sábado, 7 de janeiro de 2023

CRONICA - STEPPENWOLF | Slow Flux (1974)

Retorno da Besta!

No Dia dos Namorados 72, Steppenwolf se separou após 8 álbuns a serviço do rock selvagem. O cantor/dirigente John Kay tenta carreira a solo onde lança dois Lp em nome da editora ABC Dunhill que abrigou o lobo das estepes.

Uma tentativa solo indiferente. Aliás, para John Kay a conta não está aí, provavelmente para esse maldito hit “Born To Be Wild” que gruda na pele e que os fãs vão lembrar. O ABC, portanto, deixa de cobrar publicando apenas uma compilação em 1973 por serviço prestado.

Daí surgiu a ideia do cantor canadense reformar o Steppenwolf. Dos velhos tempos, ele lembra o organista Goldy McJohn, o baixista George Biondo e o baterista Jerry Edmonton. Para a guitarra, chamamos um novato, Bobby Cochran, cujo tio é o cantor de rockabilly Eddie Cochran.

Todas essas pessoas bonitas assinaram com a Epic e em 1974 produziram um 33 rpm intitulado Slow Flux .

Estamos em 1974 e o hard rock, desdobramento do blues rock, deu um passo à frente. Deep Purple inunda as ondas do rádio com riffs hard funk, Black Sabbath impõe um heavy metal cada vez mais dark, sem falar em promissores estreantes como Aerosmith ou Thin Lizzy com um estilo mais direto.

Composto por 10 faixas, este Slow Flux parece excêntrico. Basicamente com Steppenwolf, estamos acostumados. Mal "Born To Be Wild" balançou em 1968 que o combo liderado por John Kay foi ultrapassado no ano seguinte pelos dois primeiros álbuns do Led Zep, duas porcarias incendiárias nunca antes ouvidas. Uma pena para quem foi um dos inventores do hard rock.

O disco começa com “Gang War Blues” onde encontramos o rock característico do lobo da estepe, áspero, pesado e engajado. Reconhecemos o órgão cavernoso de Goldy McJohn, a voz nervosa e áspera de John Kay. Além disso, Bobby Cochran faz um excelente trabalho com sua viciosa guitarra elétrica de seis cordas, tanto nos ritmos quanto nos solos, trazendo uma nova lufada de ar fresco. Um bom começo que nos remete nostalgicamente de volta a Second and Monster .

Percebemos esse espírito em "Children Of Night", a barulhenta "Get into the Wind", a doentia "Jeraboah", a descolada "A Fool's Fantasy", bem como a balada "Smokey Factory Blues" com aromas country e prog. Há também essa balada ingênua, "Morning Blue", que nos lembra um certo passado.

Isso é o lado bom deste LP. O ruim (ou o menos terrível, se preferir) são essas músicas acompanhadas de metais, que se perguntam o que eles estão fazendo aqui. Pena que estraga um pouco a festa. Começando com a balada “Justice Don't Be Slow”, assim como o rhythm & blues “Straight Shootin' Woman”. Felizmente, em alguns lugares, Bobby Cochran salva o dia. O pior é o título final, "Fishin' in the Dark" com seu camelô saído de um carnaval caribenho.

Em suma, um disco vacilante mostrando-se porém cativante mas depois de várias audições. Slow Flux será a última contribuição de Goldy McJohn. John Kay insatisfeito com esse negador o despede. Seu órgão de toque pode ser retrô. Membro fundador, ele morreu em agosto de 2017 após uma parada cardíaca aos 72 anos.

Títulos:
1. Gang War Blues
2. Children Of The Night
3. Justice Don’t Be Slow       
4. Get Into The Wind
5. Jeraboah
6. Straight Shootin’ Woman
7. Smokey Factory Blues      
8. Morning Blue        
9. A Fool’s Fantasy
10. Fishin’ In The Dark

Músicos:
John Kay: Vocal, Guitarra
Goldy McJohn: Teclado
Bobby Cochran: Guitarra
George Biondo: Baixo, Backing Vocals
Jerry Edmonton: Bateria
+
Charles Black, Don Ellis, Gil Rathel, John Rosenberg, Sam Falzone: Brass
Skip Konte: Chamberlin

Produtor: Steppenwolf

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