sexta-feira, 23 de agosto de 2024

Review: The Steel Woods – Old News (2019)

 


A recente passagem do Blackberry Smoke pelo Brasil, com shows antológicos em Curitiba, Porto Alegre e São Paulo, intensificou uma questão que ocupa a minha mente há algum tempo: existem outras bandas de southern rock tão especiais quanto o grupo do vocalista e guitarrista Charlie Starr? Quais são as novas forças do gênero que deu ao mundo ícones eternos como Lynyrd Skynyrd, Allman Brothers e toda uma geração de bandas incríveis?

A resposta para essa pergunta é uma só: pesquisa. Aproveitar a facilidade de dezenas de sites mundo afora, mergulhar no acervo dos serviços de streaming e desbravar um mar de novos sons à procura daqueles que fazem o ouvido brilhar. A primeira resposta veio logo após a descoberta do Blackberry Smoke, na forma do Whiskey Myers. Porém, era preciso mais para preencher um campo tão vasto quanto o rock sulista. Felizmente, outra pedra brilhante surgiu pelo caminho, e ela atende pelo nome de The Steel Woods.

A banda foi formada em Nashville pelo vocalista e guitarrista Wes Bayliss e o guitarrista Jason Cope, ambos músicos de estúdio com rodagem. O baixista Johnny Stanton e o baterista Jay Tooke se juntaram à dupla, e a história começou. O quarteto lançou o seu primeiro disco, Straw in the Wind, em 2017, e soltou este ano o sucessor, Old News.

O som do The Steel Woods é um southern rock clássico e com todas as características principais do gênero, incluindo a bem-vinda aproximação com o country e com o blues. As canções falam sobre o orgulho de ser um cidadão norte-americano e exploram aspectos da cultura do país, sempre cantadas com aquele vocal anasalado e carregado de sotaque. As guitarras conduzem tudo, intercaladas por violões e pedal steels, tudo amarrado por melodias, arranjos invariavelmente crescentes e harmonias deliciosas.

Old News traz quinze faixas, sendo que seis delas são versões para composições de ídolos da banda (e do ouvinte também): “Changes” do Black Sabbath (“Hole in the Sky”, também da banda inglesa, foi gravado no primeiro disco), “The Catfish Song” de Townes Van Zandt, “One of These Days” da Wayne Mills Band, “Are the Good Times Really Over (I Wish a Buck Was Still Silver)” de Merle Haggard, “Whipping Post” da The Allman Brothers Band e “Southern Accent” de Tom Petty. Apesar do número aparentemente elevado, essas versões casam perfeitamente com o contexto do disco e não soam forçadas e nem desnecessárias.

Mas é claro que a força do álbum está nas composições da própria banda, como não poderia deixar de ser. Músicas como “All of Those Years”, “Blind Lover”, “Compared to a Soul”, “Anna Lee”, “Rock That Says My Name” e a faixa título mostram uma banda com identidade própria, e mais importante: extremamente madura em seu segundo disco, pronta para alcançar um público muito maior e com potencial de crescimento enorme nos próximos anos.

Se você é fã de southern rock e quer uma banda para andar de mãos dadas com o Blackberry Smoke em seu coração, o The Steel Woods tem tudo para preencher essa lacuna.



Review: Philip H. Anselmo & The Illegals - Choosing Mental Illness as a Virtue (2018)

 


Quem ouviu o álbum de estreia da banda solo do Phil Anselmo (Pantera, Down, Superjoint, Arson Anthem, Scour), o ótimo Walk Through Exits Only (2013), sabe que a coisa toda não era brincadeira. Todo aquele som mostrava que todo mundo que estava ali, estava em seu limite musical. Tudo muito ao extremo. Phil Anselmo gritando aos sete cantos que a música em geral estava uma porcaria e que essa culpa ele não carregava, pois estava fazendo a sua parte.

