quarta-feira, 17 de julho de 2024

Review: Osibisa - Woyaya (1971)

 


Vamos falar a verdade aqui: quantas vezes você, meu amigo e minha amiga, comprou um disco pela capa? Inúmeras, não é? E se a capa fosse cria de um gênio como Roger Dean então a compra era garantida, acertei? O mestre criou universos inacreditáveis e deu cor e vida a discos de gigantes como Yes e Uriah Heep, só para citar alguns exemplos. É, estamos no mesmo barco ...

O ritual era colocar o disco na vitrola, sentar na poltrona e ficar apreciando os detalhes da arte enquanto a agulha passava pelas faixas. A imagem da capa ficava atrelada ao LP, era inevitável, e como o traço de Dean estava em diversos trabalhos incríveis (principalmente de rock progressivo), todo e qualquer álbum com o seu trabalho era como uma carta de recomendação para a banda.

Escrevo tudo isso para justificar esta descoberta maravilhosa que é o Osibisa. Compre pela capa, fique pela música! O que temos é uma banda formado por quatro caras talentosos que vieram da África e se juntaram com outros três músicos igualmente talentosos do Caribe (todos com suas roupas típicas e coloridas) para criar uma massa sonora digna das artes de Roger Dean

A banda era formada por:

Ala Africana
Teddy Osei (de Gana, tocando sax tenor, flautas, vocais e tambores africanos)
Sol Amarfio (de Gana também, na bateria, bongôs e demais instrumentos de percussão)
Mac Tontoh (outro ganêes, responsável pelo trompete e instrumentos exóticos como  kabasa)
Abdul Loughty Lasisi Amao (nigeriano, sax tenor, sax barítono, congas, flauta e outros instrumentos típicos de seu país)
 


Ala Centro Americana
Spartacus R (Granada, o homem do baixo e também percussão)
Wendell Richardson (Antígua, guitarrista fantástico e vocalista)
Robert Bailey (Trinidad, órgão, piano e timbales)


E o som do disco tem batidas tribais, guitarras e órgãos característicos do rock com pitadas de fusion, sopros de puro jazz e muita vitalidade. Um  som encorpado em que a improvisação corre solta e as melodias estão em todos os solos de guitarra - aliás, muito bem colocados ao longo das dançantes e hipnóticas faixas. Não se engane: Woyaya é, sim, um álbum de rock classudo, praticamente uma pérola escondida com pitadas de jazz e ritmos latinos e africanos que dão um sabor especial.

Todos eram músicos talentosos e experientes, com participações em gravações com outros artistas. A chamada “ala ganesa”, por exemplo, mandou ver nas percussões africanas da canção “Look At Yourself”, do Uriah Heep, naquele mesmo ano. O tecladista da banda britânica, Ken Hensley, declarou que Teddy, Mac e Loughty acrescentaram uma excelente percussão na parte final da música título daquele disco do Heep.


Vamos às canções então. “Beautiful Seven” começa com trovões tal qual o primeiro disco do Black Sabbath, mas o som não é de terror. O que segue é uma flauta ecoando e chamando um espírito selvagem, até que a guitarra vai entrando aos poucos trazendo um clima marcante sem atropelos, dentro do estilo único da banda - sério, é preciso escutar para entender. “Y Sharp” (composta por todo o grupo) é uma canção pra cima, com um entrosamento entre sopro e guitarras emoldurado por um baixo digno das melhores levadas funkeadas (ouro estilo que a banda aposta em certos momentos). A terceira faixa do lado A é “Spirits Up Above” e traz uma interessante combinação entre sopros e órgão, com vocais em coro pra lá de inspirados e com uma pegada meio gospel, antes de cair em uma jazz fusion latino/africano bem característico, lembrando um pouco o que Santana fazia.  Parece que a “indicação” de Roger Dean estava dando certo.

Virando o LP escutamos algumas palavras incompreensíveis, provavelmente de algum dialeto africano, que vai ganhando força com uma série de batidas sincronizadas e tribais, como um ritual de dentro da Mãe África. Este é o início de “Survival”, que muda completamente quando vão entrando os sopros de Teddy Osei, Lasisi Amao, e Mac Tontoh. O swing encorpa em definitivo com aquele clima dançante chegando em um solo de sax que entra no clima das batucadas. Uma grande canção, sem sombra de dúvida.

O disco segue com “Move On” (mais nos moldes tradicionais com pegada no rock latino e entradas de sopros bem acertadas), “Rabiatu” (oura com o pezinho fincado na África até no modo de cantar) e a espetacular “Woyaya” (mais tranquila e com aquele clima de que todos da banda estão unidos para algo grandioso, e ainda culminando em um rápido, porém eficiente, showzinho de percussão).

Este é um álbum que muitos compraram pela capa e que, assim como eu, ficaram pela música! Obrigado, Roger Dean.

O ponto alto do disco pode ser “Y Sharp”, não estou bem certo na verdade. Mas essa é, sem dúvida, a mais emblemática de todas as canções deste trabalho do Osibisa.

