Olá, polêmica! Em todo o metal, um dos temas mais polêmicos é o Black Sabbath com e sem Ozzy. As paixões são inflamadas e palavras lamentáveis são lançadas em ambas as direções sempre que esse debate surge. Sendo um humano completamente carente de emoção ou empatia, não me importo com isso. Quero bons álbuns, ponto final, e sejamos honestos, o antecessor deste disco foi “Never Say Die!“, sem dúvida um dos momentos menos marcantes da banda, com ou sem o infame protagonista. Não importava o que viesse a seguir, era uma barra baixa. E o que veio a seguir foi, na verdade, subjetivamente, sem emoção, um dos melhores momentos da banda.
Ninguém esperava que “Heaven and Hell” fosse um álbum marcante, nem mesmo o Black Sabbath. A banda trabalhou duro por quase um ano no álbum, sem nada para mostrar. Ozzy foi enlatado, Geezer Butler voltou para casa para cuidar de problemas conjugais e Tony Iommi nem tinha certeza se um álbum do Black Sabbath estava nas cartas. Um projeto paralelo com o ex-vocalista do Rainbow/Elf, Ronnie James Dio, talvez tenha sido uma ideia melhor, mas quando a dupla tocou ficou claro que era um novo material do Black Sabbath. E quando Geezer ouviu algumas demos (as partes do baixo foram executadas e muitas vezes escritas por Geoff Nichols, incluindo a excelente faixa-título), ele voltou à banda para gravar. Nichols passou para os teclados, que também desempenham um papel importante no álbum, e o Black Sabbath estava de volta às paradas.
Não vou entrar no debate Dio vs Ozzy, mas as músicas de “Heaven and Hell” são inegavelmente mais musicais e melódicas do que qualquer coisa dos dois álbuns anteriores do Sabbath. Isso pode ter incomodado os fãs da velha guarda, mas olhando para trás, essa música está entre as melhores que a banda já escreveu. “Neon Knights” e “Die Young” são duas músicas elétricas e imediatas que saem dos blocos com armas em punho, a primeira com uma sensação de metal mais moderna do que se poderia esperar, a última com uma introdução de teclado sinistra que entraria em jogo novamente na sequência “The Mob Rules“, e mais dos riffs mais grossos e pesados que esperávamos da banda. Duas canções que, quarenta anos e contando, me recuso a pular quando surgem no aparelho de som.
Claro que há algumas faixas descartáveis que talvez fossem mais adequadas para o Rainbow do que para o Black Sabbath – “Lady Evil” e “Walk Away” carecem de força e ameaça, embora sejam canções de hard rock sólidas o suficiente – mas as canções de destaque são lendário. Além das duas mencionadas acima, temos a icônica faixa-título e o encerramento massivo, “Lonely is the Word”. