quinta-feira, 2 de março de 2023

Crítica ao disco de Papir - '7' (2022)

 Papir – '7'

(14 de janeiro de 2022, Stickman Records)

Papiro - 7

Tudo novo da sede do grupo dinamarquês PAPIRé uma boa notícia, então... Boa sorte, temos à nossa disposição o trabalho de estudio do PAPIR! O álbum em questão traz o título muito escasso de “7”, algo usual na história atual do trio formado por Nicklas Sørensen [guitarras], Christian Becher Clausen [baixo] e Christoffer Brøchmann Christensen [bateria]; o disco em questão foi editado no  dia 14 de Janeiro2022. Apesar do título, é na verdade o oitavo álbum de estúdio da banda. O álbum que agora analisamos foi editado tanto em CD como em vinil pela editora alemã Stickman Records, algo também comum no modus vivendi dos PAPIR. Em linhas gerais, este álbum mergulha generosamente no fator pós-rock que o grupo vem explorando dentro de sua histórica proposta de fusão do space-rock, stoner e psicodelia progressiva de um tenor krautrocker centrado na guitarra, então podemos dizer que este novo trabalho é o mais suave dentro de seu extenso catálogo iniciado em 2010, dois anos após sua fundação na cidade de Gladsaxe; estamos presenciando um momento de renovação dentro da estratégia criativa da banda. Bom, agora vamos ver os detalhes do repertório contido em “7”.

Continuando a tradição de seus álbuns intitulados com números (que são a maioria), o pessoal do PAPIR inicia o álbum com a peça intitulada '7.1', desta vez dividindo-o em três partes ao longo de seus quase 20 minutos de duração. Tudo começa com algumas vibrações lentas que permitem o preenchimento de espaços pelo gracioso e flutuante fraseado da guitarra. A partir daqui, o conjunto cria momentos alternados de crescendo e autoconstrição que nos remetem aos paradigmas MONO e MOGWAI. Pouco depois da passagem do sexto minuto e meio, a bateria monta um suingue um tanto tribal que abre campo para a exibição de um brilho sonoro convincente, embora ainda contido. Os efeitos de fundo cósmicos ajudam a melhorar essa leve mudança sônica, e até servem de impulso latente para um desdobramento posterior de atmosferas majestosas marcadas por uma ambientação cinematográfica envolvente, que acaba por tomar conta do esquema musical antes de ultrapassar a barreira dos dez minutos. Nos últimos quatro minutos e meio, desenvolve-se um motivo marcado por uma imponente candura onírica, o mesmo que se enquadra numa graciosa engenharia persistentemente motivada pelo padrão pós-rocker. Já faz um tempo que o pessoal do PAPIR vem flertando com o padrão de GODSPEED YOU! BLACK EMPEROR e ele o faz com uma facilidade convincente, exaltado pelo fechamento calmo e majestoso da suíte de abertura do álbum. '7.2' entra no entalhe para acelerar um pouco as coisas, elaborando um exercício de rock espacial em um tom reflexivo em um esquema rítmico razoavelmente sofisticado. A gente do PAPIR estabelece confluências com o AUTOMATISMO e o MILHA VERMELHO. Este segundo tema herda parte do brilho da suíte e a remodela através de uma aura de elegante aconchego. Quando chega a virada de '7.3', o conjunto retorna ao terreno do cósmico e do onírico que marcou fortemente as duas últimas seções da suíte. É neste momento que nos ocorre que este álbum é, talvez, uma contraparte do seu trabalho anterior, "Jams", mais consistentemente musculado na sua paleta sonora. '7.3' possui um minimalismo amigável e acolhedor à maneira de um crepúsculo que traz um manto de escuridão para que possamos abrigar nosso refúgio sob ele. Quando chega a virada de '7.3', o conjunto retorna ao terreno do cósmico e do onírico que marcou fortemente as duas últimas seções da suíte. É neste momento que nos ocorre que este álbum é, talvez, uma contraparte do seu trabalho anterior, "Jams", mais consistentemente musculado na sua paleta sonora. '7.3' possui um minimalismo amigável e acolhedor à maneira de um crepúsculo que traz um manto de escuridão para que possamos abrigar nosso refúgio sob ele. Quando chega a virada de '7.3', o conjunto retorna ao terreno do cósmico e do onírico que marcou fortemente as duas últimas seções da suíte. É neste momento que nos ocorre que este álbum é, talvez, uma contraparte do seu trabalho anterior, "Jams", mais consistentemente musculado na sua paleta sonora. '7.3' possui um minimalismo amigável e acolhedor à maneira de um crepúsculo que traz um manto de escuridão para que possamos abrigar nosso refúgio sob ele.

'7.4' fecha o repertório com um novo toque às vibrações crepusculares da peça anterior, mas desta vez há palpitações mais duras no delicado equilíbrio gestado pelos instrumentos de atuação, enquanto se congregam em torno de uma aura misteriosa que impõe um obscurantismo etéreo. Tal severidade tem algum parentesco com o paradigma histórico do maconheiro, mas de uma forma bastante sutil. No final, “7” deve ser valorizado como um planejamento sistemático para a criação de texturas variadas e tons de dominância acinzentada dentro da essência prog-psicodélica da banda. É um álbum muito interessante em si e seu impacto futuro deve ser pesado contra a chegada de álbuns subsequentes do grupo. Diferente dos nossos discos favoritos do PAPIR (do “IIII” ao “VI”, totalmente majestoso), Este novo álbum que nos é apresentado pelo já referido trio dinamarquês tem um merecido balanço global positivo. Afinal, esse grupo é veterano e ainda mantém uma grande dose de criatividade e bom comércio; Somos gratos pelos novos ares sonoros que a abertura deste sétimo selo PAPIR nos traz.


- Amostras de '7':

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