quarta-feira, 31 de julho de 2024

DE Under Review Copy (CARLOS BICA)

 

CARLOS BICA

Carlos Bica é um contrabaixista e compositor português que trabalha com alguns dos melhores músicos do mundo. A sua zona de maior conforto chama-se Trio Azul, projecto onde junta os seus esforços aos de Jim Black e Frank Möbus, mas também já editou a solo através da extinta editora nortenha, Bor Land. Vivendo com um pé em Berlim e outro em Lisboa, Bica recebeu um convite para gravar nos estúdios da rádio de Berlim (RBB) e fê-lo de forma motivada, tendo esse labor resultado no longa duração "Single", um disco de contrabaixo a solo editado pela desaparecida editora. Por outro lado, os trabalhos do Trio Azul foram maioritariamente lançados pela editora alemã Enja que beneficia de distribuição mundial. "Single" afasta-se dos trabalhos anteriores e dos padrões jazz mais comuns; arrisca aproximações à pop, à música clássica, à música antiga, à música contemporânea, facto que Bica descreveu claramente como "sendo já um bocado a minha característica: abordar vários tipos de música e tentar que tenha a minha assinatura, que a minha personalidade esteja presente, independentemente de ser uma composição minha ou um tema popular ou uma canção medieval - são coisas que me tocam e que não estão ligadas ao compositor, à época ou ao estilo. No jazz não é propriamente o facto de ser jazz que me agrada em especial, normalmente aquilo de que gosto no jazz é o músico – gosto deste músico que tem um rótulo de jazz, mas gosto de músicos e compositores de áreas completamente diferentes. Eu tenho uma expressão para definir isso que é: “deixar a porta aberta”. E quando as coisas me tocam, passam de certa maneira a ser minhas; assimilo estas coisas que me tocam. E depois trata-se de dar um formato a essas canções/composições de maneira a não se sentir que de faixa para faixa se está a mudar de estilo – é a função do músico conseguir uniformizar os vários universos. Por outro lado tenho formação de música clássica, pop e rock foi com o que cresci, o jazz e a improvisação conheci mais tarde e eu vejo-me num universo onde todas estas linguagens coexistem". A música de Carlos Bica sugere inúmeras imagens abstractas e estados de espírito. Bica foi também o autor de uma versão de “Paris, Texas”, para uma compilação lançada no "Dia Mundial da Música" mas o amor pelas covers não é indissociável do músico: na sua discografia com o Trio Azul podemos encontrar "Look What They've Done To My Song", uma canção de Melanie ou "Canção de Embalar" de José Afonso. No caso concreto do "Paris, Texas" o convite foi feito uns dias antes da gravação. O músico já tinha visto o filme de Wim Wenders há muito tempo, mas após voltar a ouvir a versão original achou "É fácil. Mas depois optei por fazer vários overdubs (vários contrabaixos, com pizzicato, com arco) e aquilo tomou um outro carácter, acho que ficou um bocadinho “Paris, Xangai”. Bica fez também parte do projecto Contra3aixos, composto por Carlos Bica, Carlos Barreto e Zé Eduardo e do grupo Diz, na parceria da cantora Ana Brandão.

DISCOGRAFIA

 
AZUL [CD, Polygram, 1996]

TWIST [c/Azul] [CD, Enja Records, 1998]
DIZ [c/Ana Brandão] [CD, Enja Records, 2001]

 
LOOK WHAT THEY'VE DONE TO MY SONG [c/Azul] [CD, Enja Records, 2002]

 
SINGLE [CD, Bor Land, 2005]

 
BELIEVER [c/Azul] [CD, Enja Records, 2006]

A CHAMA DO SOL [c/Kalima + Klammer] [CD, Nabel, 2006]
SPLIT [c/Matéria-Prima] [CD, Clean Feed, 2010]
THINGS ABOUT [c/Azul] [CD, Clean Feed, 2011]

COMPILAÇÕES

 
EXPLORATORY MUSIC FROM PORTUGAL 02 [CD, Calouste Gulbenkian, 2002]

 
MOVIMENTOS PERPÉTUOS [2xCD, Universal, 2003]

 
UMA OUTRA HISTÓRIA [CD, FNAC, 2005]

 
PRESS PROMO 2005 [CDR, Bor Land, 2005]

