segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

O ano dourado de Tim Bernardes. E os shows no Theatro Municipal

 Toda cidade tem seu palco histórico e, no caso de São Paulo, há o centenário Theatro Municipal. Grandes são os nomes que já tiveram a honra de se apresentar nesse teatro de 111 anos, como Maria Callas, Villa-Lobos, Ella Fitzgerald, Duke Ellington e Emicida. Neste fim de ano, um músico da nossa cena independente chegou lá. Tim Bernardes se juntou a essa história ao fazer sua estréia com duas sessões esgotadas no Municipal, na última terça-feira. 

Este foi um ano e tanto para o músico paulistano. Começamos com o lançamento do “Mil Coisas Invisíveis”, seu segundo álbum solo, em junho – nós falamos com ele sobre o disco . Na semana seguinte, o cantor e compositor estava nos Estados Unidos para acompanhar o cultuado grupo americano Fleet Foxes em turnê. E não foi para curtir uns shows de sua banda favorita: Tim abriu 19 shows do FF na América do Norte e seis na Europa. 

Entre um lado e outro do Oceano Atlântico, Tim começou a fazer shows solo apresentando o material de seu novo disco, passando por algumas das principais capitais do Brasil, mais Londres e New York. Bernardes também marcou presença na primeira edição do Primavera Sound em SP, e tocou com Gal Costa em seu último show, no Coala Festival.

Para finalizar o ano, Tim fez uma participação emocionante no show do Fleet Foxes  no Balaclava Festival, marcando o primeiro show da banda em sua cidade, com uma troca de “I love yous” com Robin Pecknold, vocalista do grupo, antes de começar “Going-to-the-sun Road”, colaboração entre os artistas que está presente no disco “Shore”, último do Fleet Foxes, lançado em 2021.

E falando em palco histórico, recentemente Bernardes se juntou a Rubel, Dora Morelenbaum e Lívia Nestrovski na Sala São Paulo em uma homenagem a Gal Costa, acompanhados pela Orquestra Jazz Sinfônica. Você pode assistir o concerto na íntegra aqui.

Ufa, aconteceu tanta coisa, mas finalmente chegamos ao Theatro Municipal. Agora em 2022 Tim passou por palcos muito importantes, como o Theatro José de Alencar, em Fortaleza, a Ópera de Arame, em Curitiba, e o Coliseu de Lisboa. Mas quando falamos em símbolo imponente e histórico da música e arte, é o Theatro Municipal, bem no centro de São Paulo, que vem à mente. É um palco que poderia ter ficado grande para o simples show de piano, guitarra, violão e microfone que Tim leva consigo. Mas, se você jamais tivesse ido ao show dele, talvez achasse que Tim Bernardes toca ali sempre, que aquele palco é tão casa quanto seu estúdio.

Foi uma apresentação dupla de força e delicadeza, o contraste entre o violão e o piano, e a voz. Uma voz única de graves equilibrados e agudos estrondosos. Depois de meses tocando o novo repertório, Tim já demonstra mais conforto com suas músicas, mais destreza ao executá-las fora de estúdio. Afinal tem algumas, como a poderosa “Olha”, que não são tão simples de reproduzir ao vivo. De seu cover de “Soluços”, de Jards Macalé, tocado totalmente no escuro (o que faz com que a dança entre sua voz e o som da guitarra com pedal fuzz fique ainda mais impactante), à finalização de tudo com “Eu Vou”, em versão acapella para um teatro em silêncio total, foi um show à altura do teatro que o recebeu. 

Tim Bernardes talvez seja, hoje, o maior artista da música brasileira contemporânea. Alguns podem até dizer que ele está em seu auge, mas ainda achamos que é daqui para cima. 

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