Hardcore político da Filadélfia. Ouvi Kill the Man Who Questions pela primeira vez na ótima compilação Punk Uprisings Vol. 2 , na qual a música "Your Backlash Against a PC Hysteria Is a Fucking Joke" era uma das minhas favoritas. Eu procurei Sugar Industry por correspondência, e ela se tornou um disco formativo para mim. Uma faixa em particular pareceu uma revelação para mim: "You Say It's Your Birthday", uma peça falada assombrosa e fervente sobre a hipocrisia brutal do movimento pró-vida, apresentada em um instrumental desconfortável e gaguejante. Além disso, coloquei "Good Cop, Bad Cop" em várias mixtapes. É o tipo de hardcore anarco-dos-anos-90 vagamente artístico que a essa altura está irremediavelmente fora de moda
Black metal atmosférico lo-fi deste projeto de curta duração com dois futuros membros do Shape of Despair, entre muitos outros. Sons granulados, hipnóticos, de ritmo médio, movidos a teclado para isolamento autoimposto.
Doom funerário atmosférico da ensolarada Portland, OR. No começo, uma mistura de vocais femininos etéreos, teclas flutuantes e rosnados de morte imediatamente trouxeram à mente Shape of Despair por volta de Angels of Distress . Então os riffs mais sinistros, influenciados por death-doom, surgiram, seguidos por alguns vocais masculinos quase operísticos e palhetas de tremolo enegrecidas, e ficou claro que Maestus forjou seu próprio caminho depressivo pelas montanhas enevoadas de Cascadian. Grátis/diga seu preço via bandcamp .
Após a sequência de Os Grãos (1991) e Severino (1994), dois trabalhos de pouco apelo popular e recepção “morna” por parte da crítica, os Paralamas do Sucesso estavam em uma encruzilhada. Em ambos os discos, a banda mergulhou de cabeça em experimentalismos, como a experiência com sonoridades eletrônicas (Os Grãos) e influências nordestinas (Severino), e abraçou um tom mais introspectivo, quase sombrio, que desconcertou boa parte de sua base de fãs. Phil Manzanera, produtor e guitarrista do Roxy Music, ajudou a moldar a produção de Severino com seu toque sofisticado, mas a combinação de temáticas sociais e políticas acabou sendo demais para um público que esperava algo mais palatável. A crítica? Em parte aplaudiu o movimento audacioso. Mas comercialmente? O fracasso foi evidente. Severino deixou uma sombra de incertezas no ar, com a pergunta sendo: qual seria o próximo movimento da banda?
A situação começou a mudar quando a banda lançou, em 1995, Vamo Batê Lata, álbum duplo gravado ao vivo em duas noites de shows no Palace, em São Paulo, em dezembro de 1994. Os dois shows fizeram parte da turnê do álbum Severino, e tudo foi registrado para o álbum ao vivo. Além do formato LP, Vamo Batê Lata foi lançado em CD, K7, VHS e DVD (este em 2005). Embora fosse um álbum duplo, Vamo Batê Lata foi um fenômeno em vendas na carreira dos Paralamas, que nem os integrantes da banda sabiam explicar: o álbum alcançou a marca de 1 milhão de cópias vendidas. Vamo Batê Lata trazia não só os grandes sucessos da banda carioca gravados ao vivo, como também quatro canções inéditas gravadas em estúdio: “Uma Brasileira”, “Saber Amar”, “Luís Inácio (300 Picaretas)” e “Esta Tarde”. “Uma Brasileira”, parceria de Herbert e Carlinhos Brown, com participação especial de Djavan, fez um grande sucesso nas paradas radiofônicas, assim como a balada “Saber Amar”. As duas canções provavelmente apontaram o caminho que os Paralamas deveriam seguir para a concepção do seu próximo álbum de estúdio: o retorno a algo mais simples e popular.
Depois do mergulho denso e quase claustrofóbico de Severino, o álbum que deixou os fãs coçando a cabeça e a crítica dividida, os Paralamas do Sucesso emergiram das profundezas com 9 Luas, o álbum de estúdio seguinte. Se Severino foi a carta de risco, 9 Luas foi a aposta certeira, que, a bem da verdade, foi garantida com o sucesso dos hits “Uma Brasileira” e “Saber Amar”, de Vamo Batê Lata, o álbum ao vivo lançado entre os dois álbuns de estúdio. E os resultados falam por si: foi muito bem recebido pela crítica musical e um sucesso comercial.
