quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

Resenha Mandalaband Álbum de Mandalaband 1975

 

Resenha

Mandalaband

Álbum de Mandalaband

1975

CD/LP

Devo confessar, que fiquei um pouco cético no início sobre o potencial deste projeto. Um álbum conceitual sobre a dominação do Tibete pela China? Um disco baseado no budismo tibetano e na resistência dos tibetanos à invasão chinesa na década de 1950. Parecia um daqueles discos em que a causa debatida é bastante nobre, mas o lado musical fica em segundo plano, porém, ainda bem que as coisas não se resumiram só nisso. O álbum se trata de uma obra sinfônica excelente, carregada de execuções instrumentais incríveis, vocais fortes e vários arranjos bastante elegantes.  

Ao ouvir esse disco, vários nomes de bandas e artistas podem vir em mente, tais como Focus (mais precisamente Hamburguer Concerto), Mike Oldfield, Caravan, Yes, Emerson, Lake & Palmer e até mesmo um pouco de Beggar’s Opera. Entretanto, apesar de lembrar tantos nomes, seu som também é único, pois nenhuma das referências citadas fazem de fato uma captura de som de natureza multifacetada da mesma forma que o grupo.  

As quatro primeiras faixas do disco fazem parte de quatro movimentos de um épico de mais de 20 minutos. “Om Mani Padme Hum” é um épico frequentemente edificante de proeza instrumental de alto nível, mudanças rápidas de tempo e solos selvagens, além de linhas de baixo contínuas e bem desenvolvidas. Também há teclados e pianos arrebatadores. A adição de um coro acrescenta textura à música. Existem algumas partes de orquestra bombásticas interessantes nesta sinfonia, porém, também está repleta de heavy prog e até um pouco de AOR. Contém algumas partes jazzísticas que são impressionantes, sinos tubulares melódicos e excitantes e teclados sinfônicos que são simplesmente memoráveis. A guitarra do quarto movimento é sensacional e acrescenta um peso inédito na peça até o momento, mas não chega a descaracterizá-la. Sem dúvida alguma é o destaque do disco.  

“Determination”, após um épico em que a sonoridade quase totalmente é bastante gentil, digamos assim, a banda entrega algo consideravelmente mais acelerado e pesado. As linhas de baixo são excelentes, o órgão apresenta alguns ritmos sujos, a guitarra traz um ótimo wah-wah e uma sonoridade bastante tipicamente do hard rock 70’s e a bateria é rápida e complexa. Uma referência? Acho que salvando as devidas proporções, o primeiro disco do Camel seria uma boa. “Song for a King” traz o álbum novamente para dentro de uma pompa sinfônica. Possui uma melodia notável, vocais cativantes, arranjos refinados de teclado e temas caprichosos de sintetizadores, além de uma guitarra lírica que poderia estar em algum disco Steve Hackett.  

“Roof of the World” tem bastante agressividade e velocidade, parecendo uma espécie de música perdida do primeiro disco do Arthur Brown. A bateria trabalha de uma maneira inquieta e a guitarra é puro hard rock. O mellotron é excelente e os vocais soam bem cativantes. “Looking In” é a peça que encerra o disco. De clima introspectivo, entrega um piano elétrico elegante e vocais adocicados, além de alguns elementos de jazz que são acrescentados de maneira zelosa. Mas próximo do fim, ainda há espaço para uma explosão instrumental de base sinfônica e um excelente solo de guitarra para então o álbum chegar ao fim definitivamente. 

Um dos melhores discos conceituais obscuros que já tive notícia. Não chega a ter aquele grau de excelência de uma obra-prima, mas é um registro extremamente valioso, onde sua música é instrumentalmente elegante e pomposa, além de possuir melodias fortes e alguns arranjos ambiciosos. Inspirado, bombástico e muito bem feito, um disco planejado sob medida para amantes de rock progressivo sinfônico.  

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