sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Os 25 melhores discos do universo progressivo de 2022. Parte 1

 

Os 25 melhores discos do universo progressivo de 2022. Parte 1

O ano de 2022 não deixou a peteca cair quando o assunto é a música progressiva, sendo mais um ano de uma entrega pesadíssima de discos de qualidade ímpar. Cada vez sendo mais complicado fazer uma lista, desta vez trago – dividido em duas partes - os 25 discos do universo progressivo que mais me agradaram lançado nos últimos 12 meses. Fiz a lista baseada nos 73 álbuns do gênero em todas as suas vertentes que ouvi nesse período - e mesmo assim não ouvi tudo o que queria.  

25. Ryo Okumoto - The Myth of the Mostrophus Devo admitir que os discos solos de Okumoto nunca me chamaram muito a atenção, mas em The Myth of the Mostrophus, sua sexta oferta, finalmente o tecladista da Spock’s Beard acertou em cheio. Com uma infinidade de convidados que inclui, Nick D'Virgilio, Alan Morse e Steve Hackett, o álbum é uma coleção de boa música, onde tudo é bem escrito e executado de forma deslumbrante, com Okumoto construindo uma base sólida enquanto vários músicos vêm e vão deixando as suas marcas registradas.
24. Oceans of Slumber - Starlight And Ash Se você procura um trabalho produzido inteiramente em tons sombrios, macabros e góticos, eis um ótimo exemplar. A banda conseguiu inovar, sem necessariamente colocar em risco a herança sonora conquistada em discos anteriores. Se você aprecia esse tipo de música, que traz, por exemplo, angústia e aflição, deixo um conselho, escute Starlight And Ash algumas vezes, pois ele é rico e detalhado, com isso, há muito a ser explorado em sua profundidade.
23. Lobate Scarp - You Have It All Um registro diversificado e grandioso de rock progressivo, além de bastante melódico, muito fácil de ouvir e que fica cada vez melhor conforme é repetido. Se você faz parte da comunidade mais melódica e sinfônica do rock progressivo, conhecer este disco é obrigação. Uma verdadeira amalgama de sons em um mar de complexidade e acessibilidade, além de intensidade e delicadeza, tudo sendo executado por músicos brilhantes na arte de compor.
22. Galahad - The Last Great Adventurer Um dos melhores discos da banda? Com toda a certeza, um top 3 fácil. Uma obra-prima do rock progressivo moderno? Ainda não, mas não faltou muito pra isso. A banda segue bastante fiel a si mesma e a sua chama interior por meio de melodias incríveis que combinam perfeitamente bem rock e sons eletrônicos. Um disco que é uma conquista impressionante e capaz de mexer com os sentidos e emoções em uma série de níveis daqueles que o ouve.
21. Banco Del Mutuo Soccorso - Orlando: Le Forme dell'Amore Adoro ver bandas gigantes do rock progressivo ainda hoje lançando algo relevante. É impressionante a maneira com que a banda organizou o álbum, com uma classe e sofisticação de primeira grandeza. Cada um dos instrumentos é uma voz em uma espécie de orquestra colorida e que se encontra em uma mudança constante. A maneira com que há a troca de linhas melódicas entre teclado e guitarra é de tirar o fôlego, já o baixo é usado tanto como instrumento melódico, quanto rítmico, dependendo das necessidades apresentadas por cada música, enquanto a bateria é igualmente capaz de alternar de faixa para faixa entre um ritmo mais cadenciado ou com mais agilidade. Precisa de mais alguma coisa?
20. Tangerine Dream – Raum Quando falamos de música progressiva eletrônica, Tangerine Dream com certeza é uma das suas maiores forças, cujas paisagens sonoras de sintetizadores grandiloquentes de vários dos seus discos em meio a uma discografia com mais de 100 títulos são de uma extrema beleza. Raum foi produzido com acesso aos arranjos do Cudase de Edgar Froese (falecido em 2015) e arquivos capturado de 1977 a 2013. O conteúdo é ótimo e convida o ouvinte para uma imersão em um espaço claramente reconhecível e portador da assinatura sonora de Edgar, onde mesmo que em nenhum momento o som atinja as alturas, digamos assim, ele entrega algo de imenso valor. Por meio de ideias generosas que Edgar deixou antes de falecer e a mão de alunos leais que cresceram – literalmente – na sombra da sua música, a Tangerine Dream entregou um álbum de qualidade que há tempos não se via.