Lançado em julho de 1996, 9 Luas manteve a parceria dos Paralamas do Sucesso com o produtor Carlos Savalla, o mesmo desde Bora-Bora (1988). Oitavo álbum de estúdio dos Paralamas, 9 Luas trouxe o trio carioca de volta ao básico, mas com aquela inteligência que só a experiência proporciona. 9 Luas explora uma rica diversidade de temas e estilos musicais, refletindo a maturidade da banda. As letras abordam o amor e os relacionamentos, além de reflexões sobre a passagem do tempo e críticas sociais sutis. O álbum também presta homenagens a artistas do rock argentino, como nas versões de "De Música Ligeira", do Soda Stereo, e "Lourinha Bombril", dos Los Pericos, demonstrando a admiração dos Paralamas pela Argentina, país onde a banda brasileira conquistou milhares de fãs. Essa pluralidade de temas contribui para a riqueza e profundidade do trabalho.
Volta por cima: após o fracasso comercial de Severino, o álbum duplo gravado ao vivo Vamo Batê Lata marcou o retorno dos Paralamas às paradas de rádio.
Musicalmente, o álbum transita entre uma diversidade de estilos, com o rock e o pop dominando boa parte das faixas. As guitarras vibrantes e os ritmos energéticos, característicos do rock, são equilibrados por uma abordagem pop mais acessível, que torna as melodias cativantes e radiofônicas. O reggae, presente desde o início da carreira dos Paralamas, continua a marcar presença, conferindo uma cadência envolvente a várias canções. Elementos latinos, como salsa e merengue, trazem um toque exótico, enriquecendo a variedade sonora do disco. Até mesmo o samba dá o ar de sua graça em uma das faixas.
A ilustração da capa do disco foi feita por Pedro Ribeiro, irmão de Bi Ribeiro. O encarte do álbum traz também trabalhos de outros sete artistas, dentre os quais Lygia Pape (1927-2004), Beatriz Milhazes e Daniel Senise.
9 Luas começa com o ritmo contagiante de “Lourinha Bombril”, versão em português escrita por Herbert Vianna para “Parate y Mira”, da banda argentina Los Pericos. A letra celebra a integração das heranças culturais do Brasil, faz referências à gastronomia brasileira, à política e ao futebol. Os versos ainda enfatizam a valorização de soluções nacionais e o orgulho pela identidade plural do país.
“Outra Beleza” é uma parceria entre Herbert e Lulu Santos. A primeira parte da faixa é um delicioso ritmo de salsa, mas, do meio para o fim, cede espaço para a batucada do samba brasileiro. A letra celebra a beleza genuína, destacando que ela não precisa de ostentação ou comparação. Ao mesmo tempo, os versos dessa canção traçam uma crítica à sociedade que prioriza a aparência visual em detrimento do conteúdo que o ser humano possa ter.
A faixa seguinte, “La Bella Luna”, é um reggae malemolente, cujos versos tratam do desejo e da saudade de um encontro amoroso, com a Lua sendo um símbolo que desperta lembranças e esperança de reviver momentos passados.
Bi Ribeiro, Herbert Vianna e João Barone em foto da contracapa de 9 Luas.
Do reggae malemolente de “La Bella Luna”, os Paralamas partem para o rock de “De Música Ligeira”, versão em português da música homônima da banda argentina Soda Stereo. Herbert canta sobre o amor intenso, mas passageiro, simbolizado pela "música ligeira", onde o eu lírico aceita com melancolia o fim inevitável da relação amorosa. A repetição da frase "nada mais resta" reforça a transitoriedade e o vazio deixado após o desenlace.
Composta pelos irmãos Paulo Sérgio e Marcos Valle para a trilha sonora da novela Selva de Pedra, de 1972, da TV Globo, "Capitão de Indústria" foi gravada originalmente naquele ano pelo cantor Djalma Dias (1938-2021). A letra critica a rotina exaustiva do mundo corporativo, onde o eu lírico se sente preso em um ciclo de trabalho contínuo. Ela reflete a perda de tempo para aproveitar a vida fora das obrigações profissionais. Com um tom reflexivo, a banda provoca uma reflexão sobre o valor da existência além do trabalho e do consumo. Enquanto a versão original gravada por Djalma é um misto de soul e samba, os Paralamas deram um caráter bem pessoal à sua versão, optando pelo reggae.
O rock "O Caminho Pisado" trata da rotina monótona e desgastante da vida cotidiana, marcada pela repetição, resignação e o peso da realidade social, onde as promessas de mudança parecem sempre inalcançáveis. Gravada antes pelos Titãs para o disco Domingo (1995), "O Caroço da Cabeça" explora a conexão entre os sentidos e funções do corpo humano por meio de metáforas. A canção também reflete sobre a mortalidade, destacando o ciclo da vida e a continuidade após a morte.
