“The Grand Change”, música de abertura de Labyrinth of Dreams, primeiro álbum do Elegy, poderia tranquilamente estar em Operation: Mindcrime, clássico do Queensrÿche e um dos discos definidores do prog metal. A estreia da banda holandesa foi lançada originalmente em 1992, enquanto o álbum do Queensrÿche é de 1988. Esse intervalo de quatro anos provavelmente impediu o Elegy de alcançar o mesmo status que o quinteto liderado pelo vocalista Geoff Tate, pois o grupo estreou em uma época onde o tipo de som que fazia perdia espaço a cada dia para a avalanche grunge.
Labyrinth of Dreams segue todo nessa pegada, unindo a melodia com andamentos quebrados, porém acessíveis, e com doses equilibradas de peso. Devidamente remasterizado a trazendo músicas bônus, foi lançado no Brasil em uma edição slipcase pela Hellion Records, acompanhado de versões com o mesmo acabamento para os dois álbuns seguintes do Elegy, Supremacy (1994) e Lost (1995). Labyrinth of Dreams vem com um pôster com a capa do álbum e encarte de doze páginas com todas as letras.
Confesso que fiquei bastante impressionado com o disco de estreia dos holandeses, e admito que não conhecia a banda até ter o álbum em mãos nessa nova edição. O refinamento instrumental é evidente, com um excelente trabalho dos guitarristas Arno van Brussel e Henk van der Laars, ambos explorando timbres limpos. Martin Helmantel é um baixista elegante, enquanto o baterista Ed Warby tem uma pegada pesada mas sem abrir mão da técnica. O timbre de Eduard Hovinga é próximo ao de Tate, e o vocalista também traz trejeitos teatrais para suas interpretações.
O tracklist, que conta com dez faixas, me agradou muito e passeia por canções cativantes como “I’m No Fool” (dona de um refrão pra lá de grudento), “Take My Love”, a quebradeira das instrumentais “All Systems Go” e “Mass Hysteria” e o hard prog acessível de “Over and Out”. As músicas são todas niveladas por cima, o que tornou o resultado final bastante sólido e mostrou um disco de estreia muito promissor.
Entre as canções, destaque para a abertura com “Windows of the World”, para a influência flamenca no prog power “Angels Grace” (com um bonito trabalho de violão de Laars), “Circles in the Sand” e a ótima música título. O álbum apresenta um trabalho de guitarras muito legal, com solos rápidos, bases criativas e harmonias super presentes, o que acentua a característica power, que é facilmente percebida. E claro, a capa merece destaque, criação do estúdio holandês Squad.
O Elegy retornou em 1995 com o seu terceiro disco, Lost, e transformado em um sexteto com a chegada do tecladista Gerrit Hager. Há um equilíbrio maior entre o frescor da estreia e o apelo mais power do segundo álbum, gerando um álbum que é bastante agradável e traz as guitarras evoluindo ainda mais e aproximando-se, mesmo que timidamente, até mesmo do estilo neoclássico. Porém, os vocais de Hovinga, que já caminhavam para um estilo mais exagerado em Supremacy, aqui embarcam de vez na pomposidade, o que acaba prejudicando um pouco o resultado final. A abertura com “Lost” é bem legal, “Always With You” é grudenta como todo metal melódico e “Spanish Inquisition” fecha o disco com guitarras rapidíssimas.
Após a turnê de Lost, em que a banda dividiu o palco com Yngwie Malmsteen, o Elegy sofreu um duro golpe com a saída de três integrantes: o vocalista Eduard Hovinga, o guitarrista Gilbert Pot e o tecladista Gerrit Hager. Isso levou a um recomeço e marcou o fim da primeira fase do grupo, que permanece na ativa até hoje, agora como um quarteto e com o baixista Martin Helmantel como único integrante original.
Como já dito, as edições lançadas no Brasil pela Hellion Records, e que foram chamadas de “edições definitivas”, vêm todas em CDs slipcase com pôsteres, encartes com letras e músicas bônus – no caso, duas faixas extras para cada álbum.
Um grande resgate e uma ótima oportunidade para ter esses CDs na coleção.
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