A saída de John Jones e Terry Rowley poderia ter soado como a sentença de morte para o Trapeze. Pelo contrário, foi o melhor que poderia acontecer ao grupo que, centrado no essencial, ia encontrar o seu caminho. Porém, se a nível de composição o resultado for muito bem sucedido (entre Free, Humble Pie, Wishbone Ash e Black Sabbath), um elemento ainda fica preso a nível de interpretação...
Muito inspirada em Free, “Black Cloud” é um mid-tempo bastante agradável entre Hard Rock e Rock acústico para começar. Curiosamente, Glenn Hughes na época tenta imitar Paul Rodgers e se vê no fio quando ele força a voz. Também criticamos o título por ser um pouco longo (seis minutos) pelo que tem a dizer. Três ou quatro minutos teriam bastado. Com seus riffs estilo Sabbath, a ambiciosa e épica "Jury" está próxima da obra-prima do Hard Rock. Perto ? O que o impede de alcançá-lo? Bem, por mais inacreditável que pareça, a voz de Hughes, novamente, carece de força e emperra assim que ele a força. No final, se ficarmos desapontados com a performance vocal de Hughes que está longe neste disco das alturas que irá atingir em breve, o que impressiona são os talentos dos compositores e guitarristas de Mel Galley. Seu senso de riff de fato continua em "You Love Is Alright", título do Hard Blues, mas onde já sentimos o senso rítmico funky de Glenn Hughes e Dave Holland que viria a fazer a fama do grupo.
Entre momentos de Rock casual com um riff terrivelmente classudo e explosões francas, "Touch My Life" tem um novo lado Free nada desagradável. É na balada “Seafull” (perto de Wishbone Aah, mas mais bluesey) que o Glenn Hughes que amamos finalmente aparece. Não mais buscando forçar sua voz (demais) e imitar Paul Rodgers, ele começa a encontrar ali seu estilo e seu alcance vocal. Galley é quase tão convincente como cantor quanto guitarrista em "Make You Wanna Cry", um Hard Blues muito sedutor que prenuncia Whitesnake (não é à toa que o pai de Coverdale acabou ligando para ele). Quanto ao seu solo, apoiado pelo baixo deliciosamente groovy de Hughes, é simplesmente um deleite. Inquestionavelmente, a sombria "Medusa" é o ápice do álbum. Os vocais de Hughes são melhor controlados do que em "Jury" e as partes de guitarra de Mel Galley não têm nada a invejar às de Tommy Iommi. A mistura entre momentos acústicos delicados e momentos mais pesados também faz sucesso.
Considerado um dos álbuns mais subestimados desta época, Medusa sem dúvida merece este título. No entanto, deve-se admitir que o álbum sofria de um Hughes que não estava exatamente em seu lugar vocalmente. É ainda mais lamentável que se tivesse sido gravado um pouco mais tarde, quando o baixista-vocalista finalmente desprendeu o que faltava para se tornar uma das vozes mais impressionantes do Hard Rock, o álbum teria melhorado muito em qualidade. Ainda assim, os três músicos, ao nível dos seus instrumentos, não têm nada a invejar a ninguém. Menção especial para Mel Galley, a arma secreta da banda, sem dúvida um dos guitarristas e compositores mais subestimados do início da era do Hard Rock. Em suma, tudo isso foi muito encorajador para o futuro.
Títulos:
1. Black Cloud
2. Jury
3. Your Love Is Alright
4. Touch My Life
5. Seafull
6. Makes You Wanna Cry
7. Medusa
Músicos:
Glenn Hughes: Vocal, baixo, piano
Mel Galley: Guitarra, vocal
Dave Holland: Bateria
Produção: John Lodge
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