 
CAN TAKE YOU ANYWHERE YOU WANT [2xCD, Bor Land, 2005]

 
ATLANTIC WAVES 2006 [CD, Calouste Gulbenkian, 2006]

 
BAIRRO ALTO HOTEL [CD, Universal, 2008]



DE Under Review Copy (CARBON H)

 

CARBON H

Inovador agrupamento constituído em Rio de Mouro, Sintra, em Dezembro de 1997, a partir das cinzas dos Lunar Caustic. Lutadores por natureza, constituiram um modelo de persistência, tendo erguido a sua breve carreira a pulso, contra a indiferença da indústria musical. O seu Rock/Metal Alternativo portentoso, agressivo e elaborado evidenciava bem a qualidade das composições e dos músicos envolvidos – Eunice (voz, ex-Lunar Caustic, actualmente emigrada no Chile), João (guitarra, ex-Corrosão Caótica, ex-Lunar Caustic, actualmente nos Gazua), Rato, (baixo) e Pedro (bateria). Após a estreia com o CDR "Oxidize", o quarteto dá um passo em frente na sua carreira, autofinanciando a edição do MCD "Blueprint". Com este trabalho os Carbon H revelar-se-iam uma das mais promissoras bandas da cena nacional, reunindo o apoio massivo dos fãs e da crítica especializada. Do consenso gerado em torno do CD resultou a nomeação para Melhor Banda Nacional de Garagem nos "Prémios Inside 99" do jornal "Inside" e o terceiro lugar obtido no concurso "Prémios Maqueta 99" da editora "Deixe de Ser Duro de Ouvido". Praticavam nessa altura um rock com influências das décadas de 70, 80 e 90, tendo como linha mestra no conceito geral da banda, um som com personalidade, força e atitude. Em Outubro de 1999 editam o seu primeiro registo oficial, um EP de quatro faixas de nome "Blueprint", tendo-se tratado de uma edição de autor gravada no Êxito Estúdio em Lisboa. É nesse período que a banda percorre o país em concertos diversos e eventos festivos. Desde o Palco 6 ao Hard Club, desde o Paradise Garage ao IPJ de Faro, Queimas das Fitas, etc, os Carbon H criaram as suas próprias raízes de palco, bem como um público fiel. Após meses de preparação, em Novembro de 2000, editam um novo EP com 6 temas inéditos com o nome de "Six Pack". Novamente registado no Êxito Estúdio e produzido por Ronnie Champagne, este trabalho incluia uma faixa interactiva com excertos de vídeo, fotos, screensavers e demos audio. Após essa experiência gravaram o seu vídeo de estreia. Tratava-se do tema “Moral Sin”, retirado do EP “Six Pack” e rodou bastante na TV, especialmente no canal Sol Música, onde chegaram a gravar uma entrevista exclusiva. Em 2002, o brilhante percurso da banda é abruptamente interrompido na sequência de conflitos internos insolúveis. Um novo EP, totalmente concluído, ficou por editar.

DISCOGRAFIA


OXIDIZE [Tape, Edição de Autor, 1998]

 
BLUEPRINT [CD, Carbon H, 1999]

 
SIX PACK [CD, Carbon H, 2000]

COMPILAÇÕES

GOING GENIUS 04 [CDR, Plaguer Recordings, 1999]
KEEP THE NOISE [CDR, Som Sónico, 1999]

 
PROMÚSICA 48 [CD, Promúsica, 2001]

 
ROCK SOUND 07 [CD, Rock Sound, 2003]



“Memórias, Crônicas e Declarações de Amor” (Phonomotor Records/EMI, 2000), Marisa Monte

 


No ano 2000, Marisa Monte já era uma das artistas mais reconhecidas e respeitadas da música brasileira. Sua carreira havia decolado na década de 1990 com o lançamento de álbuns aclamados pela crítica e pelo público como Mais (1991), Verde, Anil, Amarelo, Cor-de-Rosa e Carvão (1994) e Barulhinho Bom (1996), que mostravam sua versatilidade musical e sua habilidade de mesclar diferentes estilos, como MPB, samba, bossa nova e música pop. 