Quando ouvi tudo aquilo, fiquei bem espantado até onde o som extremo poderia chegar, já que não sou um ouvinte frequente de sons nessa linha e para mim, esse disco soa muito agressivo e pesado.

O tempo passou, Phil Anselmo se envolveu naquele episódio de nazismo que fez com que sua carreira quase fosse por água abaixo, o Superjoint voltou e lançou um novo álbum - que, diga-se de passagem, ficou bem agressivo. E em 2018 sou agraciado com o novo disco da banda solo de Phil, Choosing Mental Illness as a Virtue.

Realmente eu não sabia onde o som extremo poderia chegar. Apesar de eu achar que a voz do Phil Anselmo está abaixo do que ele mostrou em seus trabalhos anteriores, sempre lembro de que ele já é um "senhor" de 50 anos e continua fazendo um som muito extremo.

A banda, para a gravação deste álbum, contou com uma formação diferente do disco de estreia. Phil Anselmo, Jose "Blue" Manuel Gonzales (bateria), Steve Taylor (guitarra), sendo estes integrantes que gravaram o primeiro disco, agora tiveram a companhia de Mike De Leon na guitarra e Walter Howard IV no baixo. Desta vez, Anselmo declara toda a sua fúria contra hospitais psiquiátricos e todo o mal que eles causam ao ser humano, e também ao que o ser humano causa a ele mesmo. Pesado.

O que me agrada muito no álbum é a quantidade de passagens que cada música possui, não ficando no básico (riff 1, solo, riff 2, final). Passagens de acordes durante toda a música fazem com que elas não fiquem repetitivas, sendo um dos pontos altos do disco.

No início do ano de 2019 a banda teve uma passagem pelo Brasil com shows por algumas capitais, onde executaram uma espécie de tributo ao Inigualável Pantera com algumas músicas do The Illegals e, na sequência, um set com os incríveis clássicos que o Pantera possui, sendo cantadas pelo seu integrante e compositor original. Isso já valia muito. Tive a oportunidade de assisti-los em Porto Alegre, em um Bar Opinião lotado para uma terça-feira. Gostei muito da voz de Phil Anselmo, tanto nas músicas do The Illegals quanto nas o Pantera. Um show que ficará marcado.

Para mim, Choosing Mental Illness as a Virtue foi um dos melhores discos de 2018.



Review: Soilwork - Verkligheten (2019)

 


Com mais de duas décadas de carreira, o Soilwork é uma das maiores forças do heavy metal contemporâneo, ainda que seu nome não seja um dos que venham sempre à mente. Geralmente citados juntos a grupos conterrâneos e do mesmo subgênero – o death metal melódico sueco – tais como In Flames, Dark Tranquillity e Arch Enemy, o Soilwork apresentou uma trajetória musical que conseguiu transcender as limitações dessa linha de som ao longo dos anos, retendo não apenas características fundamentais desse estilo (a agressividade sonora derivada do lado death metal do som, aliada ao trabalho melódico das guitarras e teclados), mas também contendo uma certa influência distinta, que se manifesta principalmente através dos vocais (urrados e limpos) do seu membro fundador, o vocalista Bjorn “Speed” Strid. Essa fórmula já havia sido aperfeiçoada com maestria nos álbuns The Panic Broadcast (2010), The Living Infinite (2013) e The Ride Majestic (2015), porém, aqui em Verkligheten podemos conferir que, mesmo em menor escala, há espaço para introduzir alguns novos elementos, ainda que de maneira quase sutil.