19. Dreadnought - The Endless Um disco de rock progressivo onde as intercalações entre seções pesadas e leves é a sua principal marca. Algo que pode tornar um disco encantador é o quanto os músicos se encontram sincronizados, pois assim é mais fácil de um tocar no ponto forte do outro. Pois bem, é exatamente isso que acontece em The Endless. A música é sombria e mal-humorada, com hábeis oscilações entre sutileza silenciosa e agressividade impetuosa. Não digo que seja uma experiência de “fácil” audição, pois a banda não visa melodias memoráveis, porém, a sua maneira de composição longa, expansiva e não linear tem potencial para agradar um público maior do que se pode imaginar.
18. Motorpsycho - Ancient Astronauts Quando falamos de Motorpsycho, estamos falando de veteranos noruegueses do rock progressivo e que desde 1991 estão sempre lançando discos regulamente. Ancient Astronauts consegue concentrar uma grande dose de expressividade musical, soando até mesmo - caso da última faixa - como uma espécie de trilha sonora de um filme imaginário. Seus temas instrumentais flertam muito bem com o post-rock, além de transmitir uma excelente sensação de fluidez e continuidade que faz com que o álbum tenha um nível elevadíssimo de ponta a ponta.
17. Arena - The Theory of Molecular Inheritance Arena é uma banda bastante consistente em relação a qualidade do seus discos, nunca decepcionando, logo, com The Theory of Molecular Inheritance não foi diferente - a mudança de vocalista com a saída de Paul Manzi para entrada de Damian Wilson foi bastante acertada. Uma escuta muito intensa do início ao fim, com passagens mais melódicas e outras mais pesadas, mostrando uma ampla gama de soluções estilísticas originais e modernas. Álbuns como este são absolutamente recomendados a todos os amantes de sons progressivos, uma mistura de traços clássicos e modernos graças à excelente técnica da banda.
16. Spheric Universe Experience - Back Home Ao ouvirmos um disco como Back Home, não precisamos de um ouvido bem treinado para perceber que estamos claramente diante de uma banda que tem um bom senso para produzir músicas com detalhes, além de possuir um imenso potencial de composição, entregando um disco de metal progressivo com muito vigor, criatividade e musicalidade, além de arranjos complexos e uma produção cristalina. Mesmo 10 anos sem um disco de inéditas, nota-se que a banda não esteve parada, afinal, seu som parece mais maduro - porém, sem perder as suas raízes -, dando a entender que estiveram trabalhando, embora sem lançar nada de novo durante esse período.
15. Bubblemath - Turf Ascension Em relação ao tempo em que estão em atividade – desde 1995, embora sua formação definitiva tenha sido criada somente em 1998 -, Turf Ascension ser apenas o 3º disco dos estadunidenses da Bubblebath é muito pouco, mas ao menos eu posso afirmar tranquilamente que a banda nunca errou em sua música. Um álbum que contém só 4 músicas, ainda que somente uma delas têm menos de 10 minutos – por apenas 3 segundos -, Turf Ascension possui vários fios e várias melodias, onde muitas coisas acontecem ao mesmo tempo, soando excêntrico, mas de alguma forma, com uma grande sensibilidade prog mainstream, sendo assim, um disco em que não é difícil para que o ouvinte veterano de rock progressivo se apaixone rapidamente. Certamente é o disco com as composições mais aventureiras que a banda já gravou.
14. Cosmograf - Heroic Materials Cosmograf, projeto idealizado pelo multi-instrumentista inglês, Robin Armstrong, nunca conseguiu me pegar de jeito, pois apesar de no geral eu gostar de todos os álbuns lançados até hoje, todos sofrem de uma inconsistência, onde alguns momentos brilhantes aqui, acabam se misturando com outros menos inspirados ali. Porém, parece que finalmente saiu aquele disco que eu posso dizer que é superlativo do começo ao fim, com uma musicalidade forte e marcante por meio principalmente das teclas pomposas e guitarras de alto nível, além de uma narrativa intrigante. Bastante acessível e relaxante, nunca em um disco do projeto os elementos musicais, líricos e conceituais foram tão habilmente combinados de forma que envolve o ouvinte em sua história e o leva em uma jornada real.

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