álbum Babilônia.
“O Futuro Me Absolve” é uma reflexão de Rita Lee sobre a sua relação com o planeta Terra, dentro da sua visão espiritualista. Segundo a própria Rita Lee em sua autobiografia, a canção seria sobre reencarnação, mas provavelmente dentro de uma percepção budista, que diferentemente do cardecismo, acredita que o indivíduo pode reencarnar como ser humano, como animal, planta ou mesmo inseto. Em “Sem Cerimônia”, Rita canta de forma irônica e debochada sobre as formalidades sisudas da sociedade para passar a imagem de seriedade.
“Que Loucura” é sobre alguém que não lembra absolutamente de nada após uma noitada de muita farra, e que só não fez uma besteira maior porque tem um “anjo da guarda” muito poderoso e atento, talvez algum amigo muito próximo. “Eu e Meu Gato” é a primeira canção composta e gravada por Rita Lee que trata sobre a sua relação conjugal com Roberto de Carvalho, a primeira de muitas. Tema de abertura da novela O Pulo do Gato, de Braúlio Pedroso (1931-1990), exibida pela TV Globo, em 1978, “Eu e Meu Gato” foi a primeira música de Rita Lee a ser tema de abertura de uma novela da TV.
Babilônia termina com “Modinha”, uma balada bem acústica que remete a “Vida de Cachorro”, dos Mutantes. “Modinha” traz versos simples e singelos que mostram como a vida neste mundo poderia ser bem mais descomplicada e leve.
Após a conclusão das gravações do álbum Babilônia, Rita Lee e seus colegas de banda foram surpreendidos com a notícia de que Luíz Carlini estava deixando a Tutti-Frutti e que ele havia registrado para si o nome da banda. Rita e o grupo estavam prestes a começar uma nova turnê com uma produção de palco muito bem elaborada para a divulgação do novo álbum.
Impedida de usar o nome Tutti Frutti na turnê, Rita teve que reformular a banda e renomeá-la para Cães & Gatos. A turnê começou em abril de 1978, mês de lançamento do disco e terminou em julho do mesmo ano.
Babilônia conseguiu recuperar a imagem de Rita Lee, desgastada com a polêmica causa pela sua prisão em 1977 por um suposto porte de maconha. O álbum emplacou nas paradas de sucesso as faixas “Miss Brasil 2000”, “Jardins da Babilônia” e “Agora É Moda”, levando o álbum a vender 150 mil cópias, superando trabalho anterior, Entradas e Bandeiras (1976) e suas 90 mil cópias, mas muito distante das 700 mil cópias do antológico FrutoProibido (1975).
Após o fim da turnê de Babilônia, Rita fechou um ciclo na sua carreira artística e começou a pensar na sua carreira solo. Seu marido Roberto de Carvalho se tornaria uma figura fundamental nesse novo momento na carreira da estrela do rock brasileiro, seja como companheiro de vida conjugal seja como músico, orientando e sugerindo a cantora o direcionamento musical a ser seguido dali em diante, levando Rita a se tornar uma grande estrela pop da música brasileira em pouco tempo.
E essa jornada rumo ao estrelato pop de Rita Lee começa com o álbum Rita Lee, de 1979, que vendeu mais de 400 mil cópias graças ao sucesso das faixas “Mania de Você”, “Doce Vampiro”, “Chega Mais” e “Papai Me Empresta O Carro”.
Enquanto isso, Luíz Carlini, de posse da marca Tutti Frutti, recrutou novos músicos e reativou a banda. Com uma nova formação, a Tutti Frutti chegou a lançar um álbum, em 1980, Você Sabe Qual O Melhor Remédio, um fracasso comercial retumbante.
Faixas
Lado 1
1."Miss Brasil 2000" (Rita Lee, Lee Marcucci)
2."Disco Voador" (Rita Lee, Roberto de Carvalho)
3."Agora é Moda" (Rita Lee, Lee Marcucci)
4."Jardins da Babilônia" (Rita Lee, Lee Marcucci)
Lado 2
5."O Futuro Me Absolve" (Rita Lee)
6."Sem Cerimônia" (Rita Lee, Luiz Sérgio Carlini)
7."Que Loucura" (Luiz Sérgio Carlini)
8."Eu e Meu Gato" (Rita Lee)
9."Modinha" (Rita Lee)
Rita Lee & Tutti Frutti: Rita Lee (vocais, violão, flauta doce), Luiz Sérgio Carlini (guitarras e violões), Lee Marcucci (baixo), Roberto de Carvalho (piano, teclados e guitarras), Sérgio Della Monica (bateria), Willy de Oliveira (vocais de apoio), Naila Skorpio (percussão).
Embora a capa não ajude muito, pois é bem básica (pra dizer o mínimo), o som que esse LP traz é dos mais criativos. Mesmo a regravação de À Nova Estrela - cujos registros anteriores podem ser encontrados em gravações do Som Imaginário no LP de 1971 (Posições) e no LP de 1973 (Matança do Porco, com o nome de A No 2) - tem um arranjo num patamar elevado.
Em 1992, publicou o seu álbum solo de estreia, Echoes, cujos principais sucesso foram os temas "Everytime ", "Tears In The Rain" e "Wait", seguiu-se o álbum Midnight Sun (1993), Elena (1996) e Starcrossed (2000).