Por Aroldo Antonio Glomb Junior

Aroldo Antonio Glomb Junior tem 41 anos, é jornalista, Athleticano e fanático por boa música desde que completou seus 10 anos de idade. É o autor do projeto SOBRE O SOM DOS SETENTA, que reúne resenhas de diversos discos lançados durante os anos 1970, escrevendo desde clássicos da década até discos mais obscuros, independente do estilo.



Review: Marius Danielsen – Legend of Valley Doom Part 2 (2018)


Tobias Sammet não inventou a ópera-rock, isso deve ficar claro para todo mundo. A honra, provavelmente, recai sobre o The Who e a clássica Tommy (1969). Porém, o vocalista alemão pode ser apontado como o pai da metal ópera – se não foi o seu criador, inegavelmente o crédito por formatá-la e desenvolvê-la na era moderna do gênero é toda sua. Tudo que foi apresentado em The Metal Opera (2001), da estrutura narrativa à participação de vozes famosas, foi revisitado inúmeras vezes depois pelos mais variados artistas.

Marius Danielsen é um desses caras influenciados por Tobias. O guitarrista da banda norueguesa Darkest Sins bebe diretamente nos primeiros trabalhos do Avantasia em sua própria metal ópera, Legend of Valley Doom. A primeira parte foi lançada em 2015, e a sua sequência, disponibilizada em 2018 na Europa, acaba chegar no Brasil pela Hellion Records.

Legendo of Valley Doom Part 2 vem com treze músicas e conta com as participações especiais de nomes como Michael Kiske, Blaze Bayley, Tim Ripper Owens, Bruce Kullick, Tracy G, Vinnie Appice e muitos outros músicos. O esquema é o mesmo desenvolvido por Sammet no Avantasia: cada faixa traz um vocalista convidado, além de instrumentistas. A base é toda feita por Danielsen ao lado de seu irmão Pete no teclado e Stian Kristoffersen, do Pagan’s Mind, na bateria.

Há uma alternância entre composições rápidas e épicas na mais pura tradição do power metal como “Rise of the Dark Empire” – que efetivamente começa o disco após a introdução com “King Thorgan’s Hymn”, que é em sua essência um hino crescente e pomposo -, com a voz de Mark Boals, e “Visions of the Night”, com Alessio Garavello como vocalista principal. A história é contada através da presença constante de um narrador e pela entrada de faixas mais calmas e climáticas, o que transmite uma enorme carga de dramaticidade ao trabalho. É o caso, por exemplo, da bonita “Tower of Knowledge”, que traz um refrão pegajoso e um belo solo de Tom Naumann, guitarrista do Primal Fear. Os coros, é claro, também são um recurso usado com frequência, enfatizando a grandiosidade e o clima épico das composições, principalmente as mais rápidas.

O início de “Crystal Mountains” me levou de volta a Something Wicked This Way Comes, sensacional álbum lançado pelo Iced Earth em 1998, para logo depois desembocar em uma canção que inicia com um andamento mais cadenciado e evolui para um trecho central que mais uma vez evidencia a ascendência power metal do projeto.

Talvez um dos principais atrativos de Legend of Valley Doom Part 2 seja a participação de Blaze Bayley. O ex-vocalista do Iron Maiden é a voz de “By the Dragon’s Breath”, e surpreende de maneira bastante positiva. Após atravessar um inferno astral com a perda da esposa, que acabou se refletindo em discos bem medianos, Blaze retomou a qualidade de sua carreira solo nos últimos anos, e isso é perceptível também aqui. Os gritos iniciais de “By the Dragon’s Breath” chegam a lembrar até mesmo o registro vocal de Dio, por mais que isso soe compreensivelmente exagerado. A música é uma das melhores do álbum e conta com um solo de Jens Ludwig, do Edguy.

Outro ponto alto é “Angel of Light”, que tem Michael Kiske como protagonista e traz o vocalista trilhando o seu habitat natural – ou seja, o metal melódico na linha dos clássicos Keeper of the Seven Keys. “Temple of the Ancient God”, com o ex-Vision Divine e atual tecladista do Whitesnaje, Michele Luppi, na voz, e Bruce Kullick (Kiss e Grand Funk Railroad) no solo, é outra que merece atenção. E é um tanto curioso ouvir um cara como Kullick, cujo DNA sonoro historicamente sempre explorou a esfera do hard rock e até do blues, adequando o seu estilo a um disco como esse e dando, porque não, a sua própria interpretação do power metal.

Um ponto curioso é a participação da guitarrista Jennifer Batten na música “Under the Silver Moon”. Ela tocou por dez anos com Michael Jackson, entre 1987 e 1997, e também fez parte da banda de Jeff Beck.

De modo geral, no entanto, Legend of Valley Doom Part 2 é um álbum um tanto inconstante, que traz boas canções mas que sofre pela alternância de ritmo. Quando a coisa vai embalar, a entrada de composições mais lentas funciona como um banho de água fria na maioria das vezes. Essa escolha em priorizar o lado dramático da obra acabou prejudicando o resultado final, e o exemplo mais emblemático disso é a participação de Tim Ripper Owens em “We Stand Together”, canção que fecha o disco. Lenta e com uma melodia meio brega, tem cara de introdução e dá todas as dicas de que irá explodir em um andamento mais rápido a qualquer momento, mas isso não acontece, e ao seu final fica a sensação de que a presença de Owens foi mal aproveitada.

