A foto terá sido tirada durante o ano lectivo de 1963/64, altura em que nos apresentávamos de casaco de couro preto, um artefacto caro para as bolsas de cinco tesos sem "patrocínio" que, felizmente, tinham uma série de amigos mais bem vestidos que lhes emprestavam a farpela.
Pela parte (pelo casaco) que me toca, aqui deixo uma nota de saudade para dois bons amigos - o Luís Requixa e o João Botelho - que se foram revezando cada fim-de-semana para que guarda-roupa adequado não faltasse ao "artista".
E vamos lá à composição team:
Da esquerda para a direita:
Sentados - Luís Colaço, guitarra-solo; Nuno Figueiredo, baterista, Duarte Braz, guitarra-ritmo.
De pé - Zé Veloso, guitarra-baixo; Chico Faria, vocalista.
Éramos todos alunos de engenharia, à excepção do Duarte que estudava Direito. Três de nós vivíamos com as famílias, o Chico estava nos "Milionários" e o Duarte nos "Corsários das Ilhas".
O Chico vinha de Moçambique, o Duarte dos Açores (Terceira) e o Colaço de Angola. Nenhum de nós se conhecia anteriormente.
Desta diversidade nasceu um grupo que, com sucessivas remodelações, acabaria por durar durou 7 anos.
Zé Veloso
Benjamim dos Álamos, Luís Monteiro tocou nos 50 anos do conjunto à revelia do seu médico. Está ainda em convalescença de uma intervenção cirúrgica.
Baterista profissional em Oslo, Luisinho Pop, como é carinhosamente tratado pelos seus companheiros, tocou em quase todos os conjuntos ié-ié de Coimbra: Álamos, Hi-Fi, Pops, Cocktails, Lordes..
José Veloso (baixo e voz), Luís Monteiro (bateria), Luís Filipe Colaço (solo, harmónica e voz) Duarte Brás (voz e guitarra-ritmo).
Conjunto ié-ié de Coimbra, os Álamos celebraram hoje à noite 50 anos na Casa dos Açores, em Lisboa, com muita música, champanhe, cobrança de dívida de 1963 e "encores preparados".
Zé Veloso, organizador do evento, brilhou no baixo, nas segundas vozes (1ª em "If You Need Me") e no "contexto" (literal).
Luís Filipe Colaço foi grande no solo e na harmónica (portento em "I Can't Stop Loving You").
Duarte Braz dedilhou bem a guitarra-ritmo e segurou bem a voz, mesmo quando se perdeu com as folhas no "encore" de "Crying Time" (mesmo preparado).
Luís Monteiro, benjamim do conjunto, orgulhoso da sua t-shirt dos Beatles, tocou bateria à revelia do seu médico (está em convalescença de uma intervenção cirúrgica) e pôs-se de pé para a melhor interpretação da noite, "Colours" (na minha opinião, é claro!).
Durante a récita, os Álamos tocaram "The Young Ones" (duas vezes), "Be-Bop-A-Lula" (duas vezes), "Apache", "Sleepwalk", "Cryin' Time" (duas vezes), "Detroit City", "I Should Have Known Better", "Baby It's You", "Greenback Dollar" (duas vezes), "Nivram", "Cosy", "Massachussets", "I Can't Stop Loving You", "All My Sorrows", "Mr. Tambourine Man", "If You Need Me", "Colours", "Sloop John B", "The Great Pretender" (com a ajuda do povo) e "I Saw Her Standing There" (duas vezes, é o "amen" do conjunto).
A sala estava cheia e meteu bailarico.
José Veloso intervalava a "série de 3 canções" com explicações várias sobre o conjunto, revelando nomeadamente que não tocavam juntos há uns 45 anos.
Explicou que os Álamos eram uma "espécie de choupos", um "conjunto de bacalhaus" (referência à forma das guitarras) e que durante os seus 7 anos de existência tocaram em todo o território continental, mas também na Madeira, Açores e em Angola.
"Dissolvemo-nos em 1969, sem se perceber como, talvez devido à crise académica, à tropa".
"Éramos um conjunto de baile e, graças a Deus, os bailes não faltavam, nas Faculdades, nos Liceus, nas Queimas, nas Associações. Ao princípio éramos muito Shadows, mas depois os Beatles tomaram conta disto tudo".
José Veloso, que era à época o tesoureiro dos Álamos, foi contando histórias.
Numa delas, referiu a existência de um "calote de 100 escudos" da organização do baile do 6º Ano Médico. De imediato, salta da assistência um "jovem grisalho": "Eh pá, isso agora dá 50 cêntimos. Toma lá!".
E pagou a dívida! Tinha sido, há 50 anos, o organizador desse baile, José Augusto Antunes, actualmente médico pediatra.
E, claro, com a espuma do champanhe, gritou-se o FRA, grito tradicional dos estudantes de Coimbra.
Luís Pinheiro de Almeida
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