terça-feira, 9 de julho de 2024

Styx é uma banda de rock americana de Chicago formada em 1972

 

x é uma banda de rock americana de Chicago formada em 1972 e é mais conhecida por fundir guitarra de hard rock balanceada com violão, sintetizadores misturados com piano acústico, faixas animadas com power ballads e incorporar elementos do teatro musical internacional.
Styx é uma banda de rock americana de Chicago formada em 1972 e é mais conhecida por fundir guitarra de hard rock balanceada com violão, sintetizadores misturados com piano acústico, faixas animadas com power ballads e incorporar elementos do teatro musical internacional.
A banda se estabeleceu com um som de rock progressivo na década de 1970, e começou a incorporar pop rock e soft rock elementos na década de 1980. Estreando com Styx em 1972, a banda geralmente lançava um álbum todos os anos durante a década de 1970.
Styx II (1973) teve o hit dorminhoco " Lady ", uma balada poderosa, que alcançou a 6ª posição nos Estados Unidos, ajudando o álbum a chegar ao top 20. "Lady" também foi um hit top 20 no Canadá, Austrália e Nova Zelândia. Equinox (1975) e Crystal Ball (1976) alcançaram o top 70 dos Estados Unidos com o primeiro apresentando " Lorelei ", um hit nº 6 no Canadá, enquanto o último marcou a adição de Tommy Shaw à banda.
A descoberta comercial de Styx na América do Norte veio com The Grand Illusion (1977), que alcançou a posição 6 nos Estados Unidos e no Canadá, e se tornou o primeiro de quatro álbuns consecutivos multi-platina nos Estados Unidos para Styx. Apresentava o single " Come Sail Away ", um hit top 10 em ambos os países. A continuação da banda, Pieces of Eight (1978), foi outro hit nº 6 nos Estados Unidos, mas atingiu um pico mais alto no Canadá devido aos 10 maiores sucessos " Renegade " e " Blue Collar Man (Long Nights) ".
Em 1979, Styx's Cornerstone alcançou o segundo lugar em ambos os países com a força da balada de sucesso transfronteiriça nº 1 " Babe". O álbum se tornou seu álbum inovador na Austrália e na Nova Zelândia, alcançando o top 20, com "Babe" chegando ao terceiro lugar. "Babe" foi o sexto hit no Reino Unido, seu primeiro e único hit no top 40 lá, levando Cornerstone a ser seu primeiro álbum nas paradas lá (no 36º lugar). Em 1981, Styx's Paradise Theatre foi o álbum nº 1 nos Estados Unidos e Canadá, ao mesmo tempo em que alcançou o top 10 na Escandinávia e no Reino Unido (seu maior álbum lá) e o top 30 na Austrália e Nova Zelândia. " The Best of Times " do álbum alcançou o primeiro lugar no Canadá, o terceiro lugar nos Estados Unidos e o top 30 em vários outros países, enquanto " Too Much Time on My Hands " também alcançou o top 10 na América do Norte.
Kilroy Was Here (1983) foi o último álbum de grande sucesso de Styx, alcançando o top 3 na América do Norte e o top 10 na Escandinávia, embora tenha tido menos sucesso em outros lugares. Seu primeiro single, " Mr. Roboto", tornou-se o terceiro líder das paradas de Styx no Canadá, foi o terceiro hit nos Estados Unidos e seu maior sucesso na Alemanha (no. . Após uma pausa de sete anos, Styx voltou com Edge of the Century (1990), que alcançou a posição 63 nos Estados Unidos com seu single, " Show Me the Way ", tornando-se um hit top 3 na América do Norte no início de 1991.
No geral, Styx teve oito canções que atingiram o top 10 da Billboard Hot 100 dos EUA, bem como 16 singles no top 40.
Sete de seus oito singles no top 10 foram escritos e cantados pelo membro fundador e vocalista Dennis DeYoung, que não faz parte da banda desde 1999. Styx vendeu mais de
20 milhões de discos para a A&M entre sua assinatura em 1976 e 1984. Em 5 de junho de 2022, Styx foi introduzido no Hall da Fama do Rock & Roll Museum de Illinois.
Naquela mesma noite, Dennis DeYoung também foi empossado como compositor.
Origem: Chicago, Illinois, EUA
Gêneros: Rock progressivo, hard rock,
arena rock, art rock, soft rock.
anos ativos: 1972–1984, 1990–1991, 1995–presente
Gravadoras: Wooden Nickel, A&M, Sanctuary, CMC International, New Door.
Membros da banda:
Membros atuais:
Chuck Panozzo – baixo, backing vocals ocasionais (1972–1984, 1990–1991, 1995–1999; meio período 1999–presente)
James "JY" Young – guitarras, vocais principais e de apoio, teclados ocasionais (1972–1984, 1990–1991, 1995–presente)
Tommy Shaw - guitarras, vocais principais
e de apoio, bandolim ocasional e banjo (1975–1984, 1995–presente)
Todd Sucherman – bateria, percussão,
backing vocals ocasionais (1995–presente)
Lawrence Gowan – teclados, vocais principais e de apoio, violão ocasional (1999–presente)
Ricky Phillips – baixo, backing vocals,
guitarra em tempo parcial (2003–presente)
Will Evankovich - guitarra, backing vocals, bandolim ocasional e teclados (2021–presente; membro da sessão 2015–2021).
Membros antigos:
John "JC" Curulewski – guitarra, vocal de
apoio e principal, teclado (1972–1975;
falecido em 1988)
Dennis DeYoung – teclados, vocais
principais e de apoio (1972–1984,
1990–1991, 1995–1999)
John Panozzo – bateria, percussão,
backing vocals ocasionais (1972–1984, 1990–1991; falecido em 1996)
Glen Burtnik – baixo (1999–2003) ; guitarra (1990–1991, meio período: 1999–2003) , backing e vocal principal (1990–1991, 1999–2003).
Discografia:
Álbuns de estúdio:
Styx (1972)
Styx II (1973)
The Serpent Is Rising (1973)
Man of Miracles (1974)
Equinox (1975)
Crystal Ball (1976)
The Grand Illusion (1977)
Pieces of Eight (1978)
Cornerstone (1979)
Paradise Theatre (1981)
Kilroy Was Here (1983)
Edge of the Century (1990)
Brave New World (1999)
Cyclorama (2003)
Big Bang Theory (2005)
The Mission (2017)
Crash of the Crown (2021).