Se você curte metal ópera eis aqui um disco que pode chamar a sua atenção, ainda que o resultado final, principalmente pelos nomes envolvidos, tivesse potencial para render mais do que rendeu.

 



Review: Night Beats – Myth of a Man (2019)

 


O Night Beats vem de Seattle. Mas esqueça tudo que você associa à cidade que foi berço do grunge. A banda foi formada em 2009 e sempre apostou em uma sonoridade com clima de garagem e contornos psicodélicos. Até chegar a este quarto disco, lançado em janeiro. Aqui, a coisa muda um pouco de figura.

Myth of a Man é o sucessor de Who Sold My Generation (2016) e traz a mente criativa responsável pelo grupo, o vocalista e guitarrista Danny Rajan Billingsley (também conhecido como Lee Blackwell) apostando em uma sonoridade um tanto diferente dos trabalhos anteriores. Há uma presença maior de ingredientes vindos diretamente do rico vocabulário musical norte-americano, o que significa que aspectos de blues e country, principalmente, permeiam as dez músicas do disco.

A abertura, com a sombria “Her Cold Cold Heart”, agrada de imediato, sensação essa que é intensificada com a faixa seguinte, “One Thing”, que soa como se o The Byrds acabasse de ser formado. “Stand With Me” foi feita para pegar a estrada, uma trilha para rodar sem destino em busca do sol. Já “(Am I Just) Wasting My Time” coloca a meiguice em primeiro plano e não disfarça a influência de grandes tradutores das questões do coração, como o falecido Roy Orbison e até mesmo lado mais sentimental de Buddy Holly.

Além dos nomes já citados, o disco deixa bem claro o quanto Blackwell estava ouvindo lendas como Bob Dylan, The Band e afins durante o processo de composição, traduzindo essas influências para uma nova geração de ouvintes e encaixando-as dentro do seu próprio universo musical.

Myth of a Man está longe de ser um disco que irá cativar a todos e possui um tracklist um tanto irregular, porém, quando acerta a mão, entrega momentos de brilhantismo como a doçura melódica de “Too Young to Pray”, a nostalgia inocente de “Let Me Guess” e o groove despreocupado de “Eyes on Me”, isso sem falar na linda “I Wonder”, que soa como se o Beach Boys de Brian Wilson fosse uma banda folk com grande simpatia pelo country.

Vale a pena ouvir.



Danny Thompson, part 4: 1972-1978

Após divergir do passeio cronológico da carreira de Danny Thompson para discutir seu trabalho com John Martyn no artigo anterior desta série , retornamos ao início dos anos 1970 e nos encontramos no ano de 1972. O Pentangle não existe mais, e Danny está prestes a começar a fazer turnês e gravar com John Martyn, mas paralelamente ele encontrou tempo para gravar com uma gama diversificada de artistas. Vamos rever alguns dos destaques dessa lista.

Danny Thompson

Começamos com um álbum com músicas que discutimos no segundo artigo. Em 1972, após lançar o excelente álbum Earth Song / Ocean Song, a dupla casada Mary Hopkin e Tony Visconti preparou uma apresentação única de músicas dos primeiros álbuns de Hopkin. O evento aconteceu no The Royal Festival Hall em Londres e incluiu um quarteto de cordas arranjado e conduzido por Visconti, Brian Willoughby na guitarra e, claro, Danny Thompson.

Mary Hopkin – Ao vivo no Royal Festival Hall 1972

Infelizmente, esta foi uma das últimas performances de Hopkin na década de 1970, e a gravação teve que esperar por mais de trinta anos antes de ser lançada em formato de CD. Aqui está Earth Song:


 A equipe Hopkin+Visconti continuou a colaborar com outros artistas, marido produzindo e esposa cantando backing vocals. Em 1972, o cantor e compositor folk americano Tom Paxton se beneficiou dessa combinação musical amorosa em seu álbum Peace Will Come. Depois de passar o início de sua carreira com a multidão folk de Greenwich Village e aparecer no Newport Folk Festival, Paxton se mudou para a Inglaterra, escrevendo músicas como The Last Thing on My Mind e Bottle of Wine no final dos anos 1960. Seus álbuns do início dos anos 1970 mal fizeram um estrago nas paradas, mas eles hospedam um bom conjunto de músicas e apresentam excelentes músicos.

A música You Should Have Seen Me Throw That Ball, do Peace Will Come, é um bom exemplo. Nela encontramos o baterista Dave Mattacks e Brian Gascoigne no Vibraphone. Muitos anos depois, Gascoigne e Danny Thompson colaborariam no maravilhoso álbum Secrets of The Beehive, de David Sylvian, mas você terá que esperar por um futuro artigo desta série para ler tudo sobre isso.


