domingo, 12 de fevereiro de 2023

Disco Imortal: Carcass – Heartwork (1993)

 

Disco Inmortal: Carcass – Heartwork (1993)

Earache Records, 1993

Se existe uma banda que fez o death metal mais gentil, refinado e melódico, curiosamente, essa banda foi o Carcass. Os mesmos dos anos anteriores foram os pioneiros do som do metal mais extremo e rápido com álbuns famosos como "Reek of Putrefaction" (1988) e "Symphonies of Sickness" (1989). Naquela época não importava ser melódico e memorável, apenas atingir as terras britânicas com o grindcore que um de seus integrantes -Bill Steer- deu a conhecer em outra famosa banda do gênero; Morte por napalm.

Porém, com "Necroticism Descanting the Insalubrious" (1991) e a chegada do guitarrista sueco Mike Amott, os ingleses acrescentariam duas variantes sonoras ao seu característico som extremo. Primeiro, uma abordagem tácita ao death metal que naquela época brilhava com trabalhos culminantes e a variante de ter um guitarrista apaixonado por melodias e fã absoluto de Michael Schenker (ex-UFO). O mesmo que, após deixar o Carcass, exploraria sua veia melódica e roqueira com os seminais Spiritual Beggars.

O ápice dessa novidade na sonoridade dos ingleses viria com Heartwork (1994), álbum que marcou um novo rumo na sonoridade do death metal com melodias para duas guitarras harmonizadas que, embora seja uma sonoridade que sempre foi ligada ao heavy metal, nunca foi ouvida com tanta precisão e implacabilidade em um álbum de death metal. Guitarras com essa consistência não são ouvidas desde clássicos obrigatórios do gênero como "Melissa" (Mercyful Fate) ou "The Number of The Beast" (Iron Maiden).

Poucas bandas de metal entenderam que a transcendência não é conquistada por quem toca mais rápido ou pelo grito mais alto, a música mesmo no metal deve estar a serviço de melodias e canções cantáveis. Basta ouvir 'Buried Dreams', 'Death Certificate', 'Heartwork' ou a pesadíssima 'This Mortal Coil', canções com constantes mudanças de ritmo, sempre melódicas e com harmonias sempre viciantes.

Porém, são todas músicas bem temperadas e com uma identidade que nunca se perde, por isso Jeff Walker e Ken Owen estão lá na voz/baixo e bateria respectivamente. Eles nunca largaram a base rítmica que os mantinha longe do death metal, Walker nunca parou de gritar como um louco, Owen nunca parou de tocar blast beat e o death metal podre de uma banda que usou uma colagem de partes humanas no passado para o plana de uma capa de seus discos não para de brilhar em nenhum momento.

Identidade e melodia, a fórmula simples que deu ao Carcass a receita de elevar um de seus álbuns ao top dez dos grandes álbuns de metal de todos os tempos.

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