Após alguns anos fazendo seus shows nos bares de SP, o pernambucano Di Melo teve uma grande chance. Tudo graças a Alaíde Costa, que lhe arrumou um contrato com a EMI-Odeon. Em oito dias, com um time de músicos com nomes do quilate de Hermeto Pascoal e Heraldo do Monte, e um suíngue nato, estava pronto o auto-intitulado “Di Melo”,
“Kilario” já acusa, estamos diante de um disco de Funk/Soul. E haja Groove, desde o Clavinet de Hermeto, os metais quentes, e um certo teor regional. O balanço não deve em nada para nenhum Sly & The Family Stones da vida, em pérolas como “A Vida em Seus Métodos diz Calma” e seu sofisticado Rhodes, ou os maravilhosos arranjos de cordas de “Minha Estrela”.
Há momentos extremamente atmosféricos, como a crônica da vida cosmopolita de “Comformópolis”, a balada “Alma Gêmea” ou o Tango de “Sementes”, que só destacam o brilho dos geniais arranjos.
O Samba-Rock à la Jorge Ben é o ponto de partida de “Pernalonga” (com um suíngue que chega perto da mão mágica de Jorge!) e “Se O Mundo Acabasse Em Mel”, com um bom-humor que emprega muita personalidade a esse caldeirão Pernambucano.
O disco se encerra numa linda “Indecisão”, com o inconfundível toque nordestino do Baião, nas flautas divinas (e quase onipresentes) de Hermeto.
Com esse disco, Di Melo poderia ter se tornado um dos cabeças da fervilhante cena do Soul brasileiro, mas um evidente desinteresse da gravadora em sua distribuição fez com que ele voltasse para Pernambuco, e, pelo menos para o grande público, desaparecesse, gerando até lendas sobre sua suposta morte. Mas, seu status de clássico Cult, adquirido no decorrer dos anos, fez com que, décadas depois, presenciássemos o ressurgimento do “Imorrível”, que em seus métodos diz calma!
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