Ao décimo disco, em 1998, os Sonic Youth dificultaram a empreitada. Lançado em paralelo com alguns EPs mais experimentais, A Thousand Leaves tem muitos rebuçados para os devotos mas está longe de ser um disco fácil para os incautos.
“Sunday”, o single de avanço, até tinha Macaulay Culkin, já na altura ex-estrela de cinema, a levar sozinho um teledisco às costas, e o tema em si era até enganador e relativamente – dentro do campeonato Sonic Youth – acessível. Mas o todo não foi de fácil digestão e hoje em dia A Thousand Leaves é mais obra de culto para uma certa falange que um colosso intemporal e inquestionável como algumas obras passadas e, verificou-se depois, alguns tomos posteriores.
O mérito maior da obra de 1998 está nos detalhes. Se, enquanto álbum, o disco não é dos mais coesos do grupo, aqui e ali há, como sempre, pormenores de bom gosto e elegância, quase sempre ancorados nas diversas mudanças de rumo que as canções – algumas delas parecem ter várias canções numa só – levam.
“Hits of Sunshine (For Allen Ginsberg)” é uma grande, grande canção, há mais dois ou três momentos, mas a longa duração do registo – mais de hora e dez – e a comparação com os momentos maiores do grupo fazem A Thousand Leaves não ser recordado como um disco fundamental dos Sonic Youth, o que é perfeitamente entendível.
Quem gostar de uns Sonic Youth mais explorativos, não necessariamente furiosos, tem aqui um disco cheio de méritos e pode ainda explorar alguns EPs lançados por esta altura na editora da banda, nomeadamente Anagrama. Quem procurar canções mais redondas, tem melhor oferta atrás e à frente. Mas, na procura e na contextualização total da obra, a paragem em A Thousand Leaves estará sempre longe de ser tempo perdido.
Sem comentários:
Enviar um comentário