Resenha
Stones Of A Feather
Álbum de 3rd Ear Experience
2016
CD/LP
Como qualquer outro disco da banda, se trata de um trabalho direcionado para dois tipos de pessoas, aquelas que gostam de ouvir um space rock psicodélico cheio de charme, improvisações, mutabilidade e muitas variações, e aquelas que estejam interessadas em se familiarizar com a escola da música espacial e psicodélica contemporânea, caso contrário, se o ouvinte não estiver aberto a esse tipo de som, isso aqui pode simplesmente soar como músicas que não vem de nenhum lugar e vão para lugar nenhum, portanto, nem precisa começar a ouvir. “Flight Of The Annunaki”, textura musicais oníricas em atom alucinante vão surgindo, tudo muito atmosférico e que vai crescendo gradativamente, incluindo até mesmo algumas vocalizações, enfim, a peça vai se configurando como um space rock clássico. Bons fones de ouvidos são essenciais para garantir o melhor proveito dessa experiência - não só dessa, mais em todas as faixas do álbum. Por volta dos quatro minutos e meio o clima começa a ficar um pouco jazzístico - sem perder a atmosfera do space rock. Somente perto dos 7 minutos que a peça enfim explode uma sonoridade mais pesada e que vai permanecer na música até o final. “Old Woman's Dance”, tem um começo que faz com que o ouvinte imagine o início de carreira do Pink Floyd misturada com a introdução de “No Quarter” do Led Zeppelin, aumentando a sua intensidade conforme vai se desenvolvendo, porém, retornando para uma sonoridade mais serena, criando um ótimo contraste. Essa música pode ser definida como uma espécie de rock psicodélico muito bem estruturado em cima de uma música espacial e progressiva. O trabalho de órgão – e teclas como um todo - é maravilhoso. “Return Of The Peacock”, é uma música mais amena do que as duas anteriores. Se desenvolve dentro de um campo mais suave e harmonioso, se trata de uma jam aberta e em evolução constante, com isso, tem algumas passagens um pouco mais agudas em seus momentos de pico. Tudo é tocado com grande sensibilidade e elegância. Se você - assim como eu - é uma pessoa que tem o hábito de meditar, essa é uma ótima trilha sonora para isso – nunca vi a banda confirmar em algum lugar, mas creio que seja a continuação de, “Peacock Black”, que é uma música e nome do primeiro disco do grupo. “Chungo” começa muito estranha por meio de algumas vozes, mas que logo dão lugar para uma batida bastante rock and roll. As teclas novamente são excelentes, enquanto as guitarras lisérgicas ajudam a manter o clima psicodélico. Por volta dos três minutos a peça cai para uma sonoridade mais atmosférica, porém, mais a frente regressa para uma linha forte e intensa, dessa vez com alguns acenos ao King Crimson em sua fase mais moderna e depois para o tema inicial e pesado. “The Balladeer's Tale”, uma sonoridade atmosférica surge de forma tímida antes da banda entrar por completo entregando quase um heavy metal, dando uma sensação até mesmo de Black Sabbath. Então que ela suaviza antes dos primeiros vocais – que soam em um estilo balada -, mas não demora para ficar pesada novamente. Quando a música silencia pela segunda vez, permanece assim por um bom tempo, porém, vai crescendo aos poucos, com a sua instrumentação ficando cada vez mais ácida, e só depois dos 10 minutos, a banda regressa por completo, com destaque para o solo de guitarra que é visceral. Então que, de novo amena, a música entrega mais alguns vocais antes de se intensificar novamente dentro do tema heavy central da peça. Quando falamos de uma banda como a 3rd Ear Experience, não estamos falando de uma banda que está necessariamente entregando algo que podemos considerar uma renovação, ou que estejam caminhando por novos caminhos dentro das possibilidades do space rock psicodélico, mas existe algo que é inegável, a forma espontânea de suas improvisações, tudo é realmente cativante. Por último, vale mencionar que o disco resenhado aqui foi a sua versão simples, o formato em LP de, Stones of a Feather, contém ainda uma versão ao vivo de, “Spece Tripping” e uma música extra, “Everlasting Sea”.