Conforme a década de 1970 progrediu, as amplas conexões de Danny Thompson na indústria musical o levaram a mais sessões de gravação. Uma dessas conexões foi o empresário do Pentangle, Jo Lustig. Depois que a banda acabou, Lustig manteve Danny Thompson ocupado trabalhando com outros artistas em sua lista. Um deles foi Julie Felix, a cantora folk nascida nos Estados Unidos que se mudou para o Reino Unido em 1964. Ela gravou um fluxo constante de álbuns até 1969 e então começou a trabalhar com o produtor Mickie Most, de olho nas paradas de singles. Um single foi sua versão de If I Could (El Condor Pasa). Para seu próximo álbum solo, ela voltou a escrever canções originais, resultando no álbum de 1972 Clotho's Web.

Aqui está um bom exemplo do nosso baixista favorito tocando neste álbum. Julie Felix escreve nas notas da capa: “Em Lean Years, é Danny Thompson no baixo, você pode ouvir seu arco forte, ereto e orgulhoso.”


Como de costume, a lista de créditos de Danny Thompson para o período coberto aqui é muito longa para ser apresentada em um único artigo, então pularemos algumas gravações de 1972 em álbuns de Jeremy Taylor, Harvey Andrews e Sarstedt Brothers. Em vez disso, focaremos em alguns álbuns únicos, ambos favoritos meus daquele ano.

O primeiro é BJ Cole, que naquele ano lançou seu primeiro álbum solo The New Hovering Dog. Depois de lançar três álbuns com a banda Cochise, ele decidiu ir para uma música menos óbvia, como ele escreveu nas notas do encarte: “Eu rompi com esse formato para criar um álbum mais experimental que combina letras poéticas com orquestrações e eletrônica. Nesta ocasião única, eu forneci a maioria dos vocais, habilmente apoiado pelo 'New Hovering Dog Bark choir'. O álbum apresenta um elenco forte dos melhores músicos da época, incluindo Danny Thompson, Mike Giles (King Crimson), Francis Monkman (Curved Air), Robert Kirby (Nick Drake), Bill LeSage e Graham Preskett.”

Um ano antes, Cole tocou steel guitar no Tiny Dancer de Elton John e continuou uma carreira fabulosa de participações especiais em álbuns de Uriah Heep, Scott Walker, Humble Pie, T. Rex, Procol Harum, Joan Armatrading, Roy Harper e muitos outros. Danny Thompson colaborará com ele novamente em seu segundo álbum em 1989, após um longo intervalo de 17 anos.

Aqui está The Regal Progression, a fantástica faixa de abertura do álbum, incluindo Danny Thompson e uma ótima orquestração de Robert Kirby:


E já que estamos no lado experimental, que tal uma estranha música folk cortesia da COB (Clive's Original Band), que em 1972 lançou o álbum curiosamente chamado de "Moyshe McStiff And The Tartan Lancers Of The Sacred Heart"? Esta foi mais uma banda administrada por Jo Lustig e às vezes eles abriram para o Pentangle. Liderado pelo fundador da The Incredible String Band, Clive Palmer, que deixou a banda após sua estreia em 1966, este álbum aqui continua com o mesmo espírito. Palmer se conectou com John Bidwell e Mick Bennett para formar este trio e os três se mudaram para uma caravana abandonada no interior. Ralph McTell, também administrado por Jo Lustig, produziu o álbum. Ele lembra: "Eles sobreviveram por meses com batatas e biscoitos digestivos. Havia um estábulo por perto com água corrente. Mas havia música por toda parte, e isso era tudo o que eles realmente queriam."

Trazer essa banda solta para o estúdio provou ser uma experiência difícil: “Eles eram indisciplinados, totalmente desconhecedores de técnicas de gravação. Eles nunca gravavam barras ou algo assim.” Danny Thompson relembra a experiência muitos anos depois: “Ralph McTell me perguntou 'Você se lembra de ter vindo ao estúdio?' Eu disse 'Não'. Ele disse 'Você veio para o estúdio e quando passou por mim você disse 'Você é louco!' Foi completamente insano, a coisa toda. Totalmente sem direção. O título do álbum é fantástico. “

Moyshe McStiff e os lanceiros de tartan do sagrado coração

Danny continua: “O álbum se tornou uma peça de colecionador inacreditável. Alguém veio à minha casa, ele é um colecionador, e disse: 'Você se importa se eu der uma olhada no seu vinil?' Eu disse: 'Claro, ele está parado ali sem fazer nada.' Ele disse: 'COB! Isso vale 350 libras. Eu te dou 350 por ele. Posso vender por 500.' Eu disse: 'Sim? Se você não tivesse dito isso, eu teria dado a você.”

Quando Ralph McTell conversou com Danny Thompson sobre o álbum, ele escolheu o título de abertura como favorito: Sheba's Return – Lion of Judah:


A versatilidade de Danny Thompson também o levou a sessões de gravação para aspirantes a cantores pop em 1973. Muitas dessas sessões estão enterradas bem fundo no fundo de sua memória, e ele não se lembra de quase nada sobre elas. Como ele disse: "Não consigo me lembrar da sessão. Entre, faça as coisas, vá embora." Ainda assim, vale a pena ouvir algumas dessas músicas que carregam seu som e estilo de tocar únicos.

