sábado, 14 de janeiro de 2023

Resenha Eros Álbum de Dün 1981

 

Resenha

Eros

Álbum de Dün

1981

CD/LP

Dün foi um tipo de banda que sempre esteve sujeita a uma série de acontecimentos inconstantes dentro do seu ambiente de trabalho, como mudanças constantes de formação, direção e uma ideia musical central incerta, além de muitas mudanças no próprio nome da banda. Então que em 1980 a banda finalmente definiu as coisas de uma maneira mais sólida, consolidando uma formação fixa, nome e curso musical concentrado e objetivo. O que inicialmente era para ser somente um tributo à Mahavishnu Orchestra se tornou uma banda em que a sua sonoridade se misturava entre algo como um Magma mais jazzístico, tendências vanguardistas na linha de Henry Cow e, em suas apresentações ao vivo uma banda que flertava até com o free jazz.  

Se você está atrás de um disco com músicas fantásticas, porém, não convencionais e que se desenvolvem por vezes de uma maneira alucinante, Eros certamente vai suprir facilmente toda a sua demanda. Todas as composições são intrincadas, aventureiras e em alguns momentos até mesmo selvagens. Sendo uma banda de instrumentação tão forte e intensa, com uso massivo de flautas, baixo fuzz, piano e uma infinidade de percussões, é uma enorme conquista que ela ainda consiga soar tão compacta, ainda mais se for considerado todos os tipos de compassos estranho e síncopes, além de suas paradas e recomeços instrumentais. Muito interessante também é a forma como a música em Eros pode passar de delicada para agressiva de uma maneira tão abrupta, mas sem perder de forma alguma a coerência.  

Mas se eu falar que este disco apesar de ser tão incrível, não é necessariamente um trabalho bonito? Pelo menos não no sentido musical ocidental. Eros, álbum nomeado em homenagem ao deus grego da beleza, é uma impressionante exibição de uma fusão de jazz de vanguarda, possuindo um tipo de beleza mais exótica em sua dissonância e graça melancólica do que a maioria das músicas que você vai ouvir na vida. O disco consegue fundir com verdadeira maestria a peculiaridade do som do Magma com sons do jazz clássico e orquestral, entregando ao ouvinte uma experiência auditiva que embora não seja muito fácil, é extremamente surpreendente, inovadora e genial.  

Eros pode ser considerado indiscutivelmente um dos mais incríveis discos de música progressiva de vanguarda que o mundo já viu? Com certeza, não vejo motivo para vê-lo de forma diferente a isso. A habilidade composicional da banda é algo sublime, ainda que não seja muito acessível. Mas ouvidos mais acostumados certamente ficarão encantados com as performances em cada uma de suas faixas. Um álbum onde todas as suas ambições elevadas realmente resultaram em algo grandioso.  

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