sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Disco Imortal: Bauhaus – In the Flat Field (1980)

 Immortal Record: Bauhaus – In the Flat Field (1980)

4AD, 1980

Punk estava morrendo. Seu próprio vômito o sufocava e uma de suas principais figuras se atualizava e começava a delinear o que mais tarde se chamaria de pós-punk. Public Image Ltd junto com Lydon liderou este novo movimento junto com outras bandas como Siouxsie and the Banshees, Gang of Four ou Joy Division. Nesses momentos, aquele dos movimentos musicais começou a declinar, Peter Murphy junto com a Bauhaus começaram a estabelecer novos ares a tudo isso. O álbum de estreia em inglês foi intitulado "In the Flat Field" e o coven se materializou.

O final dos anos 1970 e o início dos anos 1980 deram à música uma nova era na Inglaterra. A NWOBHM ou mais conhecida como New Wave of British Heavy Metal (Nova onda do heavy metal britânico) começou a dar seus primeiros passos junto com Def Leppard e Iron Maiden. Justamente nesses momentos, esse movimento passou um pouco despercebido pela imprensa daqueles anos. Muitos esperavam que o punk continuasse, mas de outra forma. Assim nasceram a new wave e o pós punk (que não são a mesma coisa), onde a arte, a música eletrônica e a disco entraram junto com novas formas de gravação de vanguarda para fazer seu trabalho com diferentes grupos.

Havia uma banda que estava na moda com todos (como é a frase em francês). Seu estilo, a inspiração que exerceu em diferentes bandas e o multiculturalismo deram a ele um nome em uma cena que ainda resistia à reforma punk. Bauhaus 1919 foi o nome na primeira fase daquelas lideradas por Peter Murphy. No entanto, os números os fariam desaparecer e ficariam apenas com o nome da escola de arte que foi fechada pelo partido nazista e pelas autoridades prussianas.

Uma gravação que foi feita entre dezembro de 1979 e julho de 1980 para ser lançada em dezembro do mesmo ano. A escuridão que este álbum teria seria refletida do começo ao fim. O escolhido para iniciar esta obra de arte é “Double Dare”. As guitarras catatônicas e estrondosas de Daniel Ash nos lembram às vezes The Doors misturado com o art rock do Pink Floyd. Os gritos de Murphy junto com sua raiva são bombásticos. Isso é só o começo, pois na segunda faixa de mesmo nome do LP, 'Príncipe' realiza uma de suas melhores exibições vocais e o dinamismo de todos os seus instrumentos. A bateria tem um ritmo excelente e não desafina. Ele perdura infinitamente junto com as guitarras que Ash e Murphy criaram para uma vantagem eletrizante. Rapaz, eles se saíram bem!

Junto com sons extraídos das imagens de Murphy, ele relata a introdução de “A God In a Alcolve”: “Vá e procure o abatido outrora orgulhoso / Ídolo lembrado em pedra em voz alta / Então em moedas seu rosto foi espelhado / Dê uma olhada em breve deslizou / Para uma laje de mármore fraturada, revestida de renúncia / Seu extrato nutritivo de seus súditos / Aquele perfil de produção em massa». assuntos / Esse perfil produzido em massa»). Em termos de letra e som, esse trabalho se destaca, e demais, mostrando a versatilidade de todo o conjunto, tanto na percussão quanto nas guitarras.

“Dive” tem uma sonoridade bem mais animada, pronta para uma dança ou até um pogo. Uma daquelas peças que te fazem mexer e te excita com aquele uso do saxofone. Para desacelerar um pouco as revoluções temos “Spy In The Cab”, uma faixa mais sombria com uma atmosfera dark, poderia ser quase a inspiração máxima do gótico que viria anos depois. “Small Talk Stinks” é um mistério e “St. Vitus Dance” é a essência do pós-punk. É dançar melhor que os personagens da obra do sueco Ingmar Bergman no Sétimo Selo. Os ritmos são frenéticos e sofisticados, pois até hoje é uma das obras que exalta tanto a vanguarda quanto a sonoridade que teve para se tornar quase um dos pilares do que é a música dos anos 80.

"Nervos" é o último episódio deste livro sombrio e poderoso. Começa devagar, com sons estranhos e improvisações. Algo parecido com o que faziam nos primeiros ensaios, quando gravavam seus projetos em um único take. As distorções são variadas, um Dadaísmo puro que se torna um pouco rock em passagens, mas logo cai nas sonoridades mais pop que seriam aplicadas naquele que seria o seu próximo disco: Mask.
O álbum tem tudo para ter se tornado um dos melhores do gênero. Embora sempre digam que sua segunda longa duração é o trabalho máximo dos ingleses. Murphy e companhia conseguiram conquistar um crítico cansado do punk com esta nova reformulação do som. Sabendo que outras bandas receberam mais crédito quando se tratava de destaque, o Bauhaus se tornou uma banda além do culto com este álbum. “In the Flat Field” tem aquela magia que a torna mais rica musicalmente e nostalgicamente cada vez que é ouvida. Só uma última coisa: você quer ter uma banda de gothic rock ou post punk? A resposta está neste trabalho.

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