domingo, 18 de dezembro de 2022

2022: OS MÚSICOS VISTOS E OUVIDOS NA TELA

 

Biopics de músicos, documentários e bandas sonoras, além de cantores cada vez mais usados como atores, como Harry Styles.

O protagonismo de Harry Styles ao longo deste ano esteve longe de se resumir à carreira musical. O seu percurso de ator obteve um grande esticão, com os papéis principais nos filmes "Don't Worry Darling", realizado pela sua companheira amorosa Olivia Wilde, e "My Policeman", dirigido por Michael Grandage. Se o primeiro filme passou por cá na grande tela (num elenco bem estrelado, em que Styles contracena com Florence Pugh), já "My Policeman" tem passado em imagem mais encolhida, através da plataforma da Amazon Prime.

 

Oito anos depois, a cantora Taylor Swift regressa em carne e osso à ficção cinematográfica. Swift teve um papel secundário na comédia negra "Amesterdão", que está em exibição nas nossas salas. Com um maior andamento como atriz está Lady Gaga, que foi este ano selecionada para participar na sequela de "Joker", do realizador Todd Phillips, que terá o nome de "Joker: Folie à Deux" e que só tem estreia planeada para 2024.

 

A nível de biopics, um filme sobre a vida de Elvis Presley teria que provocar estrondo, sobretudo se nas mãos de Baz Luhrmann. O musical "Elvis" esteve em exibição nas nossas salas e promete ainda arrecadar alguns prémios importantes no próximo ano. Austin Butler é o bravo ator que respondeu ao desafio de se tornar na personagem de Elvis até ao último dia das suas vidas, contracenando com Tom Hanks, debaixo do chapéu do seu manager implacável Colonel Tom Parker. A banda sonora é uma vasta panóplia de artistas, como Kacey Musgraves ou os italianos Måneskin, a interpretarem clássicos de Elvis Presley, e ainda originais de Doja Cat e de Eminem.

 

Outro biopic que vai marcar certamente o ano é "I Wanna Dance with Somebody", sobre Whitney Houston, com Naomi Ackie a tomar a pele da cantora. O filme estreia-se a 22 de dezembro. Há mais filmes biográficos a serem preparados e produzidos a partir deste ano, como os casos de "Maria", sobre a soprano Maria Callas, a ser interpretado por Angelina Jolie; ou "Michael", sobre Michael Jackson. Outro grande ícone da música, o rei do raggae Bob Marley, vai merecer um biopic. O britânico Kingsley Ben-Adir, de 35 anos, foi o ator escolhido este ano para replicar à sua maneira Bob Marley. Reinaldo Marcus Gree (responsável por "King Richard") é o realizador indicado.

 

Em formato de série televisiva de seis episódios, foi contada a história da controversa banda punk Sex Pistols, "Pistol", baseada no livro de memórias de Steve Jones (o guitarrista do quarteto), "Lonely Boy: Tales from a Sex Pistol". Danny Boyle (o cineasta de "Shallowgrave" e de "Trainspotting") assina a realização desta série debaixo do arco da Disney.
 

 

No que respeita aos documentários musicais, veio este ano à luz (do projetor) o aguardado documentário oficial sobre a obra de 54 anos de David Bowie, "Moonage Daydream", uma viagem mais sensorial do que narrativa por entre o imenso arquivo visual do Camaleão. O comandante dessa viagem foi Brett Morgen. O filme teve honras em Portugal de exibições em Imax.

 

Leonard Cohen tem merecido vários documentários, mas nunca um sobre uma canção em específico. "Hallelujah: Leonard Cohen, a Journey, a Song", de Daniel Geller e Dayna Golfine, e que passou por alguns dos nossos cinemas, narra a história longa desta canção, da sua complexa elaboração à sua glorificação e partilha. Vários músicos, como John Cale ou Jeff Buckley, pegaram nesta canção e tornaram-se parte da sua história. 

