Al Universo - Viajero del Espacio (1976)
Artista: Al Universo
Álbum: Space Traveler
Ano: 1976
Gênero: Rock progressivo psicodélico
Referência: Discogs
Nacionalidade: México
Sobre o álbum (de Federico Rubli, de seu livro Tremécete y rueda: Loco por el rock & roll):
Foi um grupo efêmero da capital que teve suas raízes no grupo progressivo do Nuevo México, já que três de seus elementos se juntaram ao Al Universo: o extraordinário flautista e inquieto experimentador Jorge Reyes, Armando Suárez (baixo) e Miguel Suárez (bateria). Embora deva ser mencionado que os dois últimos não fizeram parte da formação do Novo México que gravou seu importante álbum Hecho en casa. O grupo era completado por Edgar Daliri (violão, voz, sintetizador e violino) e Mauricio Bieletto (violoncello). Al Universo surgiu em uma era negra para o rock, já que em 1976 havia poucos grupos originais que tivessem atividade significativa.
A proposta estilística do grupo é uma espécie de continuidade de seu primo mais velho, o New Mexico, pois define um estilo progressivo muito original e elaborado em algumas linhas lançadas pelo grupo anterior. O ramo que eles não herdaram foi o etno rock. Seu único LP, Viajero del espacio, é uma fusão sofisticada de rock sinfônico, jazz, acid rock e vocais harmoniosos. É também um dos primeiros discos no México a incorporar de forma proeminente o uso do sintetizador. É uma obra extraordinária e original que também esteve à frente do seu tempo e, por isso, foi um talento relegado e incompreendido. Após 30 anos de gravação, acredito que a transcendência e a qualidade do Viajero del espacio mal são compreendidas nos círculos da música experimental.
É um LP equilibrado composto por 10 canções cantadas em espanhol. Space Traveler revela uma extraordinária coesão e acoplamento dos cinco músicos. Não há demonstrações de virtuosismo de nenhum dos membros, que atuam como uma sólida unidade musical. A flauta de Jorge Reyes não tem o protagonismo que teve no Novo México; a espinha dorsal do som do Al Universo é o sintetizador. Uma característica de seu som são as vocalizações harmoniosas. Seu estilo era muito original, se é que havia algumas influências de Yes e Keith Emerson na forma como ele usa o sintetizador, de King Crimson nos refrões e de Pink Floyd nas guitarras.
O álbum abre com a música que lhe dá título, em que o sintetizador mantém o ritmo e apresenta um som fresco e melódico. "Andromeda" e "Encuentro" podem ser catalogados na mesma linha. Por outro lado, as canções "Where is love" e "Adiós" são as que apresentam maior influência erudita com refrões muito harmoniosos. "Nena, puede todo" é a peça mais rock com um bom diálogo entre a secção rítmica do baixo e a bateria, com liderança do sintetizador. "Mundo de pena" é uma composição um tanto estranha, sendo a única do álbum que não atinge plena definição estilística.
Para o meu gosto, as músicas mais profundas, expressivas e sofisticadas do álbum são: "Niño (30 de abril)", com uma boa parte vocal feminina, "Sin tu amor", onde brilham as vocalizações com bom acompanhamento de baixo tocando com a melodia do sintetizador, na peça final, "Foi ontem", a flauta, o violão e a voz lembram muito "Stairway to heaven" do Led Zeppelin.
Os integrantes do quinteto, exceto Jorge Reyes, desapareceram e ao longo das décadas não se soube mais deles. Hoje, ao ouvir seu álbum, cada vez novas facetas são descobertas. Parece-me que a importância do Al Universo não foi totalmente apreciada, pois por exemplo há críticos como David Cortés que mencionam que: "é o único álbum deles, o Al Universo não conseguiu definir-se totalmente... era evidente, e isso foi transmitido a todas as questões que, localizadas no contexto internacional, eram irrelevantes". Ou então Antonio Malacara que escreveu em 1977: "Deixaram um LP médio e indefinido, sem qualquer ressonância comentável". Na minha opinião, as três grandes obras precursoras de um estilo progressivo original no México foram os discos de El Ritual (1971), Novo México (1973) e Al Universo (1976). Sem avaliar cuidadosamente essas contribuições, fica difícil entender a dimensão do desenvolvimento do rock progressivo nacional nos anos subsequentes.
Uma descoberta e tanto para alguns, embora eu o tenha há muito tempo com qualidade de som ruim. Aqui, o último comentário...
Rock suave com influências progressivas, especialmente de grupos italianos em sua era contextual açucarada: BMS, PFM; alguns falam em space rock, mas não consigo achar, talvez se confundam com o nome da banda e do álbum. Um ponto que sempre se leva em conta são seus integrantes (entre eles Jorge Reyes, autor de duas canções) que já se apresentaram ou estariam em grupos como Nuevo México, Super Nahuatl, Chac Mool.
Melodias cobertas por instrumentos de sopro elétrico (que soam como sintetizadores) e letras bem hippies, intensas na expressão emocional mas curtas em termos musicais, lacunas da época suponho.
Começa com "Space Traveler", que soa como Three Souls encontra Chac Mool. “Niño (30 de abril)” é outro ponto alto, um belo tema que culmina com uma passagem de flauta que se inspira fortemente no rock nacional dos anos setenta. Outra musiquinha que me bate muito é "Nena pede tudo" a música mais animada do álbum e que é completamente progressiva. E para rematar as minhas preferidas, a balada "Sin tu amor", tão odiada pelos roqueiros, mas a que os músicos iam com frequência, embelezada sem pudor, por um piano e um sintetizador muito sentimental.
Lista de temas:
2. Niño (30 de abril)
3. Donde está el amor
4. Encuentro
5. Adiós
6. Andrómeda
7. Mundo de pena
8. Nena pide todo
9. Sin tu amor
10. Fue ayer
Formação:
- Jorge Reyes / Voz, flauta, guitarra.
- Armando Suárez / Baixo
- Mauricio Bieletto / Violoncelo.
- Edgard Daliri / Guitarra, violino.
- Miguel Suarez / Bateria.
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