Adriana Partimpim - "Adriana Partimpim" (2004)


“Quando eu era criança, as pessoas me perguntavam: ‘como é teu nome?’ Eu respondia: Adriana Partimpim. Meu pai até hoje só me chama de ‘Partimpim’.” 
Adriana Calcanhoto

"Os artistas japoneses do grande período mudavam de nome várias vezes na vida. Amo isso!!!" Adriana Partimpim

“ADRIANA CALCANHOTO:  Era possível, através da música, passar para o outro lado e adentrar o mundo fascinante dos adultos...?
ADRIANA PARTIMPIM: O disco foi feito para eu ser a criança que sou hoje e não a que já fui.
ADRIANA CALCANHOTO: Então o ‘disco infantil’... 
ADRIANA PARTIMPIM: Ao invés de música para crianças, tarja que não considero exata, preferi chamar de disco de CLASSIFICAÇÃO LIVRE. Que, no fundo, é tudo o que ele mais gostaria de ser.”
 
Trecho da entrevista que Adriana Partimpim concedeu à Adriana Calcanhoto na época do lançamento do disco 

Vinicius de Moraes, depois dos vários projetos literários e musicais que encabeçou durante mais de 40 anos de vida artística, voltou seu olhar, no último deles, às crianças. Nada das mulheres, das paixões ardentes, da boemia, da praia ou dos orixás. O histórico “Arca de Noé”, em parceria com Toquinho e que envolveu vários outros artistas convidados, fez escola no Brasil no que se refere à produção cultural para os pequenos. Elevou-a – junto com outros igualmente célebres, como “Sítio do Picapau Amarelo”, “Pirilimpimpim” e “Plunct Plact Zum” – a um nível de igual qualidade ao que Vinicius fizera na bossa-nova e na literatura.

