Registros Imortais/Registros Épicos, 1996
Depois de uma estreia avassaladora, o Korn se posicionou como uma banda altamente original, que conseguiu produzir um som pesado sem ter que copiar as bandas de metal de uma década atrás. Era o nascimento do que conheceríamos como Nu-Metal e “Life Is Peachy” marcaria mais um ponto de vitória para os comandados por Jonathan Davis. Apesar de repetir elementos do homônimo de 1994, aquela voz que gostava de brincar com a calma tensa, o papel do baixo e das guitarras que foram arranjadas para criar riffs selvagens, deu origem a um selo e lançou Davis como o dono inquieto e insatisfeito da nova era dos guturais. Todo esse coquetel chamado Korn arrastaria uma geração inteira para uma nova experiência.
Em "Life Is Peachy", Davis continuou a argumentar que o álbum era autobiográfico, com alusões a drogas, sexo e vingança. Embora não haja tanto gutural como nos outros álbuns, há mudanças de ritmo muito boas e guitarras variadas, nascidas daquelas sessões de gravação atormentadas pelo álcool e brigas.
Tudo começa com “Twist”, a resposta para quem criticava que “Ball Tongue”, do primeiro álbum, só tinha guturais. Bata-os de volta onde dói mais. “Chi” é uma das músicas que melhor representa as mudanças de ritmo, ao mesmo tempo em que é bom ouvir a voz de um Jonathan tão jovem, educando a garganta que o tornaria um jogador de metal experiente no final do século. “Lost” tem muita força porque Davis enlouquece e continua com a valiosa experimentação das mudanças de ritmo da anterior.
"Good God" é uma das melhores músicas da carreira do Korn. Três batidas de bateria e um grande rugido das guitarras. Davis continua em tom agressivo: “Você não vai dar o fora da minha cara? Agora!". E acrescenta o gutural como corolário. “Mr Rogers” é a mais distorcida nas guitarras e a voz é imensa em versatilidade… agressiva e calma em partes iguais. "No Place to Hide" e aquele grande começo que explode para ir no estilo "Chi". Interessante é o trabalho em “Wicked” incorporando o Rap, detalhe que sempre os distinguiria como banda em busca de incorporar novas sonoridades. E mais do que agressivo ele se torna com Chino Moreno nos vocais. “ADIDAS” começa com um riff calmo que se repete, junto com um Davis relaxado, até que começa a parte forte e toda aquela calma desaparece, dando lugar a um cantor se afogando em seu próprio desespero. Novamente os traumas sexuais e de socialização vêm à tona.
Grande trabalho de baixo em “Ass Itch” e o tremendo “Kill You”, um dos mais fortes desta chapa. A letra fala sobre a madrasta de Jonathan, que abusou dele na infância e por quem ele desenvolveu um fetiche de sexo e morte. A banda dá uma atmosfera extremamente intensa à música, e a voz sentimental de Davis dá um sinal de depressão e desesperança. O álbum poderia muito bem ter terminado naquele estado melancólico, mas depois de um silêncio, começa uma versão acapella de “Twist”, o que é muito interessante.
A capa do álbum foi desenhada por Martin Riedl e retrata, novamente, sombras da infância de Jonathan. Uma criança se olha no espelho e atrás dela se projeta uma sombra escura que a persegue e nos dá a sensação de insegurança por aquele pequeno. O nome do álbum foi um jogo de palavras que veio da pasta da marca “Pee Che” de Fieldy; ele constantemente escrevia as palavras "Life Is" na frente do nome da marca. Como não podiam usar o original, porque a empresa não autorizou, mudaram a pronúncia para deixar como sempre conhecemos.
“Life Is Peachy” vendeu 6 milhões de cópias e entrou no top 3 da Billboard, consolidando a fama do Korn e moldando o Nu Metal. Aqui termina o exorcismo dos demônios de Davis e eles se preparariam para continuar subindo graças às suas obras mais incríveis e com as quais fechariam brilhantemente sua passagem pelo século XX. Incorporando elementos de metal alternativo, hip hop e new wave, “Life Is Peachy” é sólido, agressivo, confessional e altamente influente.
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