Discipline - Captvives of the Wine Dark Sea (2017)
Nos últimos vinte anos é verdade que a banda lançou apenas dois álbuns, mas também é inegável de que são dois discos de qualidades absurdas. Mas apesar desse espaço tão grande de lançamentos, tendo o último sido à seis anos, o resultado obtido em Captvives of the Wine Dark Sea mostra que valeu apenas esperar, pois o resultado aqui apresenta um disco que transpira classe. Tecendo músicas lindamente trabalhadas através de histórias excitantes e emocionais com toques de melancolia, embora também haja uma sensação de positivismo e brilhantismos nas faixas. Suas influências estão bastante em Van der Graaf Generator e King Crimson para citar apenas duas delas, mas essas bandas são usadas apenas como um ponto de partida, sendo assim, a banda também desenvolveu o seu próprio som.
O álbum contem sete faixas tendo como resultado um trabalho de quarenta e cinco minutos, o veterano produtor Tarry Brown que já produziu bandas como Rush e Fates Warning ofereceu aqui uma mistura que mantem bastante claro e identificável os instrumentos deixando tudo equilibrado, acompanhado de uma alta qualidade nas performances de toda a banda.
A abertura do álbum é com nove minutos de “The Body Yearns”, os pianos e os vocais de Matthew tecendo a história. No meio do caminho há uma mudança lenta de ritmo, quase sinistra, antes de retornarem a melodia original da música. A segunda faixa é “Life Imitates Art”, aqui estamos nitidamente no território do Van der Graaf Generator, como teclados e baterias enérgicas, boa marcação de guitarra e um coro bastante atraente. Uma música que me ganhou logo de cara.
“S” é um dos momentos do álbum em que a banda tem a oportunidade de flexionar seus poderosos músculos musicais. Parece inspirar-se em peças clássicas com teclados na frente e contraponto pela guitarra com toques crimsonianos para construir a tensão antes que o fluxo se rompa e a música se torne um pouco perturbadora. “Love Songs” é quase uma música anti amorosa com Matthew suplicando “não me fale de canções de amor” e depois cantando “eu só quero ficar sozinho”. A música dá uma sensação que remete aos Beatles, tem ótimos violões quando é necessário, linhas de guitarras encorpando a faixa e ao fundo pianos edificantes. Uma canção de rock direta e de melodia cativante. “Here There Is No Soul” é quase uma canção de rock direto com uma melodia cativante, mas no meio do foco começa a mudar com a guitarra e órgão, dando-lhe uma sensação mais "prog".
“The Road Game”, faixa instrumental de uma melodia que gruda facilmente à cabeça. Bastante progressiva e bem estruturada ao melhor estilo no qual a banda é bastante conhecida. Todos os instrumentos trabalhando em perfeita harmonia e sendo um gancho perfeito para o épico que fecha o álbum. “Burn The Fire Upon The Rocks” com seus quatorze minutos e meio encerra o álbum, uma demonstração perfeita de como apresentar uma longa canção e fazê-la ser vista também como uma obra de arte. Composta por sete parte ou movimentos, tudo soa de maneira muito coesa, cada um fluindo para o outro sem que separação óbvia entre eles. Às vezes uma liderança das guitarras com os teclados em suporte. À medida que os vocais se juntam a banda após um piano mais jazzístico que lidera a música por um momento, Matthew se mostra arrebatador em sua interpretação. A música continua a evoluir com uma oportunidade de Chris Herin mostrar a sua qualidade na guitarra enquanto a cozinha baixo e bateria de Mathew Kennedy e Paul Dzendzel, respectivamente, respondem a mudança de ritmo sem nenhum esforço. À medida que a música vai chegando ao seu fim, a guitarra e os teclados estão quase em duelo, acompanhados pelos ritmos da bateria.
É interessante perceber que as contribuições de Chris Herin (Tiles) encaixaram bem no som da banda, considerando que o guitarrista anterior, Jon Preston Bouda, foi um elemento chave na sonoridade do grupo.
Captvives of the Wine Dark Sea é um trabalho criativo, um bom exemplo de música progressiva moderna e outro excelente complemento ao cânone da Discipline. Todos nós precisamos de alguma disciplina em nossas vidas e não há maneira melhor que começar do que aqui.
Track Listing
1.The Body Yearns - 9:24
2.Life Imitates Art - 4:18
3.S - 4:11
4.Love Songs - 3:42
5.Here There Is No Soul - 3:20
6.The Roaring Game - 6:10
7.Burn The Fire Upon The Rocks - 14:30
2.Life Imitates Art - 4:18
3.S - 4:11
4.Love Songs - 3:42
5.Here There Is No Soul - 3:20
6.The Roaring Game - 6:10
7.Burn The Fire Upon The Rocks - 14:30
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