Com a morte do “Poetinha”, logo após o lançamento do primeiro volume de “Arca...”, em 1980, coincidindo com a acirrada competição televisiva dos programas infantis que tomariam os anos 80, essa proposta de oferecer alta qualidade de cultura para os baixinhos foi se esvaziando. Toquinho e Paulo Leminski bem que tentaram, mas sucumbiram a “Ilariês” e assemelhados. Parecia que não haveria jamais alguém que seguisse aquele caminho aberto por Vinicius em final de vida. Porém, passadas quase duas décadas e meia, o destino levou a gaúcho-carioca Adriana Calcanhoto a assumir esse espaço com o rico – e salvador – projeto “Adriana Partimpim”, de 2004.

A ideia de Adriana, a Calcanhoto, era antiga, de 10 anos antes. À época, ela já havia recolhido temas aos quais gostaria de propor uma nova roupagem sonora, mais solta, divertida e que agradasse tanto crianças quanto adultos. O parceiro Dé Palmeiro foi quem mais incentivou. Porém, imagina-se que deva ter contribuído em certa medida a forte ligação amorosa que Adriana passou a ter com a atriz e cineasta Suzana de Moraes, filha de Vinícius, com quem se casara quatro anos antes de “Partimpim” ser lançado. Pronto: havia juntado todo o necessário: a vontade de compor o repertório, sua experiência e qualidade artística, o apoio externo e o acolhimento emocional. Muito provavelmente, o universo viniciano dentro de casa (e do coração) contagiou Adriana ainda mais, quase que como uma bênção espiritual. O resultado é um disco com alma, diferenciado: ao mesmo tempo altamente musical, tanto no que se refere à escolha do repertório quanto em arranjos e sonoridade, mas também delicioso de se ouvir, pop no melhor sentido.

Não precisa mais de meia hora para isso. De grande experiência e rara sensibilidade, Adriana seleciona dez faixas tão certeiras que parecem, mesmo com idades de composição tão diferentes entre si, terem sido escritas para integrar somente esse disco. A beleza começa com um som de scratch de rap, seguido de uma batida de samba muito gingada e um violão digno dos melhores mestres do instrumento. É "Lição de Baião", canção do repertório de Baden Powell, gravada originalmente em 1961, e que tem a participação de ninguém menos que Louis Marcel Powell, filho e sucessor da maestria do pai nas cordas de nylon. Um barato a letra que brinca – como as crianças fazem! – com as palavras em francês e em português, construindo versos misturando os dois idiomas.

Quadrinhos que ilustram a canção "Oito Anos"
(adrianapartimpim.com.br/um/)
"Oito Anos", que Paula Toller compôs para responder às inúmeras (e, não raro, capciosas) perguntas do filho Gabriel, virou um grande sucesso na voz de Partimpim. É divertidíssima em sua enumeração de indagações típicas de criança que está conhecendo o mundo. “Por que as cobras matam/ Por que o vidro embaça/ Por que você se pinta/ Por que o tempo passa”, são alguns dos versos que dão ideia da encrenca que é para uma mãe responder  A própria autora comenta a respeito: "Quando cantei para o Gabriel fui mais mãe-artista que artista-mãe. Agora ouço Adriana interpretando ‘Oito anos’ como um menino esperto e adorável. Na leveza da voz dela, há espontaneidade e uma sutil implicância muito bem sacada, afinal, perguntar tanto é menos para saber a resposta do que para treinar a ferramenta perguntadora e a paciência do respondedor.”

A marchinha carnavalesca "Lig-Lig-Lig-Lé", dos anos 30, ganha um arranjo colorido em que se vale bem do clima com que Adriana orientou seus músicos: “tocaram com leveza, com delicadeza e espontaneidade, com muito humor e quase nenhuma coerência”. Querida desde a época de seu lançamento, no carnaval de 1937 (o noticiário da época a classificava como “sucesso fulminante” e “destinada a um recorde de bilheteria”), é das mais divertidas faixas do disco.