Quatro anos antes de emplacar o hit Rock Bottom no Eurovision Song Contest em um dueto com Mike Moran, Lynsey De Paul lançou seu álbum de estreia Surprise. Escrevendo todas as músicas para o álbum e produzindo-o, De Paul também conseguiu alguns músicos excelentes para tocar naquele álbum, incluindo o baterista Barry De Souza, o guitarrista Gary Boyle e o tecladista Francis Monkman. Embora não seja o tipo de álbum geralmente abordado neste blog, aqui está uma ótima música bem diferente do habitual, com ótima execução de Danny Thompson e um arranjo de cordas de Robert Kirby:


Outra cantora que tentou uma carreira popular naquela época foi Linda Lewis. Alguns anos antes de ir para a discoteca com sua versão de “Shoop Shoop Song (It's in His Kiss)”, ela gravou o álbum Fathoms Deep. Sua voz aguda única a fez participar de vários álbuns de alto nível, como Aladdin Sane, de David Bowie, e Catch Bull at Four, de Cat Stevens. Apoiada por uma grande gravadora, Lewis e o coprodutor Jim Cregan não tiveram problemas em contratar os melhores músicos de estúdio. No álbum, você encontrará o tecladista Max Middleton, o baixista Phil Chen e, claro, o onipresente Danny Thompson.

Jim Cregan escreve: “Ele é um ótimo sujeito e baixista. Se você quisesse um contrabaixista, Danny era o cara para usar. Estávamos em uma boa posição porque não havia orçamento para nos preocuparmos. Nunca tivemos que pensar, bem, podemos pagar o melhor cara da cidade?”

Aqui está Red Light Ladies daquele álbum:


Voltamos à música folk do tipo mais progressivo e aos álbuns de artistas que Danny Thompson conhecia bem. O primeiro é o colega do Pentangle Bert Jansch e seu álbum de 1973 Moonshine. Ao contrário dos dois álbuns anteriores nesta análise, este é muito mais vívido na memória de Danny Thompson: “Este álbum significou muito para mim. Eles ignoraram o fato de que eu produzi o álbum. Houve um problema financeiro, eu deveria ser pago pela produção. Recentemente, eles disseram 'Prove que você foi o produtor'. Eu disse 'Quem mais poderia montar essa formação? Quem poderia fazer o baterista de Charlie Mingus tocar com Mary Hopkin, Ralph McTell e Aly Bain?' Pedi a Tony Visconti para fazer os arranjos. Trabalhei muito duro naquele álbum.”

O álbum foi gravado durante os últimos dias do Pentangle com o engenheiro John Wood. É um maravilhoso conjunto de músicas criado com os grandes músicos mencionados acima, além dos bateristas Dave Mattacks e Laurie Allen.

Bert Jansch – Luar

Na música The January Man Danny teve uma ideia para uma instrumentação única: "Eu disse que não seria ótimo ter harpa nessa música? Como eu estava fazendo muitas gravações e sessões, eu conhecia Skalia Kanga. Naquela época, você pegava uma música, você descobria exatamente como fazê-la." Skalia Kanga, uma harpista com formação clássica que tocava com a BBC Concert Orchestra, também era uma popular musicista de sessão cuja execução agraciou os álbuns Tumbleweed Connection de Elton John, Faces de Shawn Phillips e álbuns de Caravan, Roy Harper e Rick Wakeman.

Danny continua: “Achei que seria ótimo ter o baterista Dannie Richmond tocando com todos esses folkies. Pedi para ele trabalhar um dia inteiro, sem conhecer essas pessoas. Estávamos tocando essa música em 5, Mary começa a cantar. Dannie abaixa as baquetas e diz 'Ei D., eu sabia que você ia jogar alguma merda em mim!' Ele pensou que música folk era cantar sobre o País de Gales ou algo assim.”

Aqui vai, o cover de Bert Jansch de “The First Time Ever I Saw Your Face” de Ewan McColl:


Outro artista com quem Danny Thompson trabalhou frequentemente é Donovan, que em 1973 lançou um ótimo álbum, embora não tenha tido muito sucesso comercial. Depois de lançar o Cosmic Wheels, influenciado pelo glam, produzido por Mickie Most, e cantar no Billion Dollar Babies de Alice Cooper no início daquele ano, Donovan retornou à música acústica com o álbum Essence to Essence. O álbum é cheio de letras espirituais, acompanhadas por uma capa frontal que mostra Donovan ajoelhado em posição de meditação com roupas brancas.

Donovan – Essência para Essência

Aqui está uma ótima música desse álbum, There Is an Ocean, com Danny Thompson tocando baixo.

Muitos anos depois, a música foi escolhida para a trilha sonora do filme de ação e suspense Filhos da Esperança, junto com outras grandes peças musicais, incluindo The Court of the Crimson King, do King Crimson, e Hush, do Deep Purple.


Ainda em 1973 e outro álbum favorito vindo de uma tradição folk britânica, embora se inclinando para o lado progressivo como era popular no início dos anos 1970. Em 1969, Danny Thompson tocou no álbum de estreia autointitulado do Magna Carta e novamente em 1971 em seu álbum Songs from Wasties. Em 1973, o trio lançou seu ambicioso álbum Lord of the Ages.

