Grupo paulistano passeou por Emicida, BaianaSystem, Djonga e mais para lembrar a importância dos artistas brasileiros em retratar as mazelas do povo
Em ano de eleição no Brasil, é ainda mais importante lembrar como os artistas do nosso país sempre retrataram as mazelas do povo. A música de protesto está no DNA da nossa cultura, desde Chico Buarque denunciando os horrores da ditadura militar até os Racionais MC’s falando do ódio direcionado à periferia.
As mensagens políticas também estão presentes na negritude do Samba, na poesia do Tropicalismo, nos versos diretos do Rap e na agressividade do Rock Brasileiro.
Formado há quase 10 anos em São Paulo, o grupo que une Reggae, Rock e Hip-Hop acaba de lançar o ótimo disco Os Muros Não Sabem Escutar, em que conta com parcerias com nomes como GOG, Planta e Raiz, Maneva e Marina Peralta para fazer resistência ao extremismo que tem tomado conta do nosso país.
Confira abaixo mais detalhes sobre esse álbum e outras 4 obras que foram fundamentais para a banda de Ale Cazarotto e companhia.
5 melhores discos de protesto do Brasil nos últimos 10 anos, segundo o Bloco do Caos
Emicida – O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui (2013)
Emicida é conhecido de longa data pelo caráter agressivo de suas letras. O rapper nunca teve papas na língua e é um artesão das palavras. Ele combate com extrema qualidade. Nesse disco, quase uma ode aos desprivilegiados, as músicas jogam na cara um Brasil de desigualdades e deixa claro: vamos vencer pela luta. Como diz o próprio Emicida em ‘Nóiz’: ‘Meu bando de neguin pra ruir o império duceis’. As músicas ‘Hoje cedo’ e ‘Samba do fim do mundo’ também são cruciais.
BaianaSystem – O Futuro Não Demora (2019)
O Baiana é uma das maiores influências do Bloco do Caos em todos os aspectos. Os arranjos são inventivos e dançantes e, claro, as letras são atestados de insatisfação e de vontade de mudança. ‘Bola de Cristal’, por exemplo, fala sem intermédio: ‘Você tem poder para mudar o mundo’. ‘Sulamericano’ não se esconde: ‘Eu vou traçando vários planos pra poder contra-atacar’. Em ano de eleição, é sempre bom lembrar de ‘Arapuca’: ‘O voto é secreto, o povo é sem teto’.
Djonga – Ladrão (2019)
A combatividade desse disco começa antes mesmo de apertar o play. A capa traz Djonga ensanguentado e carregando a cabeça de um membro da Ku Klux Klan enquanto sua vó, sentada no sofá, observa a cena. O próprio nome do álbum é uma referência ao fato de que, quando criança, o rapper se sentia um ladrão mesmo sem nunca ter roubado nada. Uma denúncia direta e forte do racismo, o álbum tem em ‘Bené’, ‘Ladrão’ e ‘Voz’ suas faixas centrais.
Braza – EITA (2022)
Braza é uma banda parceira, já gravamos juntos e não é novidade o conteúdo crítico que trazem em suas letras. Em EITA, eles mantêm essa veia e vão ainda mais longe. Canções como ‘Mais que folclore’, ‘Vai surgir’ e ‘Lá adiante’ tocam em assuntos como colonização, aborto, seletividade penal e fome. Uma referência pra nós. Falamos de temas similares em canções do nosso novo álbum como ‘Fim de Março’ e ‘Abaixa que é tiro’.
Bloco do Caos – Os Muros Não Sabem Escutar (2022)
No Bloco do Caos acreditamos que a arte tem função social. Além da diversão e do lazer, ela serve para fazer refletir. Nesse disco, temos canções como ‘Palma pra louco’, crítica ao governo Bolsonaro, ‘Fúria da chuva’ e ‘Algum Lugar’, sobre a luta coletiva e a importância da união para a transformação, e ‘Vendedores da Fé’, sobre o uso da fé para ganho financeiro e poder próprio.
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