Mais do que “Oito Anos”, “Fico Assim sem Você”, na sequência, foi um verdadeiro hit de “Partimpim”, colocando o disco entre os mais vendidos da época. Versando um funk melódico de Claudinho & Buchecha – e cuja original já havia feito estrondoso sucesso nos anos 90 –, não só conquistou o grande público com sua bela melodia romântica e arranjo moderno – com a programação de ritmo funkeada, o violão bossa-nova de Adriana, bem como sua delicada voz, muito afeita à melodia da canção –, como, igualmente, prestou uma bonita homenagem à dupla carioca, desfeita tragicamente em 2002 por conta da morte de Claudinho. A letra, de certa forma, prenuncia a falta que um amigo faz ao outro caso se separassem (o que, fatalmente, ocorreu): "Avião sem asa/ Fogueira sem brasa/ Sou eu assim, sem você/ Futebol sem bola/ Piu-Piu sem Frajola/ Sou eu assim, sem você...". E o refrão não pode ser mais doce: "Eu não existo longe de você/ E a solidão é o meu pior castigo/ Eu conto as horas pra poder te ver/ Mas o relógio tá de mal comigo."

Outra delícia é "Canção da Falsa Tartaruga", em que o poeta concretista Augusto de Campos, fértil parceiro de Adriana (a Calcanhoto), e seu filho, o músico e também poeta Cid Campos, versam com muita habilidade e sensibilidade um trecho de “Alice no País das Maravilhas”, clássico do escritor britânico Lewis Carroll, de 1865. O resultado é uma canção delicada, com um refrão de notas abertas tão bonito que é impossível não cantar junto sempre que se ouve: “Quem não diz: - Ave!/  Quem não diz: - Eia!/ Quem não diz: - Opa!/ Que bela Sopa!” E por que uma sopa de uma falsa tartaruga? Ora, alguém já viu uma tartaruga de verdade fazer sopa?...

Rebuscando mais um pouco o variado conhecimento musical, Adriana traz a bossa nova meiga e melancólica “Formiga Bossa Nova”, adaptação do poema do português Alexandre O’Nell que ficara conhecida, em 1969, na voz da cantora lusa Amália Rodrigues. Outra mostra do quanto a proposta de “Partimpim” não é trazer somente temas de fácil assimilação, uma vez que abarca (também) o público infantil. Caso também de “Ser de Sagitário”, composta por Péricles Cavalcanti para sua filha, que ainda não havia nascido e que ele e sua esposa não sabiam nem que sexo teria, apenas que nasceria no começo de dezembro, ou seja, na vigência do signo de sagitário. “Você metade gente/ e metade cavalo/ Durante o fim do ano/ cruza o planetário”, diz a poética e tocante letra, fazendo uma metáfora com o centauro, símbolo do signo no zodíaco.

O poetinha Vinícius de Moraes: inspiração 
e bênção
Na mesma linha, outra brilhante canção de “Partimpim”: “Ciranda da Bailarina”. Se “Formiga Bossa Nova” e “Ser de Sagitário” não poupam as crianças de refletirem e aguçarem seus sentimentos, esta, clássico de Edu Lobo e Chico Buarque da trilha do balé “O Grande Circo Místico”, de 1983, vale-se da fantasia e da figura de linguagem da comparação para concluir aquilo que é óbvio, mas que nem todo mundo admite: que ninguém é perfeito. Ao dizer que só a bailarina, tão artificial quanto mítica, não tem pereba, marca de bexiga ou vacina e nem dente com comida ou casca de ferida, está se deixando claro que todo mundo é ser humano. E aí é que está a beleza! Afinal,“sala sem mobília/ Goteira na vasilha/ Problema na família/ Quem não tem?” Bela versão de Adriana em que seus violão e vocal apurados funcionam muito bem novamente. Fora que ainda lhe foi permitido finalmente dizer a ridiculamente proibida palavra “pentelho” sem o grosseiro corte da censura como ocorreu na versão original, ainda dos tempos de Ditadura.

