Oracular Spectacular é um disco ambicioso e com ideias bem assentes, misturando com mestria as várias influências dos MGMT. Um clássico instantâneo que vale a pena descobrir em qualquer década que estejamos.
O álbum de estreia dos MGMT começa imediatamente com uma canção que indica a que vem este duo composto por Andrew Vanwyngarden e Ben Goldwasser. “Time to Pretend” é eletrónica, animada e fala da vida de rock star idealizada. Como o nome indica não é mais que uma fantasia mas notamos logo o sentido de humor, com frases como “the models will have children/we’ll get a divorce/we’ll find some more models/everything must run its course” e outras parecidas.
O álbum de onde sai esta canção, Oracular Spectacular, é bem construído de início ao fim, com ganchos pop, inspiração no psicadelismo dos 60 e sobretudo é um disco fácil de entrar, e ficar, no ouvido. Podemos só deixar-nos levar e dançar, ou podemos escutar com atenção todos os detalhes, já que dificilmente é um disco que envelheça mal. Sim, tem o seu quê de inocente, ao contrário de Congratulations, mas foi inequivocamente um ponto alto do indie no início do séc. XXI. Na altura foram comparados aos Mew, uma excelente banda quase esquecida que demonstra apenas que não havia muito com que comparar na altura.
Estabelecida assim a importância, apoiada nos singles “Time To Pretend”, “Kids” e “Electric Feel”, não deixamos de sentir que o disco perde algum fôlego depois de soarem os êxitos. Ainda assim, neste disco de altos e baixos, os altos sobem muito e as quedas são pouco acentuadas.
Depois de “Time To Pretend” vem “Weekend Wars”, “The Youth” e logo então, “Electric Feel” e “Kids”. Estamos a meio do disco e depois de uma sequência destas é complicado manter o nível.
Notaram, certamente, que entre os êxitos temos ali duas canções. Mais lentas e menos material para single, não deixam de ser pegajosamente incríveis. A pior quebra é depois da quinta faixa e lá está, não é de todo que seja inferior. Temos “4th Dimensional Transition”, uma cavalgada que nos faz entrar mais no psicadélico e menos na synthpop. É um trabalho com um óbvio lado A e lado B, onde a segunda metade se alinha com o seguinte álbum, Congratulations de 2010. Os sintetizadores ficam no lado A e para o outro lado do disco, o moog e sons de órgão é que mandam nas canções.
Oracular Spectacular, especialmente se tivermos em conta que é um primeiro trabalho de uma banda, é ambicioso e com ideias bem assentes, misturando com mestria as várias influências de Vanwyngarden e Goldwasser. Um clássico instantâneo que vale a pena descobrir em qualquer década que estejamos.
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