A linda balada pop “Sempre Te Quis” expressa um amor profundo e sincero, onde o eu lírico encontra segurança e renovação emocional ao lado da pessoa amada, superando medos e incertezas. Na fronteira entre o reggae e o ska, “Seja Você” tem como destaque o naipe de metais, que dá um toque especial a esta canção que fala sobre autoconfiança e o encontro da felicidade nas pequenas coisas da vida.
Ao contrário da mensagem otimista de "Seja Você", "Na Nossa Casa" apresenta uma perspectiva mais melancólica sobre as relações humanas ao retratar a dor e as confusões de um coração partido. É uma canção que retrata a desilusão e a solidão de um relacionamento que se desfez, explorando a sensação de perda e a busca por respostas em meio ao vazio.
"De Música Ligeira" é uma versão em português de "De Música Ligera", grande sucesso de 1990 da banda argentina Soda Stereo (foto).
Fechando o álbum, "Um Pequeno Imprevisto" é uma parceria de Herbert Vianna e Theddy Correia, vocalista do Nenhum de Nós. É uma canção que faz uma reflexão sobre a transitoriedade da vida e a impossibilidade de controlar o tempo e as mudanças, revelando a frustração do eu lírico diante da inevitabilidade da passagem do tempo e da transformação: “Eu quis prever o futuro, consertar o passado / Calculando os riscos / Bem devagar, ponderado / Perfeitamente equilibrado”.
A recepção de 9 Luas por parte da imprensa foi a melhor que não se via há muito tempo a um lançamento de um novo álbum dos Paralamas do Sucesso. O disco foi saudado como uma volta da banda ao pop, como nos velhos tempos. Para o jornalista Tárik de Sousa, do Jornal do Brasil, 9 Luas buscou “retomar as pegadas primitivas do álbum O Passo do Lui, mas sem ser passadista”. Já Marisa Adán Gil, da Folha de S. Paulo, afirmou que “9 Luas estabelece os Paralamas como o elo perdido entre o rock dos anos 80 e o nosso novo pop nacional”.
O público também foi bastante receptivo, aliás, acima do esperado. Para se ter uma ideia, após um mês de lançamento, o disco havia vendido mais de 250 mil cópias, rendendo ao trio o disco de platina. Não demorou muito, e o álbum 9 Luas alcançou a marca de 600 mil cópias vendidas, um sucesso avassalador. Das 12 faixas de 9 Luas, metade chegou às paradas de rádio do Brasil: “Lourinha Bombril”, “La Bella Luna”, “Capitão de Indústria”, “Busca Vida”, “Outra Beleza” e “De Música Ligeira”. Talvez isso ajude a explicar o sucesso comercial do álbum, que trouxe de volta os Paralamas ao centro da cena, de onde eles pareciam ter se afastado por um tempo. 9 Luas foi a reafirmação do status dos Paralamas do Sucesso como gigantes do rock brasileiro.
Em agosto de 1996, os Paralamas do Sucesso conquistaram três prêmios VMB da MTV Brasil com o videoclipe de “Lourinha Bombril”, que venceu nas categorias “Clipe do Ano”, “Direção” e “Edição”. Dois meses depois, os Paralamas partiram para uma turnê nacional para promover o álbum 9 Luas.
O álbum 9 Luas deixou um legado significativo na carreira dos Paralamas. Ao resgatar a simplicidade e a energia contagiante dos primeiros trabalhos da banda, o álbum conquistou um público amplo e consolidou a posição dos Paralamas como um dos maiores nomes da música nacional. 9 Luas reflete o amadurecimento dos Paralamas, tanto em termos líricos quanto sonoros, abordando temas mais introspectivos e universais. Com sucessos como "Lourinha Bombril" e "Busca Vida", o disco se conectou a diferentes gerações e marcou uma fase de transição na sonoridade da banda, preparando o terreno para novas experimentações que viriam nos anos seguintes.
Faixas
Todas as faixas escritas e compostas por Herbert Vianna, exceto onde indicado.
"Lourinha Bombril" (Diego Blanco / Bahiano (Los Pericos), versão Herbert Vianna)
"Outra Beleza" (Herbert Vianna / Lulu Santos)
"La Bella Luna"
"De Música Ligeira" (Gustavo Cerati / Zeta Bosio (Soda Stereo), versão Herbert Vianna)
"Capitão de Indústria" (Paulo Sérgio Valle / Marcos Valle)
"O Caminho Pisado"
"Busca Vida"
"O Caroço da Cabeça" (Herbert Vianna / Nando Reis / Marcelo Fromer)
Há 52 anos, em 1°. de março de 1973, o Pink Floyd lançava The Dark Side Of The Moon, oitavo álbum de estúdio da banda britânica.