Os craques da nova MPB Moreno Veloso, Kassin e Domênico, este último, autor de "Borboleta", canção encomendada especialmente a ele por Adriana para o disco, antecede outra das especiais de “Partimpim”: “Saiba”, que o encerra. Lindamente classificada como“uma canção para ninar adultos”, “Saiba”, de Arnaldo Antunes, fecha o disco com a mais doce e profunda poesia, pondo os baixinhos para refletirem sobre coisa séria, mas necessária - e, por que não dizer, comum. A música leva o ouvinte a pensar sobre a condição humana a partir de uma proposição óbvia, porém pouco elucubrada: a de que “todo mundo foi criança” e que o ciclo da vida, inevitavelmente, se encerra um dia. Como não ficar tocado por versos como estes? “Saiba/ Todo mundo teve infância/ Maomé já foi criança/ Arquimedes, Buda, Galileu/ e também você e eu”. A letra ainda tem a função educativa de apresentar versos e termos rebuscados, como os nomes estrangeiros Nietzsche e Sadam Hussein, ou rimas diferentes do comum: “Simone de Beauvoir” com “Fernandinho Beira-Mar” ou “Pinochet” com “você”, ambas rimas de classificação “preciosa”, um tipo raro que combina palavras de idiomas distintos. Um final emocionante e que lembra, em certa medida, as melancólicas “Menininha” e “O filho que eu quero ter”, que finalizam os dois volumes de “Arca de Noé”, respectivamente.

A brincadeira de assumir outra personalidade foi levada a sério (sic) por Adriana, a Calcanhoto, que deu vida à outra Adriana, a Partimpim. Com nome artístico independente de sua criadora, a criatura Adriana Partimpim deu tão certo, que, além deste primeiro álbum, outros dois ótimos vieram a seguir (2009 e 2012), além de dois DVD’s ao vivo igualmente imperdíveis. Mais do que isso: o projeto Partimpim pareceu simbolizar um salto qualitativo na obra e na carreira de Calcanhoto, um momento em que ela conseguiu reunir sua competência artística, estética e performática a seus mais íntimos sentimentos. E o resultado foi algo genuíno. Infantil? Adulto? Tanto faz. Como conseguira Vinícius de Moraes em “Arca...”, o trabalho das Adrianas, a Calcanhoto e a Partimpim, rompeu as fronteiras da idade dos ouvintes e da idade do tempo. Afinal, contempla, igualmente, as crianças grandes e os pequenos adultos.

Clipe de "Fico Assim sem Você"


FAIXAS:

1. "Lição de Baião" (Daniel Marechal/Jadir de Castro) - 03:16
2. "Oito Anos" (Dunga/Paula Toller) - 03:08
3. "Lig-Lig-Lig-Lé" (Oswaldo Santiago/Paulo Barbosa) - 02:38
4. "Fico Assim Sem Você" (Abdullah/Cacá Moraes) - 03:08
5. "Canção da Falsa Tartaruga" (Augusto de Campos/Cid Campos sobre texto de Lewis Carroll) - 04:07
6. "Formiga Bossa Nova" (Alain Oulman/Alexandre O'Neill) - 02:28
7. "Ciranda da Bailarina" (Chico Buarque/Edu Lobo) - 02:49
8. "Ser de Sagitário" (Péricles Cavalcanti) - 03:03
9. "Borboleta" (Domênico Lancellotti) - 02:30
10. "Saiba" (Arnaldo Antunes) - 03:01

Accept - "Restless and Wild" (1982)


 
Acima, a capa da versão brasileira
e abaixo a de Europa e EUA
"Não sei se somos modelos, mas certamente ajudamos a iniciar todo esse gênero [Trash Metal] de certa forma, e isso me deixa muito, muito orgulhoso. É uma grande honra ter todas essas bandas nos nomeando como sua influência. E eu já ouvi tantas vezes 'Cara, quando ouvimos ‘Restless and Wild’ isso nos fez começar a tocar música.' E para muitas bandas, esse foi o ponto de partida, então isso é incrível. O que mais você pode querer da vida ou da sua carreira musical?"
Wolf Hoffmann


A primeira vez que tive contato com o Accept foi lá pelo início de 1984, escutando o Central Rock, na saudosa Ipanema FM, 94.9, apresentado pelo Ricardo Barão. O programa acho que era transmitido de segundas às sextas ou apenas uma vez por semana, não recordo com exatidão, mas ia ao ar das 22h às 24h. 