Naquele momento, Marisa Monte representava uma renovação na música popular brasileira, combinando tradição e inovação de forma única. Sua voz cativante e sua interpretação emocional conquistaram uma base de fãs fiel e lhe renderam elogios da crítica, além de uma série de prêmios e honrarias. 

Além de sua contribuição como intérprete, Marisa Monte também se destacava como compositora e produtora, colaborando com outros artistas e contribuindo para a criação de um som contemporâneo e autêntico, a tal ponto de fundar o seu próprio selo fonográfico, a Phonomotor Records. 

Quarto álbum de estúdio de Marisa Monte, Memórias, Crônicas e Declarações de Amor naquele ano solidificou ainda mais sua posição como uma das principais artistas do cenário musical brasileiro. O álbum foi gravado entre setembro e novembro de 1999, e envolveu quatro estúdios diferentes: Ilha do Sapo, em Salvador), Mega (no Rio de Janeiro), Magic Shop e Sear Studios, ambos em Nova York. A produção ficou aos cuidados de Arto Kindsay e Marisa Monte. 

Composta por treze faixas, Memórias, Crônicas e Declarações de Amor é um verdadeiro mergulho nos meandros do sentimento mais universal: o amor. Marisa Monte, em sua genialidade, não se limita ao amor romântico. Aqui, o amor se apresenta não apenas como paixão arrebatadora, mas também como compaixão, perdão e gentileza, envolvendo o ouvinte em uma incursão emocional profunda e reveladora. 

O álbum abre com o amor romântico de “Amor I Love You”, cujos versos ressaltam a capacidade do amor em acolher e dar significado à vida. Um dado interessante é a participação do cantor Arnaldo Antunes lendo um trecho do livro O Primo Basílio, uma colaboração que funde música e literatura, criando uma experiência emocionalmente rica e convidativa.  

Imagens de encarte do álbum Memórias, Crônicas e Declarações de Amor.

Com uma levada “suingada” e um viés pop, “Não Vá Embora” conta com a participação do cantor e guitarrista Davi Moraes, tocando guitarra e fazendo uso de efeitos de pedal fuzz. Na letra, o eu lírico ressalta a importância da pessoa amada na sua vida a tal ponto de implorar para que ela não vá embora. 

A aura do amor romântico permeia a próxima faixa, "O Que Me Importa", uma balada imortalizada por Tim Maia em 1972 e popularizada posteriormente por Marisa Monte. Os versos narram uma história de amor desfeito, onde um dos parceiros tenta, tardiamente, resgatar a relação através de gestos afetuosos e declarações apaixonadas. Porém, o outro lado, ferido e desiludido, mantém-se inflexível, encarando o relacionamento como algo do passado. 

"Não É Fácil" é uma envolvente balada pop, feita para embalar as ondas radiofônicas, que aborda o tema de uma relação conjugal onde um dos parceiros se vê solitário diante da indiferença do outro. Apesar de nutrir esperanças de uma vida a dois mais gratificante, o eu lírico se sente impotente diante da frieza da pessoa amada. É uma narrativa de solidão em meio à suposta vida a dois, onde o protagonista enfrenta uma jornada solitária dentro do próprio relacionamento. 

A jornada musical continua com a bela e delicada canção acústica "Perdão Você", destacando-se como a faixa mais comovente e sensível do álbum. Um violão habilmente dedilhado e um arranjo de cordas bem elaborado conferem uma atmosfera cativante a essa composição. Em contraste, "Tema de Amor" emerge como uma vibrante balada pop, caracterizada por guitarras envoltas em efeitos de pedal, adicionando uma camada de textura e energia à melodia. 

O mestre João Donato faz uma participação notável em "Abalolô", onde seu talento no piano enriquece a narrativa da saudade e da dor da distância na ausência da pessoa amada: “E a saudade vem / Vem pra qualquer um, qualquer hora / Por alguém que foi pra longe já volta”. 

Em “Para Ver As Meninas”, samba de Paulinho da Viola (um dos ídolos de Marisa Monte), o eu lírico expressa o desejo de esquecer as dores pessoais e buscar momentos de descontração e leveza. “Cinco Minutos”, de Jorge Ben Jor, é uma faixa de ritmo dançante, envolvente, e conta com uma vigorosa linha de baixo. 

Fotografia que faz parte do encarte do álbum.

