Nesta faixa, Comodoro continua o jogo de referências à cultura popular, desde logo na escolha do seu título, um flirt flagrante a um dos mais emblemáticos temas dos Radiohead. Mas não é prog-rock que se ouve neste single. Em “Polaroid Android” é assumida uma das maiores aproximações do disco a uma estética retro, através do recurso a elementos desde arpegiadores orelhudos nos refrões, aos pianos digitais de causar inveja à Gal Costa que cantava Stevie Wonder, nos anos 80.
Mas como nos garante Comodoro , este não é projecto de saudade, apenas um projecto com memória. Talvez por isso, a linguagem tem “efeitos retroactivos”, mas com aplicabilidade contemporânea, não só pela produção temperada com algum charme noir, como também com um cunho assumido de escrutínio social, burilado com letras pertinentes e provocatórias. Neste tema, o Comodoro volta a homenagear Oscar Wilde, recorrendo ao Retrato de Dorian Gray como metáfora para explorar a desconexão crescente entre a realidade física e um universo paralelo de uma condição humana meta-digitalizada.
“Polaroid Android” conta ainda com a participação de Marie Beatriz Lucio na voz, emprestando um pouco de atmosfera etérea a um groove que assenta bem no chão de uma pista de dança.
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