A música da banda alemã tocada foi "Fast as a Shark", a primeira faixa do disco "Restless and Wild", de 1982. E o seu começo era estranho, pois começava com um som chiado e uma voz feminina cantando “Heidi, Heido, Heida”, e na sequência, escutávamos uma agulha arranhando o disco e entrava o vocal gritado de Udo Dirkshneider, seguido de uma bateria insana e solos de guitarra. O efeito trazia a música tradicional alemã ("Ein Heller und ein Batzen", escrita em 1830 por Albert von Schlippenbach) e de acordo com o guitarrista e líder Wolf Hoffmmann, era para enganar os ouvintes, pois ao colocar o disco, eles iriam escutar uma música que não tinha nenhuma conexão com o álbum e teriam certeza de que haviam comprado o LP errado. Uma pegadinha que deu certo. 

A música em questão, "Fast as a Shark" ("Rápido como um Tubarão") é considerada a pedra fundamental do Thrash Metal, do Speed Metal e do Power Metal. E não sou eu que estou afirmando. A opinião foi dada por integrantes de várias bandas do gênero, como Metallica, Exodus, Anthrax. O vocalista do Exodus, Steve Zetro Souza, afirmou que ao escutar "Fast as a Shark" teve uma espécie de epifania. "É isso, é isso", soltou ele, que confessa cantar baseado nos vocais de Udo Dirkschneider e Bon Scott, do AC/DC

No dia seguinte ao escutar o Central Rock, fui atrás do LP para comprá-lo. Adquirido, é um dos meus preferidos desde sempre. E passados quase quarenta anos, sigo escutando o trabalho da banda alemã, surgida na cidade de Solingen, na então Alemanha Ocidental nos anos 1970. 

"Restless and Wild" é um daqueles álbuns perfeitos, ou seja, todas as suas músicas são excelentes, assim como "Powerslave", do Iron Maiden, e "The Wall", do Pink Floyd. Ele é o quarto da discografia do Accept, sucessor do  debut homônimo de 1979, “I’m A Rebel”, de 1980, e “Breaker”, de 1981. 

A obra foi para as lojas europeias no dia 2 de Outubro de 1982, com dez faixas. Nos Estados Unidos seria lançada no ano seguinte, e chegando ao Brasil no começo de 1984, sendo o primeiro da banda a sair por aqui. Nesta época o estilo Heavy Metal começava a criar força incomum no nosso país, chegando ao auge em 1985, com o advento do primeiro Rock In Rio.  

Já falei da música ícone "Fast As A Shark", que abre o lado A, seguida de "Restless And Wild", que dá nome ao disco e como o nome diz, é de uma selvageria musical, até hoje presente nos shows, "Ahead Of The Pack", "Shake Your Heads" e "Neon Nights". 

No lado B, estão "Get Ready", que tem uma pegada a la Judas Priest, "Demon’s Night", "Flash Rockin’ Man", "Don’t Go Stealing My Soul Away", um dos títulos de música mais legais, e a épica "Princess Of The Dawn", com um solo monstruoso de Wolf Hoffmann, e uma das minhas preferidas de todos os tempos, escutada pelo menos uma vez por semana desde aquela época. 

A capa original do "Restless And Wild" apresenta uma foto de duas guitarras, modelo Flying V, cruzadas e pegando fogo. Aqui no Brasil, no entanto, a capa do álbum mostra a banda se apresentando ao vivo, com luzes vermelhas e vários amplificadores, e em destaque Udo Dirkschneider estrangulando o baixista Peter Baltes - sendo a mesma da versão japonesa. 

