Green River, terceiro disco dos Creedence Clearwater Revival, representa a completa evolução da banda em relação ao seu som típico. Estava criada a fórmula vencedora.
Quatro anos, sete discos e direito a um período áureo 17 meses com cinco discos e nove singles bem colocados no top 10 norte-americano. Marcas capazes de fazer corar de inveja qualquer estrela de pop ou, mais próximo, de fazer sonhar qualquer miúdo que pela, primeira vez, se coloca em frente ao espelho, de guitarra em riste a sonhar com uma plateia digna de Woodstock. Sim, também por lá passaram como cabeças de cartaz.
A música dos Creedence Clearwater Revival nunca foi revolucionária, remotamente complexa ou, sequer particularmente imaginativa. Ainda assim, até hoje está por se lhe encontrar um ingrediente em falta. Tem o essencial toque de blues e muito rock n’roll, tem o toque a Sul sem cair em parolices country, tem voz que sobre e solos sempre mais certeiros que espalhafatosos. Mas e hoje, meio século passado da sua saída de cena, há quem não conheça a “Bad Moon Rising”, o maior dos singles de Green River.
Se a fórmula demorou a encontrar, ao terceiro disco (1969) estava descoberta. Cumprindo a regra de incluir uma versão por disco – “I Putt a Spell on You” (Screamin’ Jay Hopkins) na estreia em 68, “Good Molly Miss Molly” (Little Richard) logo depois em Bayou Country – com “The Night Time is the Right Time”, de Ray Charles, é em Green River que se ouve a fórmula na sua forma mais apurada. O primeiro a chegar ao topo das tabelas de vendas.
Está no riff da faixa de abertura, no rock n’ roll bem sincopado de Commotion e nos blues de “Tombstone Shadow” e “Sinister Purpose”, mas é, sobretudo, em “Bad Moon Rising” que se melhor se ouve a banda que se fez famosa pela forma cirúrgica de apresentar canções.
Soam a tudo e a todos e é isso a que soam os Creedence, os senhores que se fizeram estrelas do cancioneiro hippie, mas também do roqueiro e até (Hendrix lhes perdoe) do country. Feitas as contas, o erro estará no cancioneiro de música popular que não inclua os CCR, porque se é verdade que a fórmula não é original, a verdade é que poucas serão as bandas com tantos canções intemporais na disco e todos sabemos que sorte não chega.
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