domingo, 16 de outubro de 2022

Universo do Vinil

 

Ninguém quer uma “música nua”!

O disco de vinil é um assunto que atrai muitas pessoas curiosas sobre esta tecnologia, saudosistas, colecionadores e amantes em geral dos disquinhos de plástico preto.

A quantidade de adolescentes e jovens adultos curtindo o Facebook do UV é muito grande e apostamos na hipótese que muitos destes jamais viram/ouviram um LP tocando num toca-discos, mas, estão se “alfabetizando’ no assunto e se não tiveram acesso a esta tecnologia analógica terão o acesso em breve, afinal, como dizem por aí: quem procura, acha!

Nossa pergunta é: o que leva as pessoas, principalmente jovens adultos e adolescentes, a terem tanto interesse no disco de vinil já que as tecnologias do MP3 e streaming estão aí com possibilidades de aquisição e acesso mais fáceis e baratas? Agora, vamos tentar responder esta pergunta:

Temos várias hipóteses para esta resposta e já vimos inúmeros articulistas, jornalistas e pessoas que escrevem o assunto apresentarem incontáveis motivos sobre o “boom” do Vinil na atualidade. Poderíamos afirmar que o que vem sendo veiculado quase como unanimidade para responder essa indagação é sobre a necessidade que as pessoas têm nos dias de hoje em armazenar música de e com qualidade e o tal do saudosismo do Vinil!

O streaming e o MP3 nem sempre apresentam as qualidades que os ouvidos mais exigentes querem. Então, ok! A questão da procura pela qualidade é válida, mas ela não responde totalmente a indagação e o CD também tem boa qualidade!

A música pela música, a momentânea, sem a associação com o artista, apenas aquela que “estoura nas paradas de sucesso” e logo depois cai no ostracismo é ótima para ser consumida pelo MP3 e o streaming. Mas, quando se associa o artista e quer saber mais sobre ele e se torna fã é outra coisa. São, portanto, “produtos” diferentes e é neste último caso que entram os Vinis.

O MP3 e o streaming são como se fossem a “música nua”, sem a “roupa” que a acompanha, já que fomos antropologicamente dizendo, acostumados a relacionar o artista com seu aparato visual e informacional: todo mundo gosta e foi acostumado, historicamente por todos os anos áureos do vinil e do CD, a ouvir a música, ler sobre ela e seu artista, ver fotos e etc (mesmo em outros tempos! Na época do rádio já existiam publicações sobre música e artistas e antes do rádio, quando as pessoas só ouviam música ao vivo, existiam encartes que eram entregues na porta das salas de espetáculo ou havia uma espécie de apresentador que falava sobre a obra, inclusive as populares).

A música tocada vem junto com outras informações que no MP3 e no streaming não existem e do vinil para o CD já foi uma decepção onde 33 cm para informações e fotos deram lugar a 12 cm… Imaginem as tecnologias onde essas informações desapareceram? Idealizem algum fã de um artista sem material dos seus prediletos? Não existe fã que não tenha fotos, revistas, recortes de jornais, artigos em geral, digitais ou em papel do seus artistas favoritos. Quando o fã faz download do MP3 (seja comprando ou pirateando) ou escuta um streaming “zerado” de informações extras algo lhe falta não se tornando plenamente satisfeito. O Vinil, com sua “capona” de 33 cm, com seus encartes e poder “apalpar” a mídia que sairá a música é um “prato cheio” para o fã! Talvez, esta seja uma grande resposta, pois, o entusiasta, o tiete, não escuta a música em separado de outros conteúdos e referencias. A música momentânea pode vir desacompanhada, mas, a música junto com o artista, não! Por isso, não existe idade para gostar do Vinil e se tornar um ardoroso adepto – muitas vezes, estas tecnologias digitais só servem para escutar a música do momento e não alimentam a necessidade de fotos e materiais diversos dos artistas preferidos. No streaming e no MP3 “baixado” na Internet e até mesmo no CD pirata, inclusive a capa é praticamente inexistente, calculem, portanto, o que significa para um admirador a falta total de extras? Para ser fã, não existe idade e todos querem se fartar de informações sobre seus artistas!

Falar do saudosismo é simplificar a “volta do Vinil” e a um sentimento só. É óbvio que existem os saudosistas, mas, a maioria destes jamais abandonaram o LP e o Compacto. Continuaram e continuam como amantes do bolachão e foram um dos principais responsáveis a não deixarem essa tecnologia morrer.

O fato é, o Vinil não é coisa de “velho”, muito menos “voltou por um sentimento saudosista”. A música analógica tocada num toca-discos carrega qualidades e possibilidades sensoriais e visuais que nenhuma outra tecnologia conseguiu substituir. O adolescente, o jovem adulto e os quarentões para cima quando gostam de um cantor, uma cantora, um conjunto musical, seja rock, MPB, jazz, funk, música eletrônica, seja o que for, querem mais do que guardar a música no seu MP3 player, no seu computador ou celular – eles querem ir além disso! Eles não querem a música nua!

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