Carta Magna – Senhor das Eras

A maior conquista do álbum é a faixa-título, um épico prog-folk, meio acústico e atmosférico, meio rock. O guitarrista e compositor Chris Simpson falou sobre essa faixa: “'Lord of the Ages' foi originalmente um poema escrito para Glen Stuart recitar no final de um álbum. Eu o demo na casa de um amigo que na época morava ao lado de John Lennon. Eu o levei para recitar as palavras e, enquanto ele o fazia, a melodia veio até mim. Eu a fiz em meia hora. Não sei de onde veio, tudo o que sei é que me foi dada.”

O baixo de Danny Thompson e um excelente arranjo orquestral de Tony Cox fazem maravilhas aqui:


Um dos colaboradores musicais mais frequentes de Danny Thompson foi Ralph McTell, os dois bons amigos restantes até hoje. Em 1974, McTell lançou o álbum Easy, coproduzido por ele mesmo, Tony Visconti e… Danny Thompson. McTell: “Eu sempre tento trabalhar com pessoas como Tony Visconti e Danny Thompson porque os conheço como amigos e também como profissionais.”

Danny Thompson falou sobre sua amizade com Ralph McTell: “Compositor fantástico. Tudo o que fiz foi servir as músicas da melhor forma que pude. Ele veio para o Horseshoe em 1968. Foi quando o conheci e somos amigos desde então. Ele é um cara genuíno. Não há lados para Ralph. O que você vê é o que você tem.”

Ralph McTell – Fácil

Na faixa Stuff No More, encontramos Danny Thompson adicionando mais instrumentos ao seu arsenal. McTell: “Apresenta o incrível Sr. Thompson no Hi Hat e no Bass Drum… na verdade, você pode ouvi-lo reclamando sobre o trabalho extra na introdução.”

Este foi o ano em que McTell lançou sua canção mais conhecida, Streets of London, como single e ganhou o Prêmio Ivor Novello de Melhor Canção em 1974.

Uma música favorita neste álbum é uma dedicada a Maddy Prior, maravilhosa vocalista do Steeleye Span. Danny: “Todos nós conhecíamos Maddy e as outras bandas. Ela costumava fazer aquelas danças maravilhosas no palco.” Aqui está uma apresentação em dupla de “When Maddy Dances” no BBC Old Grey Whistle Test em 1974:


A proximidade entre Danny Thompson e Ralph McTell levou a músicas que significaram muito para Danny: “Ele escreveu algumas coisas que eram muito pessoais para mim também. 'Weather the storm', 'Don't go around butting doors or punching walls'. Esse era o tipo de pessoa que eu era. Minha esposa, eu costumava chamar de meu pequeno mistério. Ele escreveu a música 'Sweet Mystery'.”

E já que estamos falando de algo pessoal, isso nos leva ao próximo álbum, também lançado em 1974. Estamos chegando a mais uma realeza do folk britânico e uma verdadeira lenda que de alguma forma escapou da rica discografia de Danny Thompson até aquele ponto. Estamos falando, é claro, de Sandy Denny e seu álbum Like an Old Fashioned Waltz. Danny explicou o motivo dessa ilusão: “Éramos muito próximos. Não é um fato bem conhecido, mas ficamos juntos por cerca de 18 meses. As pessoas escreveram livros e me telefonaram e disseram 'Quero falar com você sobre seu relacionamento...' Eu disse 'Não, não', então nunca discuti isso. Se eu fosse uma pessoa que tiraria vantagem desse relacionamento, teria feito muito mais gravações com ela, mas queria proteger isso. Uma amizade e um relacionamento são mais importantes do que negócios. Que seu lugar de descanso seja para sempre perfumado com amor, luz, música e risos.”

Sandy Denny – Como uma valsa à moda antiga

Foi o amor mútuo por antigas canções de jazz que finalmente os uniu a um estúdio de gravação. Denny escreveu nas notas da capa do álbum: “Gosto de canções românticas. Sou um romântico de coração... Estes são momentos em que um toque de romantismo pode ser exatamente o que precisamos.” Algumas canções da coleção de discos de seu pai chegaram ao álbum: 'Whispering Grass' e 'Until the Real Thing Comes Along'. Danny Thompson toca em ambas: “Ela costumava vir em turnê comigo e ir aos meus shows de jazz e eu ia aos shows dela. Ela disse que deveríamos gravar juntos e eu não achei que fosse uma boa ideia. Fiz um show com Humphrey Lyttelton, que era um trompetista de jazz muito conhecido. Ela disse que queria fazer algumas faixas com esses músicos de jazz.”

Aqui está Whispering Grass, com um belo arranjo de metais de Bob Leaper, junto com Diz Disley no violão, Ian Armit no piano e, claro, Dave Mattacks na bateria:


Ainda não terminamos com Maddy Prior, pois em 1976 ela lançou o álbum Silly Sisters com June Tabor. Enquanto para Prior isso veio logo após seu enorme sucesso com Steeleye Span e seu hit de 1975 All Around My Hat, para Tabor foi sua primeira experiência profissional em um estúdio de gravação e seu álbum inovador. Consistindo quase exclusivamente de canções tradicionais, este é um lindo álbum cheio de excelentes harmonias que você pode esperar dessas duas moças do folk britânico.

