O décimo disco de Calexico é um amálgama de géneros e sonoridades e transporta-nos para o deserto do Arizona, para aqueles ritmos de Americana, ali bem pertinho da fronteira com o México.
O décimo trabalho de estúdio do coletivo norte-americano é um álbum da pandemia, com o seu quê de retrospetivo, e respeita bem as origens da banda, com uma grande amálgama de géneros e sonoridades, explorando os ritmos do sul dos Estados Unidos e misturando inglês e espanhol em todo o trabalho.
El Mirador foi gravado no Verão de 2021, quando o duo (guitarrista Joey Burns e baterista John Convertino) se voltou a juntar e a relembrar as paisagens do deserto onde se inspiraram ao longo de 20 anos.
Os ritmos latinos e letra em espanhol, que contam com a ajuda do compositor e intérprete da Guatemala Gaby Moreno, mostram-se logo na primeira faixa, “El Mirador”, que dá nome ao disco. América do Sul presente em força, desde a letra em espanhol ao arranque de tango, os Calexico mostram-nos logo ao que vêm – mas não se ficam por aí. Prova disso é a faixa seguinte, “Harness The Wind”, o primeiro single, uma belíssima canção onde todos os ritmos e inspirações se misturam.
Regressamos ao México com “Cumbia Península”, nova mistura de inglês e espanhol e vento poeirento do deserto, intercalado com o estilo muito americano de “Then You Might See”. E nova passagem para o espanhol, agora bem tropical, com “Cumbia del Polvo”, perfeita para dançar. E nem faltam Mariachis, que aparecem em “The El Burro Song”. E depressa passamos para um ambiente de western obscuro em “Turquoise” , com excelentes riffs de guitarra.
Só depois regressamos ao que Calexico nos prometeu na segunda faixa do disco (“Harness the Wind”): “Constellation” é uma bonita canção de amor indie, de estilo clássico (“shining in the night, shining from above, shining in your eyes—the one you love”), e com a participação de Sam Beam dos Iron & Wine nos coros, suavemente.
Aceleramos o ritmo com “Rancho Azul” e fechamos de forma épica, com “Caldera”, juntando com mestria todos os géneros que ouvimos ao longo do disco.
Este trabalho representa bem o estilo eclético dos Calexico, que sempre trabalharam nesta fusão de ritmos do México e do sul dos Estados Unidos, da cultura do deserto, do western, criando o seu estilo muito próprio. Um excelente disco, bem trabalhado, onde nada parece ter sido deixado ao acaso.
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