Disco: Rumble Fish
Ano: 2011
Selo: Independente
Faixas:
1. King Crepax – 3’41
2. Grandma Talk #2 – 3’33
3. Crimson Man – 3’32
4. Vanity Bells – 4’37
5. Wild Vexations – 3’29
6. Dead 7 Party – 4’23
7. Blood Red Rose – 4’43
8. Dragon A – 4’21
9. Ixtlan Gates – 3’02
10. Dr. Phibes – 3’50
11. Maria Helena – 2’18
Formação:
Fabio Zaganin – baixos, composições, arranjos e produção
Joe Moghrabi – guitarras
Cláudio Tchernev – bateria
Resenha:
Não é muito difícil falar sobre Fabio Zaganin. Baixista de qualidade indubitável que vem atuando no meio musical há muitos anos, professos no IB&T, foi colunista da revista Cover Baixo e atualmente toca com o trio instrumental ZFG Mob e com a banda Sangue. No entanto é sobre seu primeiro disco solo que vou falar hoje.
Rumble Fish (2011) é o primeiro vôo solo do músico paulista que traz além do próprio no baixo, Cláudio Tchernev na bateria e Joe Moghrabi nas guitarras, ou seja, somente músicos renomados no cenário instrumental brasileiro.
Pra começo de conversa Rumble Fish (2011) é absurdamente bem produzido, a experiência com certeza foi posta a prova nos timbres dos instrumentos e na gravação, tudo com a mais alta qualidade. Gravado e mixado no Cakewalking Studios por Edu Gomes e masterizado no English Stop por Daniel Rodrigues o disco deveria entrar na lista dos produtores nacionais pra não cometeremm mais as atrocidades vigentes que vemos nos discos de hoje. ‘Culpa’ do próprio Fabio Zaganin que escreveu, arranjou e produziu o disco.
Eu admito que sempre torço o nariz pra discos instrumentais num primeiro momento, mas com Rumble Fish (2011) é impossível! A abertura com a cadenciada e virtuosa ‘King Crepax’ só vem corroborar minha opinião, ponto alto do disco. ‘Grandma Talk #2’ é outro exemplo de como fazer música com virtuosidade mas não se perder nela, músicos que ‘sabem demais’ dos seus instrumentos constumam fazer isso, Fabio sabe muito bem que a música importa mais, a melodia importa mais, o tema da segunda faixa do disco só confirma isso.
‘Crimson Man’, que é dedicada ao irmão de Fabio, Márcio, começa e fica óbvio o porque da música ter esse nome, a influência da banda de Robert Fripp, King Crimson, é inegável e audível. É interessante notar também, que apesar de ser um disco solo, e de um baixista, ele não é dominado pelo instrumento, é claro que o baixo tem papel fundamental e principal nos temas, mas a guitarra de Joe Moghrabi brilha em diversas ocasiões, como eu disse, o principal é a música, grandes músicos sabem disso e Fabio é um deles.
‘Vanity Bells’ é outra com dedicatória, dessa vez para a irmã de Fabio, Renata. Nessa faixa o baixo toma conta de todas as linhas melódicas, tendo a guitarra como fio condutor inicial e uma tensão inquieta depois do primeiro minuto.
‘Wild Vexations’ é Jazz, walking bass e tudo! Mas o barato da música mora no inesperado, mudanças, guitarras gritando e o baixo literalmente ‘cantando’. Inclua ai a técnica Slap no final e violà!
‘Dead 7 Party’ é uma bordoada, pesada e confusa no começo logo se transforma em uma densa camada musical, pesada e muito mais que interessante. A melhor faixa do disco até aqui.
‘Blood Red Rose’ é dedicada a mulher de Fabio, Sílvia. E nessa faixa o baixo canta, quase como um vocalista, baixo fretless e um ritmo calmo de Cláudio na bateria. 1:20, Joe acerta em cheio em seu solo de guitarra. Enquanto isso Fabio usa e abusa de vários efeitos diferentes, mais baixistas deviam aprender isso, eu como baixista amador posso dizer, é tedioso quando um instrumentista usa o mesmo timbre durante os 50 minutos de um disco.
Como eu disse anteriormente, várias são as faixas que tem dedicatória, ao contrário de muitos músicos que só lembram de seus entes queridos quando mortos, Fabio decidiu que homenagearia eles enquanto ainda podem ouvir as homenagens, ‘Dragon A’ é dedicada ao seu pai Antonio e tem uma das passagens mais legais do disco, a primeira aparece aos 54 segundos.
A intrincada complexidade do início de ‘Ixtlan Gates’ impressiona logo de cara. Várias são as rápidas linhas que ‘passeiam’ de um lado pro outro nos falantes, pra dar a impressão da viagem que o nome sugere. Já ‘Dr. Phibes’ tem escalas completamente estranhas e a guitarra que lembra um sintetizador, a linha de baixo me lembra um exercício de aquecimento para os dedos, provavelmente a influência de King Crimson novamente, sem é claro, esquecer das melodias, que logo aparecem.
Fechando o disco a última homenagem, a mãe de Fabio, Maria Helena, recebe uma faixa com o seu nome, o que sem querer, casou de eu resenhar o disco um dia depois do Dia Das Mães. Nessa faixa Fabio mostra sua técnica no fretless e com certeza foi inspirado nas composições de Jaco Pastorius.
Conclusão:
O que eu posso dizer mais? Provavelmente o melhor disco instrumental lançado em 2011! Uma delícia de se ouvir do começo ao fim, e o que é melhor, um disco na ‘medida certa’, nem muito curto, nem muito longo. Fabio mostra que se deixarem, ele conquista o mundo da música instrumental sem nenhuma dificuldade
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