“Restless And Wild” abriu caminho ainda para uma sequência clássica de grandes lançamentos. O disco seria sucedido pelos mega-clássicos “Balls To The Wall”, de 1983,  “Metal Heart”, de 1985, e "Russian Roulette", de 1986. Então, o Accept entraria em crise, com a saída de seu fundador Udo Dirkschneider, que seguiria carreira solo. A banda alemã entraria em colapso nos anos 1990, entrando em um hiato de quase 15 anos. A volta aconteceria em 2010, com novo vocalista, Mark Tornillo, estando na ativa até hoje. 

Quatro fatos sobre o Accept em minha vida:  

Na época do II Grau (hoje Ensino Médio), cursado no Colégio Estadual Paula Soares, eu emprestei o disco "Restless and Wild", sim, naquela época a gurizada emprestava ou trocava discos sem medo de não tê-los de volta, para um colega punk. O cara levou o disco para casa, curioso em escutar aquele som novo e diferente. No dia seguinte, ele me devolveu o disco, e contou: "quando cheguei em casa, fui para o quarto e coloquei o disco para tocar. E na primeira faixa, achei que ele estava arranhado. E na sequência, entrou aquele cara gritando...na hora a minha mãe abriu a porta do meu quarto e soltou: 'quem foi o débil mental que te emprestou este disco?'"

Caímos na gargalhada. Afinal, o cara era afeito a escutar bandas punk como Exploited, Sex PistolsDead Kennedys e Misfits. Mas a mãe dele achou absurdamente doente o som do Accept. 

Em 2013, assisti finalmente o Accept ao vivo em show no Bar Opinião, em Porto Alegre. E durante a execução de "Balls to the Wall", o guitarrista Wolf Hoffmann se curvou em direção a plateia, olhou pra mim, e disse: "For you, man", colocando uma palheta na minha mão. 

Anos depois, sem conseguir achar uma camiseta do "Restless and Wild" (eu coleciono camisas de bandas), visitei a loja Zeppelin, do Alexandre Nascimento, especialista em ítens sobre Heavy Metal, e comentei com ele. Na hora, o Tiziu pegou o telefone e ligou pra um camarada catarinense, que fez sob medida a camiseta com a capa do disco. E paguei apenas o custo de fabricação, e nada mais: R$ 50,00. 

Por fim, em 2023, pude presenciar o show do vocalista mais ícônico do Accept, quando Udo Dirkschneider se apresentou no Bar Opinião. No setlist, apenas músicas clássicas da banda que ele fundou lá na década de 1970. 

Agora, chega... bora escutar pela milionésima vez "Restless and Wild" e acordar a vizinhança.

FAIXAS:
1. "Fast as a Shark" - 3:49
2. "Restless and Wild" - 4:12
3. "Ahead of the Pack" - 3:24
4. "Shake Your Heads" - 4:17
5. "Neon Nights" - 6:01
6. "Get Ready" - 3:41
7. "Demon's Night" - 4:27
8. "Flash Rockin' Man" - 4:28
9. "Don't Go Stealing My Soul Away" - 3:15
10. "Princess of the Dawn" - 6:15
Todas as composições de autoria de Wolf Hoffmann, Stefan Kaufmann, Udo Dirkschneider, Peter Baltes






Semiramis: Dedicato a frazz (1973)

 

semiramis dedicados a frazzMAURIZIO "MACOS" MACIOCE - GUITARRISTA LÍDER DO SEMIRAMIS - nos escreve nos comentários, explicando detalhadamente sua relação com os irmãos ZARRILLO, e como o grupo terminou. 
Obrigado Maurício.

Estamos em Roma em 1970 quando quatro amigos de infância do bairro Centocelle decidem formar uma banda: seus nomes sãoMaurizio Zarrillo, os primosMemmo PulvanoeMarcello Reddaviddee o cantorMaurizio "Macos" Macioce.

Depois de dois anos,Macosdá lugar ao talentoso guitarristaMichele Zarrillo, irmão deMaurizioe vindo do grupo beat "Piccoli Lord",


Batizou-seSemiramisa partir de uma ideia deReddavide, a banda iniciou uma intensa atividade ao vivo em 1972 propondo tanto músicas escritas porMichele Zarrilloquanto covers deRolling Stones, Creedence, Sabbath, Led Zeppeline alguns Prog italiano (OrmeeFormula Treem particular).

