Donald Glover é uma das grandes forças criativas dessa geração. O cara é ator, diretor, roteirista (vejam Atlanta!), comediante, e, é claro, músico, assumindo o nome Childish Gambino. Um dos artistas mais interessantes dos últimos anos, o Rapper vem dando uma guinada ao Soul/R&B contemporâneo desde seu último (e maravilhoso) disco Awaken, My Love! (2016), e, no último dia 25, nos presenteou com um álbum supresa, “3.15.20”.
O que mais me chama na atenção no disco é que ele soa como uma Mixtape, como foi untitled unmastered. (2016) de Kendrick Lamar. As faixas são, em sua maioria, nomeadas pela minutagem em que aparecem no tracklist, e soam como o mais puro e caótico (num bom sentido) sumo da mente inquieta de Glover.
A dicotomia entre a produção computadorizada e um refrão cheio de alma de “Algorhythm” abre espaço para temas mais universais, como na lindíssima “Time” (com participação não creditada de Ariana Grande), em mais um refrão a ser cantado pelas massas. As rimas de 21 Savage em “12.38” são o mais próximo do Hip Hop que temos aqui, já que Glover dá um foco maior à sua voz natural, cheia de falsetes à la Al Green.
Quando ele resolve fazer Pop, o resultado também é sensacional. “19.10” soa como uma faixa perdida de Prince e “42.26” já havia sido um hit sob o nome “Feels Like Summer”, que, embora seja uma canção aparentemente solar, tem muito a ver com os tempos caóticos em que estamos vivendo.
As facetas mais experimentais e psicodélicas de Glover aparecem na explosão eletrônica de “32.22” e o suíngue Soul de “47.48”, que conta, num dos momentos mais singelos do álbum, com a participação do filho de Glover, Legend. Os corais gospel de “53.49” fecham o disco de maneira explosiva e fenomenal.
“3.15.20” é o salto de Childish Gambino ao desconhecido, se provando, mais uma vez, bem-sucedido. Ele traz ao mainstream uma necessária pluralidade e certa dose de “loucura”, um artista que, com certeza, é um dos gênios dessa geração.
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