terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

ESQUINA PROGRESSIVA


Neal Morse - One (2004)



Depois de lançar um disco da grandiosidade de Testimony em 2003, muitas pessoas e na qual me incluo se perguntaram quanto tempo depois que Neal Morse conseguiria alcançar novamente um grau musical tão elevado em um álbum. Alguém acreditaria se a resposta para isso fosse “um ano depois”? Pois é, exatamente um ano depois, através de One, Morse estava de volta desfilando novamente uma música de grande excelência, onde cada faixa inspira e excita o ouvinte demonstrando todos os aspectos positivos de um bom rock progressivo.

O épico “The Creation” abre o disco com um teclado atmosférico e arranjo orquestral. A música então ganha mais energia com a disparada de bateria de Mike Portnoy, teclados e sons de guitarra apoiados com uma música sinfônica. O entrelaçamento na abertura de guitarra, bateria e teclado em um tempo relativamente rápido é excelente.  O vocal de Morse quando entra pela primeira vez se apresenta em um fluxo contínuo e acentuado com uma bateria dinâmica e teclados bem encaixados. Em algumas transições da música destaque também para o uso do mellotron. É uma daquelas faixas que cada passagem musical é bem amarrada a deixando sempre coerente e não apenas em retalhos que não se combinam. Uma composição excelente independente de que maneira você olhe pra ela

“The Man’s Gone” é uma faixa que possui guitarra acústica e percussão em ritmo moderado, cadenciada sob um vocal teatral. Confesso que pra ouvir isoladamente não é uma música que me atrai tanto, é uma boa canção, mas nada demais, mas quando a ouço como transição entre “The Creation” e “Author of Confusion”, fica com certeza mais agradável. “Author of Confusion” começa de maneira explosiva em ritmo rápido e ótima combinação entre todos os instrumentos. Possui transições de mellotrons bastante agradáveis e trabalhos de bateria deslumbrantes. Às vezes o teclado solo me faz lembrar Rick Wakeman. A primeira vez que o vocal aparece na música é de maneira sensacional lembrando as paredes vocais do Gentle Giant. Na música à momentos de tempo moderado e fluxo contínuo, mellotron trabalhando lindamente bem, as obras de guitarra e teclado são deslumbrantes. Tudo maravilhosamente bem elaborado.

“The Separated Man” é mais um épico. Traz um ritmo menos complexo se comparado ao apresentado na faixa anterior. A peça de transição apresenta nuances influenciadas pela música do Oriente Médio com excelente harmonia vocal que tem o fim com um grito seguido de uma passagem musical edificante. O trabalho de guitarra acústica também é excelente e a parte final da faixa apresenta uma orquestração sublime antes do vocal que conclui a música. “Cradle to the Grave” é uma balada que me lembra aos tempos de Morse no Spock’s Beard, mais precisamente a “The Distance to the Sun” do álbum Day the Night. Começa com uma guitarra acústica, mas depois cresce com os demais instrumentos em uma cadencia simples, suave e melódica.

“Help Me/The Spirit and the Flesh” começa com um ótimo toque de piano e flui naturalmente com um vocal seguido de preenchimentos curtos de guitarra. Existe uma grande influência de jazz nessa faixa, passagens impressionantes de guitarra acústica. No meio da música existe uma mudança de andamento, mais silenciosa até se tornar mais alta em um clima mais feliz. Termina com uma levada sinfônica e de excelente orquestração. “Father of Forgiveness” é uma balada simples, agradável e suave basicamente com um piano e vocal na sua abertura seguida por uma orquestração e uma bateria soft. A faixa que fecha o álbum é “Reunion” e que também tem uma carga do tipo que é ótima pra encerrar show também. Começa através de um rock direto. Certo momento o tempo se torna mais rápido e dinâmico e a orquestração de violino e violão dá um excelente corpo para a música, além do excelente trabalho de guitarra. A faixa fica mais silenciosa tendo como ritmo basicamente apenas vocal e piano. O disco tem o seu final em um estilo sinfônico maravilhoso.

Neal Morse é sem dúvida um dos melhores compositores de música progressiva das últimas décadas. Se ele obtém no cristianismo a sua inspiração pra compor, ou mesmo que fosse em outra religião, pra mim isso é irrelevante e acredite, deveria ser irrelevante a todos, caso contrário, deixarão de ouvir uma maravilhosa mistura de um rock progressivo clássico sinfônico e emocionantes e cativantes baladas. Maravilhoso do começo ao fim. 


Track Listing:

1.The Creation - 18:22 
2.The Man's Gone - 2:50 
3.Author Of Confusion - 9:30 
4.The Separated Man - 17:58 
5.Cradle To The Grave - 4:55 
6.Help Me/The Spirit And The Flesh - 11:13 
7.Father Of Forgiveness - 5:46
8.Reunion - 9:11



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