Apesar de uma certa inexperiência e da pouca idade dos membros (nenhum deles era adulto!), o quarteto rapidamente entrou noOlimpo das melhores bandas alternativas do momentoe em Maio foram convidados para o históricoFestival Pop de Villa Pamphilionde não só impressionou favoravelmente o público e os profissionais, mas chamou a atenção daTrident Recordsde Milão que lhes ofereceu um contrato de gravação.


Infelizmente, logo antes de entrar no estúdio de gravação Pulvano relutantemente tem que abandonar seus colegas por motivos de trabalho, porém deixando espaço para dois de seus excelentes amigos: o baterista Paolo Faenza e o tecladista Giampiero Artegiani que traz consigo seu precioso Synth Eminent .

Assim nasceu " Dedicato a Frazz " (onde " Frazz " é a sigla dos sobrenomes dos músicos) , primeiro e único trabalho de Semiramis , considerado por muitos como um dos melhores álbuns progressivos italianos. Equipado com uma provocante capa gatefold desenhada pelo artista inglês Gordon Faggetter , ex-baterista de Patti Pravo e designer gráfico da RCA , o álbum contém sete peças com duração média de cinco minutos cada uma que não deixam de surpreender pela sua energia e heterogeneidade.
groove geral é 100% progressivo com algumas referências a Genesis e Oldfield, mas voltou com originalidade suficiente para diferenciá-lo de muitos grupos contemporâneos.

 

semiramis dedicados a frazzO crítico Enzo Caffarilli do Ciao 2001 também percebeu isso e disse sobre eles:
Apesar da típica dificuldade italiana em combinar letra, voz e música [...], as letras são boas, as deficiências de ritmo e fusão são quase ausentes, e no mínimo mascarado pela riqueza das cordas e teclados, amarrados e sobrepostos com muito bom gosto e domínio dos meios [...] sublinhados pelo vibrafone, pelos sinos e pela presença de outro menino, Giampiero Artegiani, que se junta ao líder no acústico violão, doze cordas ou sintetizador "

Na verdade, não é preciso muito para se deixar levar pelo som do Semiramis . Desde a primeira música “ La bottega del rigattiere ” você percebe que a gama de sons e ritmos é vasta, bem estruturada e acima de tudo, proposta com um domínio instrumental verdadeiramente impressionante, considerando a idade dos integrantes.


Os vários ambientes estão muito bem definidos e os diferentes cinzelados que funcionam como contraponto aos temas principais são sempre pontuais e nunca intrusivos. A forma de tocar guitarra de Michele Zarrillo
surpreende especialmente por sua destreza, pois ele encadeia facilmente escala após escala sem nunca ser autoral ou monótono. 
Por sua vez, as músicas passam com fluidez de passagens tumultuadas de hard prog para momentos mais íntimos (" Luna Park ", " Clown "); das piadas clássicas de " A glass menagerie " ao heavy rock de Sabbath , sem omitir referências aos New Trolls , PFM (" Atrás de uma porta de papel "), Balletto e Rovescio della Medaglia (" Frazz "). Tudo isso, porém, sem nunca perder a coerência ou a continuidade. Talvez o uso da voz deixe a desejar , ainda imatura e evidentemente em dívida com Nico di Palo e Pino Ballarini (que, não surpreendentemente, Michele substituiu numa das últimas formações do RDM ) , mas ainda consistente com o impacto geral do som. Em resumo, digamos que definir Dedicated to Frazz como uma “ obra-prima ” talvez seja excessivo, mas certamente não é um disco que não deveria ter passado despercebido como passou.semirâmide 4 

Felizmente, após a dissolução da banda em 1974 (celebrada por um último show novamente na Villa Pamphili ) devido ao não lançamento do segundo álbum, tanto Michele Zarrillo quanto Artegiani continuaram suas respectivas carreiras com grande satisfação.
Na minha opinião, mais do que merecido.




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