O registro baseia-se nas ideias exploradas nas gravações e performances anteriores do Pink Floyd, omitindo os instrumentais estendidos que caracterizaram seus trabalhos anteriores. The Dark Side Of The Moon, portanto, consiste em um álbum conceitual, explorando temas como conflitos, ganância, tempo, morte e doenças mentais -- esse último parcialmente inspirado pela deterioração da saúde do membro fundador Syd Barrett, que deixou o grupo em 1968. O conceito do álbum, bem como a maior parte das letras, é de autoria do baixista Roger Waters.
A obra foi desenvolvida principalmente durante apresentações ao vivo: a banda estreou uma versão inicial do disco vários meses antes do início da gravação. Um novo material foi gravado em duas sessões em 1972 e 1973 no Abbey Road Studios, em Londres.
No estúdio, o grupo usou técnicas como a gravação multipista, laços de fita e sintetizadores analógicos. Trechos de entrevistas com a equipe de estrada da banda, bem como citações filosóficas, também foram utilizados. O engenheiro de som Alan Parsonsfoi responsável por muitos aspectos sonoros e pelo recrutamento da cantora Clare Torry, que aparece na faixa "The Great Gig in the Sky". O álbum foi promovido com dois singles: "Money" e "Us And Them".
A famosa capa de Dark Side Of The Moon, por sua vez, mostra um espectro de prisma, sendo projetada pelo designer gráfico Storm Thorgerson -- seguindo o pedido do tecladista Richard Wright para um design "simples e ousado", representando a iluminação da banda e os temas do disco.
The Dark Side Of The Moon foi lançado pela EMI nos Estados Unidos em 1 de março de 1973 -- no Reino Unido, o lançamento ocorreu 23 dias depois -- e recebeu elogios da crítica, desde então tendo sido amplamente aclamado como um dos maiores álbuns de todos os tempos. O álbum alcançou o #1 na Billboard 200, principal parada musical de álbuns dos Estados Unidos, e permaneceu no gráfico por mais de 900 semanas. Com vendas estimadas em mais de 45 milhões de cópias, é o best-seller do Pink Floyd e um dos álbuns mais vendidos em todo o mundo.
O disco significou um rompimento com a fase inicial do Pink Floyd, caracterizada pelo experimentalismo e menor projeção midiática, e ajudou a impulsionar o Pink Floyd à fama internacional, trazendo riqueza e reconhecimento a todos os seus quatro integrantes.
Há 32 anos, em 1°. de março de 1993, The Cranberries lançavam Everybody Else Is Doing It, So Why Can't We?, primeiro álbum de estúdio da banda irlandesa.
Os Cranberries foram formados em 1989 na cidade de Limerick, Irlanda, sendo originalmente integrados pelo vocalista Niall Quinn, o guitarrista Noel Hogan, o baixista Mike Hogan e o baterista Fergal Lawler. Em 1990, Quinn foi substituído como vocalista pela jovem Dolores O'Riordan, de apenas 18 anos, e realizou seus primeiros shows com a nova formação. Eles gravaram uma demo e, no ano seguinte, assinaram contrato com a Island Records, com a qual estrearam com seu primeiro EP, Uncertain (1991), que teve recepção negativa da crítica e falhou nas paradas -- sendo sucedido por mais três EPs de pouca repercussão.
Embora abalados com a performance de Uncertain, os Cranberries entraram no estúdio Windmill Lane, em Dublin, em meados de 1992, para gravarem seu primeiro álbum completo, sob produção de Stephen Street. A banda se classificou como um grupo de rock alternativo, mas incorporou aspectos de indie rock, jangle pop, dream pop, folk rock, pós-punk e pop rock em seu som. O álbum foi escrito inteiramente pela vocalista Dolores O'Riordan e pelo guitarrista Noel Hogan.
Everybody Else Is Doing It, So Why Can't We? foi lançado pela Island em março de 1993 e tornou-se um sucesso, alcançando o #1 nas paradas de álbuns do Reino Unido e da Irlanda e o #18 na Billboard 200, nos Estados Unidos. O álbum também contém o single de maior sucesso dos Cranberries nos Estados Unidos, "Linger", #8 na Billboard Hot 100, além dos sucessos menores "Dreams" e "Sunday". De qualquer forma, o debute foi responsável por apresentar os Cranberries ao grande público e estabelece-la como uma alternativa europeia ao grunge predominante na América.