 

O documentário "George Michael Freedom Uncut", sobre os altos e baixos de George Michael, foi exibido em todo o mundo, incluindo em Portugal. O filme - com depoimentos de gente tão diversa como Elton John, Stevie Wonder, Tony Bennett, ou do mundo da moda, o estilista Jean Paul Gaultier ou os humoristas ingleses Ricky Gervais e James Corden e top-models como Linda Evangelista, Naomi Campbell e Cindy Crawford - foca-se no momento áureo de sucesso do álbum de estreia a solo "Faith" (de 1987) e do longo calvário judicial que se seguiu ao disco subsequente "Listen Without Prejudice Vol. 1" (de 1990). 

 

Foi publicado este ano na plataforma Netflix o documentário sobre a atuação de Jennifer Lopez no Halftime Show do Super Bowl, "Halftime", que contextualiza toda a sua vida naquele momento, bem como a preparação e a execução do mediático espetáculo de 15 minutos de fama planetária em 2020. 

 

Exibido no ano passado, "Summer of Soul", sobre o Woodstock dos afroamericanos, o Harlem Cultural Festival (um cartaz magistral composto em 1969 por Stevie Wonder, Nina Simone, B.B. King, Mahalia Jackson, Sly & The Family Stone, Abbey Lincoln & Max Roach), venceu este ano o Óscar de Melhor Documentário. A respetiva banda sonora, que deixa escapar alguns dos nomes fortes do festival, foi editada no início de 2022. O realizador de "Summer of Soul", Questlove (dos Roots), comprometeu-se este ano a realizar o documentário sobre James Brown, que já tem nome, "James Brown: Say It Loud", tem estreia marcada para 2023, para assinalar o 90º aniversário do padrinho da soul.

Houve também matéria musical no cinema documental português. Eis dois exemplos: o filme sobre os Clã, "Na Sombra", e a forma como foi criado o bastante elogiado álbum de 2020, "Véspera"; ou, em planos mais surrealistas, a longa-metragem sobre Rui Reininho, "a pessoa e não o vocalista dos GNR", em "A Viagem do Rei".  

 

Passou pela Festa do Cinema Italiano o documentário sobre o compositor de bandas sonoras, Ennio Morricone, simplesmente intitulado "Ennio", sobre a forma como engrandeceu filmes reverenciais como "Aconteceu no Oeste", "Era Uma Vez na América", ou "Cinema Paraíso". Não é só o falecido compositor que fala, outros grandes prestam-lhe homenagem, como os realizadores Quentin Tarantino e Clint Eastwood, ou músicos como Bruce Springsteen ou Joan Baez.

 

Por falar em bandas sonoras, o tema-título do último filme de James, 'No Time to Die', de Billie Eilish e de Finneas, já é de 2020, mas em 2022 a música obteve a dobradinha cinematográfica, com o Óscar e o Globo de Ouro de Melhor Canção Original. O filme sequela "Top Gun: Maverick", onde brilha Tom Cruise, brotou mediatismo em tudo o que lhe foi relacionado, incluindo na banda sonora, que contou com uma canção original de Lady Gaga, 'Hold My Hand'.

Quem não pára é o compositor nonagenário John Williams - com um palmarés brutal de bandas sonoras carismáticas como as músicas de "Star Wars", "Superman" ou dos "Os Salteadores da Arca Perdida" - que volta a trabalhar para o cineasta Steven Spielberg, no filme a estrear "The Fabelmans".

 

A nível de bandas sonoras de séries televisivas, o Stranger Things (através da mais recente temporada) voltou a avivar clássicos e os abre a novos públicos, como são os casos evidentes 'Running Up That Hill' de Kate Bush ou 'Master of Puppets' dos Metallica. O single de 1985 de Kate Bush reconquistou os tops e tornou-se um fenómeno de streams no mercado digital, muito graças à sua presença fantasmagórica na quarta temporada de "Stranger Things".

 


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