Aqui está um bom exemplo, a triste balada Lass of Loch Royal, o conto de uma mulher grávida rejeitada pela mãe de seu amante. Além de Danny Thompson, que também participou de uma turnê que seguiu o álbum, podemos encontrar Nic Jones na guitarra e Gabriel McKeon no Uilleann Pipes:


Vamos pular algumas gravações com Steve Swindells e Steve Ashley em 1974 e chegar a algo completamente diferente, na forma do álbum Zinc Alloy and the Hidden Riders of Tomorrow do T.Rex. Danny Thompson foi convidado no álbum de estreia do T. Rex em 1968, "My People Were Fair and Had Sky in Their Hair… But Now They're Content to Wear Stars on Their Brows" e, a pedido do produtor Tony Visconti, veio fazer overdubs de partes de baixo acústico. Embora para o produtor essa não tenha sido uma experiência gratificante devido ao comportamento errático induzido por drogas da estrela do glam, Danny tem uma história engraçada para contar sobre sua sessão:

“Tony Visconti me ligou, 'Você pode vir e substituir o baixo elétrico em um dos álbuns do Marc? Eu adoraria ouvir você e Victoria.' Fui ao estúdio, coloquei os fones de ouvido e disse 'Não diga nada até que eu tenha ouvido e esteja pronto para gravar.' Comecei a ouvir a faixa e olhei para a sala de controle e vi muita discussão acalorada acontecendo. Eu disse 'Ei, o que está acontecendo?' Tony disse, meio baixinho 'Danny, acho que você deveria entrar.' Eu estava pensando 'Oh, não.' Eu entro lá e Tony olha para o engenheiro e diz 'Diga ao Danny.' O engenheiro, com um cabelo longo que ele ficava sacudindo, se vira e diz 'Eu simplesmente não consigo um bom som de baixo, o baixo soa terrível.' Eu disse 'Eh? Esse é o baixo. Não tem botões nele, nada.' Ele disse 'Bem, eu tentei de tudo, eu fiz isso e eu fiz aquilo e soa terrível.' Eles estão todos olhando para mim.”

Disclaimer: esta foto não tem nada a ver com a sessão discutida aqui. Ela foi tirada alguns anos antes.

LR: Mickey Finn, Tony Visconti, Marc Bolan, engenheiro Freddy Hansson, gravando T Rex no Rosenberg Studios, 1972

Mas nosso baixista favorito estava com sorte, e sua vasta experiência em gravação naquele momento rendeu dividendos. Ele continua a história: “O interessante é que os alto-falantes JBL e a Warner Bros. lançaram um álbum com instrumentos – trompete, trombone, guitarra, bateria – que mostra como um instrumento deve soar. O engenheiro diz 'O baixo aqui é inacreditável, fantástico. Para mim, é assim que um baixo deve ser.' Então Tony disse 'Se você tem o álbum, lance-o e tentaremos igualá-lo de alguma forma.' Eu estou pensando 'Se for Ray Brown ou quem quer que seja, não tem nada a ver comigo.' Estou em uma posição terrível. Então o cara encontra este disco e o coloca para tocar. Doom doo doom doo doo doo doo doom, e ele diz 'Viu?' e todo mundo diz 'Uau!' e eu disse 'Esse é um ótimo som de baixo e não é Los Angeles, é um sul-londrino – EU – tocando AQUELE baixo.' Era o solo de baixo de Pentangling. Se eu tivesse que fazer um acordo com Deus, um dia eu precisaria de você.”

Danny nunca conseguiu descobrir quem era o engenheiro. Procurei nos recursos usuais e não consegui encontrar um crédito. Talvez seja melhor assim.

Mais alguns álbuns do sabor folk antes de irmos mais uma vez para algo completamente diferente. Estamos em 1977 e a carreira de Danny Thompson na gravação é agora muito mais esparsa. Ele se concentra em apresentações ao vivo e, durante o período que estamos discutindo aqui, faz muitos shows ao vivo com músicos de jazz britânicos e americanos visitantes, infelizmente não gravados.

Depois de lançar alguns álbuns muito bons no início dos anos 1970, Dando Shaft entrou em hiato devido à falta de sucesso comercial e retornou em 1977 com o álbum Kingdom. Não lembrado hoje como uma das principais gravações do grupo, levou Danny Thompson, que tocou no álbum, a conhecer o tocador de mandocello, violino e flautista Martin Jenkins. Ambos seriam partes críticas do próximo álbum de Bert Jansch, Avocet. O álbum foi gravado em 1978 e lançado um ano depois, um ótimo álbum para Jansch fechar a década. Ele apresenta arranjos maravilhosos e a interação entre os três músicos é fantástica.

Bert Jansch – Alfaiate

O trio tocou ao vivo antes de gravar o álbum, e em uma ocasião o jornalista musical Karl Dallas relatou a experiência de vê-los ao vivo no Queen Elizabeth Hall em 1977: “Foi um pouco como um retorno aos dias em que costumávamos sentar no Horseshoe, maravilhados e perplexos com a mágica sendo feita pelos cinco indivíduos que se fundiram e se tornaram Pentangle, e vimos a história sendo feita. Exceto que não havia nenhum senso de déjà-vu: isso era obviamente 1977, e a música que estava sendo feita era tão diferente da música do Pentangle quanto a música deles era de tudo o que aconteceu antes.”

