“Por que o Led Zeppelin não continuou? Era só substituir por outro baterista tal como tantas outras bandas fazem”.
Óbvio que possivelmente nunca você ouvirá esta frase de um fã da banda. Mas pode ter ouvido de algum jovem ainda novato no mundo do rock.
O falecido mas eterno John Henry Bonham que nos deixou em 25 de setembro de 1980, ou seja, há pouco mais de 39 anos foi um integrante fundamental para a sonoridade tão marcante do Led Zeppelin e do qual influenciou milhares de outros bateristas nas décadas subsequentes. Quando se fala da banda, muitos elogiam de primeira normalmente a guitarra incrível de Jimmy Page ou os vocais viscerais de Plant, mas se você prestar um pouquinho mais de atenção ao botar qualquer disco do Led na vitrola ou no player, ouvirá que na imensa maioria das músicas o baterista chama a atenção para si, seja de forma consciente ou não. Aquelas batidas fortes, marcantes, poderosas e aquele padrão rítmico conhecido como “groove” estão sempre lá.
Mas Bonham nunca foi prepotente ou fazia questão de querer sempre os holofotes. Ele chamava a atenção porque ele era simplesmente fantástico naquele banquinho. Não tinha como ser diferente. O Led Zeppelin não seria sombra do que foi sem Bonham e a sua musicalidade. Apesar da gente lamentar muito o encerramento da banda devido a forma trágica como nos deixou, não tinha como ser diferente: John Bonham era e ainda é insubstituível.
Escrevo essa pequena matéria mais para exaltar as incríveis qualidades que esse gênio das baquetas demonstrou na sua rápida passagem pelo nosso planeta em cinco músicas das quais sinto arrepios ao ouvir Bonham bater em seu instrumento. Claro que ele se destaca em tantas outras canções, mas estas cinco são as que me impressionam mais quando se trata de Led Zeppelin e seu andamento rítmico e percussão.
Living Loving Maid (She’s Just a Woman) – (Led Zeppelin II – 1969)
Quem disse que uma pegada simples mas firme não pode ser admirada? Quando eu escuto esta canção me pergunto porque tantos bateristas não soam com a mesma intensidade e pegada de Bonham mesmo quando é uma canção relativamente mais simples como esta?
Immigrant Song – (Led Zeppelin III – 1970)
Olha a energia que Bonham traz a este clássico do Zeppelin. Uma batida reta mas com potência e com os pratos e as paradinhas que você nunca adivinha o momento certo de quando acontecem exceto se você já a ouviu umas duzentas vezes na vida. Sem contar que se ouve o pedal do bumbo claramente. Bons tempos em que a produção musical da época permitia que todos os elementos dos principais instrumentos do rock podiam ser apreciados.
Black Dog (Led Zeppelin IV – 1971)
O que dizer deste outro clássico do Zeppelin em que Bonham puxa toda a atenção para si após as declamações de Plant? O groove de John é claramente sentido aqui durante cada passagem instrumental. Bonham não perdoa os pratos que aqui ressoam com força. Esta é minha música favorita em se tratando de bateria de todos os tempos.
The Song Remains the Same – (Houses of the Holy – 1973)
Aqui se vê toda a riqueza técnica por parte de Bonham com sua pegada veloz, momentos mais vagarosos, paradinhas, mudanças repentinas de andamento e tudo mais. Ele era muito mais do que apenas um baterista com pegada. Esta música comprova isso de longe.
Down by the Seaside (Physical Graffiti – 1975)
Não entendo porque tanta gente quase não fala desse folk rock incrível contido em Physical Graffiti. Uma pegada um tanto quanto praieira, perfeita para se balançar numa rede sentindo aquela brisa marítima em um dia de calor. Bonham aqui soa forte mesmo quando tenta soar suave. Dá a impressão que enquanto os caras querem soar como o Neil Young, Bonzo está lá para continuar exclamando que é o Led Zeppelin tocando.
Você não faz ideia da falta que você faz para o rock, Senhor Bonham!
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