"Gentileza" representa uma tocante homenagem de Marisa Monte ao icônico profeta das ruas do Rio de Janeiro, Jose Datrino (1917-1996), também conhecido como Profeta Gentileza, famoso por disseminar mensagens reflexivas nas pilastras do Viaduto do Gasômetro. A inspiração para a composição surgiu após Marisa tomar conhecimento de que as frases do Profeta haviam sido cobertas com tinta cinza, gerando comoção na população. Felizmente, as pilastras foram restauradas e as mensagens de Gentileza recuperadas, sendo a frase "Gentileza gera Gentileza" a mais emblemática do legado deixado pelo profeta das ruas da capital fluminense. 

"Água Também É Mar", fruto da colaboração entre Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown, prenunciando a formação do trio Os Tribalistas, aborda a relevância da preservação da água, destacando sua presença em múltiplas formas na natureza. Já em "Gotas de Amor", um samba-canção imortalizado por Nelson Cavaquinho e Guilherme Brito, Marisa Monte explora a vivência de uma paixão que, ao invés de trazer felicidade, traz consigo mais dor do que alegria: “Eu sei que vou sofrer / por culpa da minha paixão / eu devia te deixar / Mas vou continuar / Para castigar / meu pobre coração”. 

O álbum Memórias, Crônicas e Declarações de Amor termina com a faixa "Sai Seu Sabiá", uma composição de Caetano Veloso especialmente dedicada a Marisa Monte. Esta canção delicada é marcada apenas pela voz da artista, acompanhada pelo suave toque do piano e um arranjo de cordas sutil. A letra transmite uma mensagem de apoio e companheirismo em um relacionamento a dois. O eu lírico se identifica com o sabiá, oferecendo seu canto como conforto à pessoa amada, assegurando-lhe sua presença constante e apoio incondicional sempre que necessário. 

Seguido ao lançamento do álbum, Marisa Monte promoveu a Memórias, Crônicas e Declarações de Amor Tour, uma grande turnê que durou pouco mais de um ano e meio, e cerca de 150 shows. Anos mais tarde, em 2019, foi lançado álbum audiovisual Memórias 2001, que registrou ao vivo algumas apresentações dessa turnê. 

O álbum Memórias, Crônicas e Declarações de Amor teve um excelente desempenho comercial, chegou à casa de 1 milhão de cópias vendidas, o que levou Marisa Monte a ser contemplada com um disco de diamante. Memórias, Crônicas e Declarações de Amor foi o quinto álbum consecutivo de Marisa Monte a liderar as paradas de álbuns. 

Além do ótimo desempenho comercial, Memórias, Crônicas e Declarações de Amor indicado a vários prêmios, e foi vencedor em alguns deles como o Grammy Latino/2000 como “Melhor Álbum de Pop Contemporâneo Brasileiro”, e o MTV Video Music Brasil/2000 de “Melhor Videoclipe” (por “Amor I Love You”). 


Faixas 

1. "Amor I Love You" (Marisa Monte - Carlinhos Brown)

2. "Não Vá Embora" (Monte - Arnaldo Antunes)

3. "O Que Me Importa" (José de Ribamar Cury Heluy)

4. "Não É Fácil" (Monte - Brown - Arnaldo Antunes)

5. "Perdão Você" (Brown - Alaim Tavares)

6. "Tema de Amor" (Monte - Brown)

7. "Abololô" (Monte – Lucas Santtana)

8. "Para Ver as Meninas" (Paulinho da Viola)

9. "Cinco Minutos" (Jorge Ben Jor)

10. "Gentileza" (Monte)

11. "Água Também É Mar" (Monte - Brown - Arnaldo Antunes)    

12. "Gotas de Luar" (Nelson Cavaquinho - Guilherme de Brito)                                          

13. "Sou Seu Sabiá" (Caetano Veloso)


"Amor I Love You" (videoclipe oficial)

"Não Vá Embora"

"O Que Me Importa" (videoclipe original)

Não É Fácil"

"Perdão Você"

"Tema de Amor"

"Abololô"

"Para Ver as Meninas"

"Cinco Minutos"

"Gentileza"

"Água Também É Mar"


"Gotas de Luar"


"Sou Seu Sabiá"


MUSICA PORTUGUESA

 

José Mário Branco • 2012 - Ser Solidário








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