Murray Street é um disco perfeito no equilíbrio entre devaneios sónicos e canções mais lineares e imediatas. É um dos grandes trabalhos dos Sonic Youth.
Equilibrando na perfeição o sal com o açúcar, Murray St. foi o álbum que os Sonic Youth precisavam de ter feito em 2002, na ressaca do mais desinspirado NYC Ghosts & Flowers, e numa altura em que a atenção para as bandas de guitarras se centrava nas novas bandas, Strokes, White Stripes e Interpol à cabeça.
Primeiro álbum a contar com Jim O’Rourke como membro oficial, o que robusteceu definitivamente o som dos Sonic Youth, Murray St. contém alguma da melhor música alguma vez feita pelo grupo: a sequência inicial “The Empty Page”, “Disconnection Notice” e “Rain on Tin” é o melhor que o disco tem para oferecer, mas a viagem até ao último apeadeiro é sempre inspirada.
O disco é, no geral, uma renovação do som do grupo – não chega para fazer a revolução, mas houve um evidente refrescamento de ideias, e há aqui material de sobra para agarrar os fãs menos aventureiros e os entusiastas de tudo o que foge do convencional.
Foi inspirado pelo 11 de setembro, é um disco que respira Nova Iorque por todos os poros, mas nem o tempo nem o espaço foram, percebemos agora, determinantes na análise quase 20 anos depois: estas canções não envelheceram, a inspiração continua toda à vista, e a audição de Murray St. continua tão ou mais prazerosa. É obra.
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