Em parceria com o veterano guitarrista Jeff Beck, o ator Johnny Depp patina em 18, álbum de estúdio formado majoritariamente por covers de clássicos do rock e da soul music
Johnny Depp está de volta com um novo trabalho após o espetáculo judicial protagonizado com a ex-mulher, a atriz Amber Heard. Trata-se de 18, álbum registrado em parceria com um de seus ídolos, o lendário guitarrista britânico Jeff Beck.
Para quem não sabe, não é a primeira incursão do ator pelo mundo da música, pois ele divide esporadicamente os holofotes da banda Hollywood Vampires com os rockstars Joe Perry (guitarrista do Aerosmith) e Alice Cooper, além de já ter se aventurado em grupos de pouco sucesso na década de 80, antes de despontar para o estrelato nas telonas.
Sobre o título do álbum, Beck explicou o seguinte em release lançado para fins de divulgação: “Quando Johnny e eu começamos a tocar juntos, isso realmente acendeu nosso espírito jovem e nossa criatividade. Nós brincávamos sobre como nos sentíamos aos 18 anos novamente, então esse se tornou o título do álbum também.”
O material produzido é composto majoritariamente por covers de clássicos do rock e da Motown – icônica gravadora que melhor simbolizou a soul music e o R&B nas décadas de 60 e 70. As únicas composições originais que integram o álbum são as fraquíssimas “Sad Motherfuckin’ Parade” e “This Is a Song for Miss Hedy Lamarr” (homenagem à atriz e inventora austríaca, que fez carreira nos Estados Unidos). A primeira delas, é um rock industrial pouco inventivo; já a segunda, um pastiche de David Bowie. Em ambas as faixas, Depp demonstra uma perceptível falta de habilidade vocal e pouco talento para composição, a propósito, talvez seja esse o motivo para apostar em regravações.
A dupla estraga clássicos como “What’s Going On” (Marvin Gaye), “Ooo Baby Baby” (The Miracles) e “Venus in Furs” (The Velvet Underground). Beck tenta salvar canções como “Isolation” (John Lennon) e “Let It Be Me” (The Everly Brothers), providenciando algumas intervenções acertadas, mas a voz de Depp e as interpretações insossas do ator põem tudo a perder. A única faixa em que Depp se salva é “Stars” (Janis Ian).
Em linhas gerais, os poucos momentos inspirados ouvidos em 18 são proporcionados pelas mãos de Beck, que faz um bom trabalho nas instrumentais “Midnight Walker” (composição do músico irlandês Davy Spillane), e para as regravações de “Don’t Talk (Put Your Head On My Shoulder)” e “Caroline No”, composições do cancioneiro dos Beach Boys.
Ao terminar a audição de 18, conclui-se o seguinte: a) Jeff Beck se meteu numa bela de uma enrascada artística; b) como guitarrista, vocalista e compositor, Johnny Depp é um ótimo ator. Um álbum para ser ouvido e esquecido.
FICHA TÉCNICA
Artista: Jeff Beck & Johnny Depp
Álbum: 18
Gravadora: Warner Music Group
Duração: 55m16s
Data de lançamento: 15 de julho de 2022.
Faixas:
01. Midnight Walker (Davy Spillane)
02. Death and Resurrection Show (Killing Joke)
03. Time (Dennis Wilson)
04. Sad Motherfuckin’ Parade
05. Don’t Talk (Put Your Head On My Shoulder) (Beach Boys)
06. This Is a Song for Miss Hedy Lamarr
07. Caroline, No (Beach Boys)
08. Ooo Baby Baby (The Miracles)
09. What’s Going On (Marvin Gaye)
10. Venus in Furs (The Velvet Underground)
11. Let It Be Me (The Everly Brothers)
12. Stars (Janis Ian)
13. Isolation (John Lennon)
Ouça 18 aqui.
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