O álbum abre com uma breve faixa-título instrumental de clima bem leve e melancólico, mas logo parte para a pedrada “Arrival”, que se assemelha um pouco mais aos seus trabalhos do início de carreira, recheada por blast beats e apresentando uma das marcas registradas do som da banda: versos repletos de vocais gritados, com refrãos melódicos em vocais limpos, além de um solo de guitarra bastante empolgante. A partir daí somos saudados com uma trinca que mostra o grupo fazendo o que sabe fazer de melhor em apenas três canções: a intensa e envolvente “Bleeder Despoiler”, a melódica “Full Moon Shoals”, de tons bastante radiofônicos (que ganhou inclusive um videoclipe), e “The Nurturing Glance”, com uma levada pesada e contagiante, onde Speed dá o seu melhor nos vocais e talvez tenha um dos mais bonitos refrães deste disco. “When the Universe Spoke” encerra a primeira metade do álbum, fechando de certa forma o ciclo iniciado com “Arrival” ao repetir a mesma fórmula daquela canção até este ponto, onde a banda ainda se mostra um pouco mais calcada nos aspectos mais tradicionais do som pela qual ficou conhecida.

É na sétima faixa, “Stålfågel”, que de fato começamos a ver algo de novo, mesmo que ainda familiar, no som dos suecos, começando pelo tom dos teclados no início e no final da canção, que dão um clima quase oitentista à composição e foram certamente influenciados pelo projeto paralelo de AOR/classic rock de Speed e David Andersson (guitarrista), o The Night Flight Orchestra. A faixa traz Speed apresentando novamente alguns dos seus melhores vocais limpos, numa performance excelente e com irresistível apelo radiofônico (ainda maior que na anterior “Full Moon Shoals”). Uma curiosidade particular a respeito dessa música é que nas versões tradicionais do álbum (CD/LP) ela conta apenas com os vocais de Speed, enquanto uma outra versão, exclusiva para o iTunes, traz um dueto com Alissa White-Gluz (Arch Enemy, ex-The Agonist), onde ela mostra uma belíssima performance somente com vocais limpos e reforça a atmosfera semi-retrô da canção.

Em seguida temos uma sequência de duas canções que mostram a banda exibindo um pouco mais do seu som tradicional, com “The Wolves Are Back in Town” e “Witan” (onde os teclados voltam a ganhar um pouco mais de espaço). “The Ageless Whisper” é outra faixa onde as influências do The Night Flight Orchestra voltam a ficar evidentes e no início até poderia se passar por uma música do grupo (há inclusive a gravação de uma voz feminina ao fundo, que é uma espécie de marca registrada das canções do TNFO), mas isso só até Speed soltar um urro denunciando que esta é, na verdade, uma canção do Soilwork – e outro grande destaque do álbum, em boa parte por conta do seu clima mais melódico.

Na reta final chega a pesadíssima “Needles and Kin”, que conta com a participação de Tomi Joutsen (Amorphis) e traz novamente uma avalanche de blast beats para ninguém por defeito, cortesia do baterista estreante (em estúdio) BastianThusgaard, ex-aluno do dono anterior do posto, Dirk Verbeuren (hoje no Megadeth), e que deixa claro que a indicação de Dirk foi a melhor possível para a banda. Por último, temos “You Aquiver”, onde os teclados voltam a ganhar evidência e uma atmosfera que consegue ser em igual medida pesada, melódica e melancólica, fechando a segunda metade do álbum e a experiência musical proporcionada por ele. Como bônus, algumas edições ainda trazem as faixas do EP Underworld – “Summerburned and Winterblown”, “In This Master’s Tale” e “The Undying Eye” – além da versão original de “Needles and Kin”, contando apenas com os vocais de Speed.

Com uma diferença de três anos e meio entre seu lançamento e o do álbum anterior, Verkligheten (palavra que em sueco significa “realidade”) é mais um trabalho sólido dentro do estilo que por anos foi lapidado pelo Soilwork, e certamente não só irá agradar a fãs de longa data da banda como também pode servir de porta de entrada para aqueles que até hoje nunca tiveram contato com a obra do grupo.



Maria Bethânia - Ao Vivo (1995)


 Álbum gravado do vivo no Canecão, Rio de Janeiro, nos dias 1, 2, 3 e 4 de dezembro de 1994.

