sábado, 10 de dezembro de 2022

Resenha Wɔyaya Álbum de Osibisa 1971

 

Resenha

Wɔyaya

Álbum de Osibisa

1971

CD/LP

Há tempos estou ensaiando escrever sobre Osibisa. Escolhi o preferido da maioria, Woyaya, meu também. 
Primeiro vamos viajar nas artes de Roger Dean para os inaugurais álbuns do Osibisa, unir imagem e som respirando o misterioso junto ao cheiro exclusivo do papel velho do vinil.
Incomum a ilustração de um elefante voador atacando iguanas gigantes, sobretudo na simplicidade da ilustração mantendo o charme das capas de Roger, vide YES e nossas experiencias progressivas. Não confundir Osibisa com rock progressivo, por Deus, não façam isso! 

Osibisa é uma banda ganense-britânica, fundada em Londres no início dos anos 1960 por quatro expatriados da África Ocidental e três músicos caribenhos. União de batidas africanas comparativas a grupos como Mandrill, Assagai e o espanhol Barrabás, ou mesmo as aventuras de Santana ao inicio de carreira. 
Outros álbuns do Osibisa são ótimos, mas, Woyaya revela-se absoluto. 
Atualmente constata-se disputa de espaço entre músicos, no Osibisa todos cumprem papeis fundamentais para no final refletir a música em estado de riqueza instrumental. 
Não é simples cravar o estilo Osibisa quando ouvimos inúmeros padrões desde a base africana, retoques jazz rock e instrumentos diversos. Destaque para flautas, pianos e trompetes apoiados por congas e bongôs. Também cantos semi gospel submersos no espirito da terra Africa e subjacentes.

Desnecessário desmembrar sete canções de caráter uniforme. São momentos intermitentes de suavidade, peso e linhas de contrabaixo feitas para unir seus pares, de veras com suingue obrigatório e hipnótico, quer um exemplo? Ouça "Survival" e reparem os graves em levadas simples e treme chão. Também foi tema de abertura em 1973 com a novela Camomila E Bem-Me-Quer (Rede Tupi). 

"Spirits Up Above" trás paz ao coração, da mesma maneira a abertura com "Beautiful Seven", é, a flauta, sagrado instrumento subestimado ao qual deveria ter brecha em qualquer arranjo, em qualquer estilo, desde que usado com expertise, Camel é um bom exemplo.

"Move On" é a preferida por ampliar vocais com o baixo pendular. O refrão tem sabores explosivos. 
Em verdade Woyaya é único todos os sentidos, parece encontro sagrado com algo que perdemos há tempos, o encontro com a terra. 
Voltando a capa, reforço o trabalho de restauração na cópia judiada, trabalhão ao pintar partes avariadas da capa e contracapa, emoldurando com fita isolante e tudo mais, método de pobre que não pode comprar discos a bel prazer. 

Na minha capa dupla dorme a curiosidade, pois o antigo dono parece ter ranço com os integrantes, como num ritual riscou a cara de todos, poupando só o vocalista. Nos anos 70 talvez fosse a forma de cancelamento. "Arte infantil"? Não, os riscos são mirados nos olhos dos sujeitos. Algum tipo de magia? Pode ser.

Extrapolando a conversa principal, ainda nos anos setenta Osibisa fez versão inusitada para The Coffe Song (Bob Hilliard e Dick Miles), gravada pela primeira vez por Frank Sinatra em 1946. Alusão a farta safra do café brasileiro. Vale a pena conferir!

Sem delongas, Woyaya pertence aos maiores clássicos da música africana. 


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