Danny Thompson coproduziu o álbum, embora seu envolvimento nesse nível tenha sido ignorado por um tempo. Ele diz: “Eu sou um observador de pássaros. Bert nunca tinha ouvido falar de um avocet. Ele não saberia o que é um avocet, ele provavelmente pensaria que é um míssil. Eu tive a ideia para o álbum, todos os títulos a ver com pássaros. Isso daria alguma identidade. Essa foi a única maneira de convencer os empresários de que eu tinha algum envolvimento. Quem mais era um observador de pássaros naquela gravação?”

Sessão de estúdio de gravação de Avocet

O álbum foi gravado em Copenhagen, Dinamarca. Danny lembra: “Eu estava hospedado em um bordel, foi muito constrangedor. Entrar pela porta com todos esses velhos sujos para subir para o meu quarto.”

De certa forma, este álbum simboliza para mim o fim do grande renascimento folk das Ilhas Britânicas no final dos anos 1960 e início dos anos 1970. O gênero perdeu força alguns anos antes, mas este álbum e a importância das pessoas que o fizeram, definitivamente marcam o fim de uma era.

Aqui está uma melodia interessante do álbum, uma melodia em compasso 5/8:


Conforme prometido, agora nos voltamos para algo completamente diferente. A paixão musical menos divulgada de Danny Thompson sempre foi jazz e blues. Em sua carreira, ele tocou com nomes como Freddie Hubbard, Red Rodney e Art Farmer, bem como Little Walter, Josh White, Joe Williams, Sonny Terry & Brownie McGhee e John Lee Hooker. Ainda menos conhecido é seu desempenho com músicos de free jazz. Aqui está um exemplo, uma filmagem rara de um show em Glasgow com o saxofonista John Tchicai e o baterista John Stevens de 1976. Tchicai tinha um histórico impressionante de tocar com nomes como John Coltrane, Archie Shepp e Albert Ayler na década de 1960.


Isso nos leva à última peça musical deste artigo, e a última evidência registrada que encontrei de Danny Thompson na década de 1970. Começa com uma história de Danny: “Eu costumava fazer uma coisa de apoio de introdução com John Martyn. Houve um grande concerto no Rainbow. John disse 'Você pode fazer 45 minutos solo?' Eu disse 'Sim, ok, conte algumas piadas, algumas histórias, toque um pouco.' Chris Blackwell estava lá e gravou ao vivo.”

O evento ao qual Danny se refere ocorreu no Rainbow Theatre, Londres, no domingo, 16 de março de 1975. Este foi o último show antes de fechar o local por vários meses para uma série de trabalhos de renovação e manutenção. A noite contou com nomes como Richard e Linda Thompson tocando Hokey Pokey, Procol Harum tocando Grand Hotel, a maravilhosa música de Canterbury de Hatfield And The North. Foi gravado e lançado como 'Over the Rainbow: The Last Concert' em abril de 1975 pela Chrysalis Records. Nele, John Martyn toca a música You Can Discover com Danny Thompson e John Stevens.

O que você não encontrará naquele álbum é o trecho que Danny tocou antes que essa estimada multidão subisse ao palco. Antes da apresentação no Rainbow, Danny tentou interessar Chris Blackwell em um álbum solo de estúdio, mas não conseguiu. Danny continua a história: “A Island Records gravou o show, mas eles basicamente queriam gravar John Martyn. Eles também gravaram meu spot. Então, depois do show, Chris Blackwell foi aos bastidores e disse: 'É isso! Inacreditável. Estou com minha mãe e ela achou você incrível. Esse é o álbum! Precisamos de um lado B.'”

E isso nos leva à parte final da música: “Eu disse 'deixe-me entrar em um estúdio e gravar alguma coisa'. Eu chamei Allan Holdsworth e John Stevens. Nós entramos lá e gravamos essas coisas. Totalmente de graça. Nós estávamos fazendo alguns shows assim, como um trio. Então eu recebi uma mensagem da Island dizendo que eles estragaram a gravação ao vivo. Eles desistiram da coisa toda. Eles disseram 'O adiantamento que demos a vocês, fiquem com ele, não se preocupem com isso'. Quando eles ouviram as coisas que eu fiz com Allan Holdsworth e John Stevens, eles disseram 'Não é isso que queríamos que vocês fizessem'.

Danny Thompson, Allan Holdsworth, John Stevens – Propensão

Não é de se espantar. Anos depois, a fita daquela gravação, que ocorreu em 4 e 5 de setembro de 1978, foi encontrada. Danny: “Eu a enviei para um estúdio para mixar e nada aconteceu. Liguei para eles e perguntei 'O que está acontecendo com essa fita?' e eles disseram 'Ainda não conseguimos encontrá-la, tudo o que temos é a passagem de som.' Eu disse 'ESSE é o show.' Eles não estavam acostumados a ouvir essas coisas.”

O álbum foi finalmente lançado em 2009 sob o nome Propensity. Ele inclui duas faixas, ambas apresentando excelente musicalidade de um trio de artistas soberbos. Aqui está uma:


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