sábado, 26 de novembro de 2022

Shadows And Flames Álbum de Riverwood 2022

 

Resenha

Shadows And Flames

Álbum de Riverwood

2022

CD/LP

Ano passado, por meio do disco Frontal, a banda libanesa, Turbulence, entregou um dos melhores – para mim o melhor- disco de metal progressivo do ano, um lugar diferente para imaginarmos sendo a origem de um material de tão alto nível, digamos assim, quando falamos do gênero - ou da música progressiva em geral. Pois então, esse ano temos novamente uma verdadeira pedrada do metal progressivo vindo de um lugar que não imaginaríamos inicialmente, falo do álbum Shadow and Flames da banda egípcia Riverwood. 

Talvez a banda possa ter uma linha metal sinfônica demais para ser enquadrada de metal progressivo, mas eu acho que ele caminha muito bem e com bastante desenvoltura em cima de uma linha tênue entre os dois gêneros. A sonoridade da banda é bombástica e sinfônica, mas com alguns toques da música do Oriente Médio. Os vocais de Mahmoud Nader, variam entre limpos na maior parte do tempo, com algumas incursões guturais, onde, admito, não curtir muito, pois parece um gutural sem propósito e bastante perdido dentro das músicas. As músicas são agrupadas em dois capítulos dentro de um disco conceitual que conta uma história inspirada nos acontecimentos do século V a.C durante a queda do Império Babilônico. 


- Chapter I – Shadows: 

 “The Dragonborn Comes”, se você conhece o jogo de RPG, Skyrim, talvez esse cover não soe estranho aos seus ouvidos - até porque já houve muitas outras interpretações de metal dessa música. Uma versão muito boa, ainda que não traga nada de novo, tirando alguns estilos vocais orientais. “A Haunting Lullaby” é a primeira das quatro faixas com pouco mais de um minuto, um momento suave de ligação entre duas faixas mais enérgicas. “Blood and Wine” é a maior peça do disco com seus quase doze minutos e meio. Um épico em que a banda entrega várias mudanças de tempo e humor, combinando perfeitamente bem o som distorcido com melodias típicas do Oriente Médio, sendo o melhor de tudo, o fato da banda não soar forçada, lidando perfeitamente bem e com extrema naturalidade entre ambos os estilos. 

“The Shadow” é uma música que tem o início bastante pesado, ficando em seguida mais silenciosa envolta de uma camada sombria e misteriosa. Outra peça com pouco mais de um minuto. “Sands Of Time” tem um início que simplesmente invoca o clima do deserto, dando à música um incrível sabor egípcio atado a uma ótima e muito atraente sonoridade sinfônica. Possui algumas seções folclóricas interessantíssimas. O solo de teclado na parte central é muito profundo. Com certeza, um dos melhores momentos do álbum. “Queen Of The Dark”, antes de ouvir essa música, só de ler nos créditos que há a participação da genial Annie Hurdy Gurdy , já me animou bastante – inclusive, tem clipe no Youtube. Começo suave e assim vai permanecendo assim, com influência na música árabe, mas de repente, a peça muda de andamento, então que Annie faz um solo em seu hurdy-gurdy em uma parte instrumental mais veloz, que fica novamente em ritmo médio quando os vocais regressam - às vezes suaves e às vezes ásperos -, mas agora com a banda tocando de forma mais épica e menos comedida que na primeira parte. 


Chapter II - Flames    

“Babylon” é outra das peças com pouco mais de um minuto. Um pequeno interlúdio instrumental, mas bastante interessante e com forte influência na música do Oriente. “Dying Light” é bastante pesada, cheia de coro, orquestrações e elementos clássicos de um metal progressivo bem-feito. É com certeza, a música onde os vocais guturais parecem funcionar melhor, - já que, como mencionei antes, eles não são muito atrativos nesse disco. Aqui as vozes se entrelaçam muito bem. “Lustful Temptation” começa por meio de um canto distante que vai subindo à superfície, até que alguns riffs cavalares de guitarra tomam a dianteira, fazendo parecer que vamos estar diante de uma música extremamente veloz, quase um power metal, mas no fim, tudo se mantem em ritmo médio. Novamente os vocais variam entre rosnados e limpos. A mudança de andamento em seu núcleo é muito boa, primeiramente um piano quase solitário e depois uma batida diferente do tema inicial, então que a peça silencia mais uma vez e muda de ritmo pela terceira vez, mas agora, a sonoridade é bem serena e melancólica. Um ótimo solo de guitarra no final ajuda na confecção de outro dos grandes momentos do álbum.  

“Another World” é mais outra peça com pouco mais de um minuto. Piano e violino sob um vocal que traz uma calma para o disco – ao menos momentaneamente. “Rise Of The Fallen”, assim como aconteceu com as músicas mais longas do disco até aqui, a banda novamente entrega uma peça cheia de variedade, misturando a sonoridade sinfônica moderna com alguns toques que nos remete a música oriental – principalmente, dentro da passagem instrumental a partir do solo de guitarra no momento em que a música fica mais lenta, próximo ao núcleo da peça. O vocal mais uma vez oscila entre limpo e gutural. “The Flame” possui quase três minutos. Sem perder nem um segundo, já começa vigorosa e pulsante por meio de uma instrumentação sinfônica. Falando em pulsante, a pausa em que fica apenas o baixo, se você estiver com bons fones é de estremecer o cérebro. A peça então silencia, primeiramente apenas com piano e cordas de fundo, mas a flauta do convidado Hüseyin Pulant também ajuda a direcionar a faixa para o seu final. “Solitude” é a peça de encerramento do álbum. Inicialmente de atmosfera quase gótica, vai crescendo no ouvinte conforme se desenvolve sem perder em momento algum a sua suavidade. Não sei exatamente se são cordas ou se são os teclados de Omar Salem as reproduzindo, mas o trabalho ficou lindo – e acho que fico com a segunda opção. Um belo final de disco.   

Shadows and Flame mantém a principal característica da banda apresentada em seu disco de estreia, um metal progressivo com ótima combinação de metal extremo, música sinfônica e melodias calcadas do Oriente Médio, além de enormes paredes de guitarras, arranjos intrincados de cordas e seções composicionais semelhantes a alguma trilha sonora cinematográfica.  

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