quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Thundercat Atravessa o Luto em “It Is What It Is”

 Thundercat é uma das personalidades musicais mais curiosas, e, principalmente, prolíficas dos últimos tempos. Seja esmerilhando seu baixo de 6 cordas com artistas do quilate de Kamasi Washington, Erykah Badu, Kendrick Lamar (além de um improvável início de carreira no Suicidal Tendencies), ou em sua carreira solo, que engloba elementos de Funk, Fusion, Hip Hop, Psicodelia, R&B contemporâneo, sua paixão pela Cultura Pop e tudo mais que despertar sua explosão criativa, o cara segue entregando trabalhos não menos que incríveis.

Seu recém-lançado “It Is What It Is” passa por um fato primordial: a morte de seu grande amigo, o Rapper Mac Miller, no dia 7 de setembro de 2018. O disco é, acima de tudo, uma grande homenagem, onde Thundercat atravessa o luto da maneira mais genuína possivel, exprimindo-o em sua arte.

Os sintetizadores cósmicos e falsetes reverberantes de “Lost in Space / Great Scott / 22-26” já nos localizam na órbita sonora de Thundercat. A sequência inicial segue fortíssima, com o incrível Jazz Fusion de “Innerstellar Love” (com a ilustre participação do saxofonista Kamasi Washington) e o Groove sinistro de “Black Qualls”, parceria de peso com a lenda do Funk Steve Arrington, Childish Gambino e Steve Lacy que é, para mim, o grande destaque do álbum. Entretanto, também fica aparente um dos pontos baixos do disco, que é sua produção (comandada aqui por Flying Lotus). Seu som um tanto quanto embolado acaba tirando parte do brilho de composições muito inspiradas.

É verdade que o disco tem momentos pra “cumprir tabela”, como a esquecível, apesar de divertida, “Miguel’s Happy Dance”, ou a curta e espacial “Overseas”, gerando uma certa inconstância. Mas o que se sobressai são os momentos de pura maestria R&B. “Fair Chance”, uma parceria com Ty Dolla Sign e o Rapper Lil B, é uma das várias amostras de um groove delicioso, que torna uma canção despretensiosa como “Dragonball Durag” irresistível (procurem pelo clipe, é impagável). O canto transcendental da derradeira faixa-título, com a participação do virtuose da guitarra tupiniquim Pedro Martins, é a conclusão perfeita para a obra, e outro grande destaque.

“It Is What It Is” mostra um Thundercat que já conhecemos. Apesar de algumas falhas que o colocam um pouco abaixo de seus trabalhos anteriores, o disco tem grandes momentos, e é mais uma prazerosa viagem pela mente fervilhante de Mr. Stephen Lee Bruner!



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