terça-feira, 21 de março de 2023

Resenha Et Après... Álbum de Mémoriance 1976

 

Resenha

Et Après...

Álbum de Mémoriance

1976

CD/LP

Et Après...pode ser considerado um bom disco de uma banda muito boa, mas que ainda não tinha muita certeza de que direção seguir

Memoriance é mais uma daquelas bandas de rock progressivo que surgiram na segunda metade dos anos 70, pouco duraram e encerraram suas atividades - lançaram mais um disco em 1979 e um single em 1981. Uma banda francesa, que mesmo na França, era muito pouco conhecida na época, mas que fazia um som interessante, principalmente para amantes de rock progressivo sinfônico no geral e feito por franceses por meio de grupos mais conhecidos, como, Ange, Atoll e Carpe Diem, além de usar um pouco da psicodelia encontrada na música do Pink Floyd. Algo que os diferenciam de outras bandas conterrâneas a eles, é que a Memoriance usa muito menos teatralidade e melodrama do que as bandas progressivas francesas costumam usar – mesmo que seus vocais em francês ainda soem até certo ponto emocionais e dramáticos.  

Et Après... é um disco que flutua muito bem entre uma musicalidade mais simples e momentos em que a banda direciona seu estilo de composição para algo mais intrincado e complexo – porém, nem nesses casos, eles usam tanta destreza assim. A maneira sensível com que as duas guitarras do álbum são manuseadas, faz com que três nomes possam ser facilmente lembrados, David Gilmour, Jan Akkerman e Steve Hackett, porém, também acho justo citar dois nomes do rock progressivo francês, Christian Beya  (Atoll) e Jean-Michel Brézovar (Ange). Como todo bom rock progressivo sinfônico, o disco é cheio de teclas edificantes e que constroem uma aura musical muito boa, ainda que usadas muitas vezes de forma mínima, conseguindo cobrir bem o fundo de cada peça, enquanto a seção rítmica trabalha quase sempre de maneira muito forte, não se limitando em apenas ser o pulso rítmico das músicas, mas se destacando claramente em várias partes do disco – principalmente as linhas de baixo.  

Em uma boa parte de Et Après..., a banda entrega um rock progressivo atraente, mas apesar disso, nota-se também que estamos diante de uma banda que ainda parece querer se encontrar, algo que eles também não conseguiriam no segundo álbum - que considero até inferior a esse -, mas em ambos é muito nítido que o potencial está ali e apenas precisar ser mais bem explorado e lapidado. De qualquer forma, ainda que a mistura entre o psicodélico - entre outros - e o rock progressivo sinfônico em Et Après... possa não soar necessariamente brilhante, ela consegue ser adequada.  

Pra esclarecer isso que escrevi mais acima, tem um exemplo que fica mais fácil pra todo mundo entender – ao menos eu acho que fica. Vamos pegar a diferença da peça de abertura em relação as outras três faixas do disco, é impressionante como eles soam como se fosse outra banda, mas isso quer dizer que são ruins? Claro que não, mas apesar dos traços sinfônicos já mencionados, nota-se uma outra miscelania de estilos que às vezes se atrapalham entre si – entrando novamente naquela questão de que eles ainda pareciam querer se encontrar. Há psicodelia, space rock, jazz-rock e até algumas pinceladas de música de vanguarda, mas pra finalizar de uma forma resumida, Et Après...pode ser considerado um bom disco de uma banda muito boa, mas que ainda não tinha muita certeza de que direção seguir.  

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