terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

Ari Borger, o mestre brasileiro do Hammond Organ!


Ari Borger, o mestre brasileiro do Hammond Organ!

O Brasil sempre foi um reduto de grandes pianistas. Nosso país possui todos os tipos músicos com as mais variadas técnicas e maneiras de abordar todas as possibilidades do piano como um instrumento, do experimentalismo de Hermeto Paschoal ao lirismo de Arthur Moreira Lima. Porém são muitos poucos os brasileiros que se aventuram pelo som do órgão Hammond e do Fender Rhodes piano, e Ari Borger é um desses raros talentos nacionais.

Quem me conhece, sabe da minha admiração quase possessiva pelo som do Hammond, então imagine minha surpresa e quando escutei pela primeira vez o trabalho do Ari Borger Quartet.

O Paulistano começou sua carreira como muitos outros, ou seja, acompanhando e fazendo parte de grupos de grandes músicos, nesse caso, os guitarristas André Christovam,  Nuno Mindelis e o gaitista Flávio Guimarães. Foi só em 2001 que o organista resolveu colocar seu antigo sonho em prática e gravar seu primeiro trabalho solo intitulado “Blues da Garantia”. 

O cd foi gravado entre o Brasil e New Orleans, cidade que Ari morou durante alguns anos e conseguiu absorver toda influência musical da cidade, calcada no jazz e no blues. Naquela cidade mágica, o Borger gravou o disco ao lado de músicos de blues locais, como Jack Cole (guitarra) e Ivone Williams (Vocal). Na parte que foi gravado em nosso país, o cd teve a participação mais do que especial do Paralama Herbert Vianna, que compôs, cantou e tocou guitarra na faixa – Título. O trabalho claro, foi um sucesso de crítica e público, o que motivou o músico a seguir em frente. 

Nos trabalhos seguintes, intitulados “AB4” e “Backyard Jam”, Ari conseguiu um time regular de grandes músicos e montou o seu “Ari Borger Quartet”, que além do organista é composto pelo guitarrista Celso Salim, o baterista Humberto Zingler e o baixista Marcos Klis. Ao invés de se acomodar no estilo que sempre foi mestre, nestes segundo e terceiro trabalho, Ari deixa um pouco de lado sua influencia do blues, para colocar no mesmo caldeirão pitadas muito bem vindas de soul, funky e principalmente jazz. Ari colocou pra fora tosa a influência de   Jimmy Smith, da fase elétrica de Miles Davis, o groove vindo de James Brown, além de ritmos brasileiros como o samba, o baião e o maracatu, criando uma sonoridade sem precedentes em um disco feito por um artista brasileiro.

Em Backyard Jam” o quarteto faz um interessante releitura para “Norwegian Wood” dos Beatles, e  mostra que o entrosamento é uma constante do grupo, ao realizar de improviso, a faixa “Baião Psicodélico”, com climas e texturas surpreendentes. Mas pra mim o ponto alto fica mesmo por conta da “Jimmy no Morro”. Aqui, Ari imagina a chegada de Jimmy Smith, organista americano e sua maior influência, nas favelas cariocas. O resultado é a perfeita junção de estilos, o swing do jazz com a malemolência carioca, tudo em um único tema. Vale ressaltar a integração quase telepática entre Ari e o guitarrista Salim em todos os trabalhos, e a opção do baixista Marcos em utilizar o baixo acústico, dando uma maior abertura ao som do quarteto, que pôde explorar novas sonoridades.	

Com esses trabalhos, o Quarteto obteve reconhecimento no Brasil e Exterior, tendo tocado nos principais festivais de jazz e blues da América e do velho continente, inclusive os prestigiados ‘Eurofest’ em Budapeste, o ‘JazzintyFest’ na Eslovênia e o ‘Jazztime Festival’ na Croácia.
No ano de 2012, o organista resolver voltar ao velho estilo que o tornou conhecido, o bom e velho som nascido no delta do Mississipi. Intitulado apropriadamente de “Back To The Blues”, seu último trabalho traz o músico ainda mais maduro e seguro da sonoridade que deseja obter. Além da volta ao blues, Borger optou por utilizar pela primeira vez o piano em seu som mais puro, como acontece na faixa-título e em “Key To Highway’. Claro que o Hammond B3 e o Fender Rhodes estão lá dividindo homogeneamente o espaço nos temas, e abrindo ainda mais o leque de possibilidades sonoras exploradas pelo músico.	

“Back To The Blues” tem 9 temas, sendo 5 de autoria de Ari e 4 regravações, com destaque para    “Chicken shack” do mestre e ídolo Jimmy Smith, e “I’dRather go Blind” de Billy Foster & Ellington Jordan, que ficou ainda mais bonita com a interpretação passional da cantora Bia Marchese. Mas não se deixe enganar, apesar do velho blues dar o tom de todo o trabalho, o organista não se prendeu somente a ele, inserindo pitadas de seus outros estilos durante todo o álbum. A entrada do novo baixista Rodrigo Mantovani em nada alterou o entrosamento do quarteto, que continua afiado como nunca.	

O Organista e pianista já provou para fãs e crítica que jamais se encostará passivamente à sombra de seu próprio nome, estará sempre buscando inovar e seguir por caminhos musicais diferentes. E em 2014 o músico promete soltou “Lowdown Boogie”, gravado ao lado do guitarrista Igor Prado, e que foi lançado simultaneamente no Brasil,  EUA e Europa. O trabalho conta com a participação de grandes convidados entre eles, lendas vivas como Junior Watson, ícone do West Coast Blues,  guitarrista da banda Canned Heat e do saxofonista ganhador do Blues Awards, Sax Gordon. 	

Em 2018 foi a vez de “Rock’N’Jazz”,  ao lado de seu trio, onde o músico mergulhou nos grandes clássicos do rock com atmosfera jazzística relendo clássico dos Beatles, Rolling Stones, e muitos outros.

Ari Borger é um músico brasileiro com um trabalho fantástico, de nível internacional e que merece ser conhecido e reconhecido por todos que gostam de música de qualidade. Você pode saber mais acessando o site oficial do músico: www.ariborger.com


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