Faixas do  álbum:
01. Introdução: Cristal (Instrumental/Live)
02. Fera Ferida (Live)
03. Fé cega, Faca Amolada (Live)
04. Eu E Agua (Live)
05. Jenipapo Absoluto (Live)
06. Mane Fogueteiro / Jenipapo Absoluto (Live)
07. Tudo De Novo (Live)
08. As Cancoes Que Voce Fez Pra Mim (Live)
09. Ronda (Live)
10. Atras Da Verde E Rosa So Nao Vai Quem Ja Morreu (Live)
11. Faixa De Catim (Live)
12. Lua (Live)
13. Lua Branca (Live)
14. Detalhes (Live)
15. Costumes (Live)
16. Meu Primeiro Amor (Live)
17. Você Não Sabe (Live)
18. Explode Coração (Live)
19. Barbara (Live)
20. Mar E Lua (Live)
21. Você (Live)
22. Reconvexo (Live)
23. Todo O Sentimento (Live)
24. Emoções (Live)
25. Todo O Sentimento (Instrumental/Live)




Zeca Baleiro - Vô Imbolá (1999)

 


Segundo disco de estúdio do cantor e compositor brasileiro Zeca Baleiro. Este disco, lançado em março de 1999 com o selo MZA, tem uma tonalidade sincretista, e contou com grandes participações, como Zeca Pagodinho em "Samba do approach", Zé Ramalho em "Bienal", entre outros.

Faixas do álbum:
01. Vô Imbolá
02. Pagode Russo
03. Meu Amor, Meu Bem, Me Ame
04. Lenha
05. Semba
06. Bienal
07. Nega Tu Dá No Couro
08. Piercing
09. Tem Que Acontecer
10. Boi De Haxixe
11. Disritmia
12. Não Tenho Tempo
13. Samba Do Approach
14. Maldição



Vinícius de Moraes e Toquinho - São Demais Os Perigos Desta Vida... (1972)


São demais os perigos desta vida... álbum de Toquinho e Vinícius de Moraes, publicado pela RGE em1972.

Faixas do álbum:
01. Cotidiano Nº 2 (Como Dizia o Chico...)
02. Tatamirô (Em Louvor a Mãe Menininha do Gantois)
03. São Demais Os Perigos Desta Vida
04. Chorando Prá Pixinguinha
05. Valsa para uma Menininha
06. Para Viver um Grande Amor
07. Menina das Duas Tranças
08. Regra Três
09. No Colo da Serra
10. Canto de Oxalufá




Vinícius de Moraes e Toquinho - Toquinho e Vinicius (1971)

 


“Toquinho e Vinicius” lançado oficialmente em 1971, pela RGE, marca o primeiro trabalho dos cantores juntos, dentre tantos outros que seguiram por anos de parceria.

Destaque para as faixas “Essa Menina”, “Maria Vai Com As Outras” e “Morena Flor”, de autoria da própria dupla. Além do afro-samba “O Canto de Oxum”
O disco marcou o início de uma das maiores uniões musicais e amizades da música popular brasileira.

A dupla Vinicius e Toquinho iniciou-se a partir do convite que Vinicius de Moraes fez a Toquinho para participar do seu show na Argentina em 1970. Após isso foram 11 anos de parceria e 25 álbuns, que só encerrou com a morte do poeta.

Faixas do  álbum:
01. Essa Menina
02. Maria Vai Com As Outras
03. Testamento
04. O Poeta Aprendiz
05. Eu Não Tenho Nada a Ver Com Isso
06. A Terra Prometida
07. Sei Lá (A Vida Tem Sempre Razão)
08. O Velho e a Flor
09. O Canto de Oxum
10. A Rosa Desfolhada
11. Morena Flor
12. A Flor da Noite
13. Blues para Emmett



Destaque

Reginaldo Rossi - Reginaldo Rossi (1974)

  Era notória a crescente carreira e evolução do trabalho de Rossi a cada ano, por mais que em alguns momentos o cantor tenha ficado perdido...