O prolífico guitarrista, vocalista e produtor Joe Bonamassa, um dos principais nomes das seis cordas na atualidade, dá prosseguimento em sua discografia solo pouco mais de um ano após o lançamento do excelente “Royal Tea”. Desta vez, o músico apresenta ao ouvinte “Time Clocks”, décimo quinto álbum gravado em estúdio.
Produzido pelo parceiro de longa data Kevin Shirley, onipresente nos trabalhos de Bonamassa desde “You & Me”, álbum lançado no já distante ano de 2006, “Time Clocks” foi gravado em fevereiro de 2021 no Germano Studios, localizado na cidade de Nova Iorque. A produção do disco se revelou um inédito desafio na carreira dos participantes, pois devido às restrições impostas pela pandemia, Shirley não conseguiu viajar de sua casa na Austrália aos Estados Unidos. A solução encontrada foi produzir o trabalho remotamente, valendo-se de muitas horas de reuniões online e trocas de arquivos pela internet. Apesar da citada dificuldade, o resultado do trabalho é impecável.
Como sempre, o guitarrista foi acompanhado por excelentes músicos, marcam presença o baterista Anton Fig, o tecladista Lach Doley, o baixista Steve Mackey, o percussionista Bobby Summerfield, o tocador de didjeridu (instrumento musical de origem aborígene) Bunna Lawrie e as vocalistas de apoio Mahalia Barnes, Juanita Tippins e Prinnie Stevens. Outro detalhe que chama atenção é a bela arte da capa, feita pelo artista gráfico Hugh Syme, conhecido pelos trabalhos realizados para o Rush, Aerosmith, Dream Theater e outros.
A mixagem do álbum foi realizada com maestria pelo experiente engenheiro Bob Clearmountain (Bruce Springsteen, Tina Turner, Rolling Stones e David Bowie), utilizando a tecnologia Dolby Atmos, que confere uma sonoridade riquíssima em texturas.
“Time Clocks” não pode ser considerado um álbum conceitual, mas o assunto que permeia todas as dez faixas são reflexões sobre a passagem do tempo. No alto de seus quarenta e quatro anos de idade, mais de trinta dedicados a carreira (iniciada aos doze), Bonamassa tem muito a dizer.
A viagem sonora se inicia com “Pilgrimage”, uma faixa instrumental enxuta e cinematográfica que transborda um sentimento lúgubre que tomará conta de todo o disco. A faixa seguinte é “Notches”, uma composição feita com a colaboração do guitarrista e vocalista Charlie Starr (Blackberry Smoke), que traz um riff de guitarra memorável. Na sequência Bonamassa engata o blues “The Heart That Never Waits”, coescrito pelo velho parceiro James House.
As baladas estão muito bem representadas no álbum pelas intensas “Time Clocks” e “Mind’s Eye”. A primeira delas possui um ar épico que mistura country, blues e rock com maestria, a segunda, por sua vez, conta com um solo de guitarra repleto de feeling.
O blues rock mais tradicional também marca presença com “Questions and Answers” e “Hanging On A Loser”, essa última com uma vibe Allman Brothers.
Bonamassa expõe suas influências progressivas em “Curtain Call” (um rock grandioso repleto de passagens orquestradas) e “The Loyal Kind”, uma parceria com o guitarrista Bernie Marsden (ex-Whitesnake) que traz uma fração do DNA do Jethro Tull impregnado no riff introdutório de violão e flauta.
O álbum fecha com “Known Unknowns”, um rock suave com tempero gospel.
Joe Bonamassa é um artista que surpreende pela regularidade superior apresentada em cada trabalho em que põe as mãos, e “Time Clocks” é mais um exemplo cristalino dessa constatação. Além dos riffs e solos de guitarra executados com técnica refinada e intensidade, o guitarrista apresenta um apanhado de boas letras que refletem sobre a passagem do tempo. Eis aqui um candidatíssimo a figurar no topo das tradicionais listas de melhores do ano elaborada pelas publicações musicais.
FICHA TÉCNICA:
Faixas:
01. Pilgrimage
02. Notches
03. The Heart That Never Waits
04. Time Clocks
05. Questions And Answers
06. Mind’s Eye
07. Curtain Call
08. The Loyal Kind
09. Hanging on a Loser
10. Known Unknowns
Clique aqui para ouvir Time Clocks.
Sem comentários:
Enviar um comentário