terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Resenha Snow Álbum de Spock's Beard 2002


Resenha

Snow

Álbum de Spock's Beard

2002

CD/LP

Creio que Snow seja o disco mais popular da Spock’s Beard e certamente foi um belíssimo fechar de cortinas para a participação de Neal Morse na banda – que pouco depois das gravações se desligou do grupo. O disco é conceitual e conta a história de uma criança albina – apelidada de “Snow” - que nasceu com um dom especial em que, apenas tocando em alguém, pode não apenas ler os seus pensamentos, mas também ver seu futuro e até mesmo mudar o seu curso. Ao longo do caminho, surgem tentações e a demanda por ele realmente prejudica sua saúde. Todo o conceito evolui em torno de suas experiências de vida e das pessoas que ele encontra ao longo do caminho, eventualmente encontrando iluminação espiritual como uma forma de servir o homem e usar seu dom dado por Deus. Sua vida é contada como uma jornada musical de forma impressionante e muito espirituosa. Um enredo comovente? Com certeza. Original? Nenhum pouco. Cada faixa tem uma sensação e uma atmosfera única, todas contribuindo para a história à medida que ela se desenrola.  

Desde que começamos a ouvir a faixa de abertura, “Made Alive”, por meio das suas linhas vocais bastante tranquilas e um violão à lá “Lightning Crashes” da banda Live, o ouvinte já consegue ficar ciente de que está prestes a embarcar em uma belíssima jornada musical. Em Snow, cada integrante desempenha o seu papel de maneira muito mais emocionante e criativa do que basicamente tudo produzido pela banda até então - pra mim, exceto ao que fizeram em V. Os vocais de Neal Morse estão fortes e cheio de paixão, Alan Morse faz alguns trabalhos de guitarra simplesmente irrepreensíveis, Ryo Okumoto por meio principalmente de órgãos adiciona belas texturas e tons maravilhosos e a seção rítmica consegue estabelecer uma base impressionante de contrastes entre sonoridade cheia de clarezas e obscuridades durante todo o disco.  

Quando falamos de um disco conceitual, talvez a informação de que todas as faixas estão interligadas seja até desnecessária. Instrumentalmente a banda se mostra mestre neste ofício, empregando de forma esplêndida elementos de rock progressivo clássico em sua paleta de cores progressivas modernas. É possível perceber a banda passeando por sonoridades que lembram a era clássica do Yes, alguns riffs e teclados acenam para Tony Banks enquanto algumas passagens com mais frenesis trazem à mente o Emerson, Lake & Palmer, além de determinados ritmos peculiares à lá King Crimson e passagens mais descontraídas e até mesmo oníricas que transporta a cabeça do ouvinte para algo do Pink Floyd. No fim das contas, a miscelânia é excelente e mesmo que a abordagem progressiva abordada pela banda mostre uma influência muito mais no rock progressivo 70’s, eles nunca deixam de adotar também uma sonoridade mais nova e moderna na confecção das músicas.  

Mas apesar disso tudo, o disco seria melhor se fosse mais curto? Mesmo que eu rasgue elogios a ele, há momentos em que não tem como fechar os olhos em relação as coisas parecerem se arrastar um pouco. Então pode vir o questionamento, “ah, mas você falou até aqui de uma maneira que tudo parece fluir tão perfeitamente, como assim deveria ser mais curto?”. Explico, o desempenho é perfeito, mas às vezes o disco vai seguindo e seguindo, acabando não oferecendo nada de novo em alguns pontos, dando uma pequena sensação de cansaço, podendo assim, algumas peças serem descartáveis - principalmente no disco 2 -, embora melodicamente sejam boas. Não sei exatamente se tudo iria caber em apenas um disco, talvez continuaria sendo um álbum duplo, mas provavelmente com uns 95 minutos, em vez de 115.  

Bom, no fim das contas, se você é fã de rock progressivo sinfônico moderno que faz uma clara saudação para a era clássica do gênero, esse é o tipo de álbum capaz de preencher toda e qualquer demanda de sua parte. E sabe aquele questionamento sobre o disco ser um pouco menor para funcionar melhor? Não é o bastante para tirar dele o status de obra-prima.




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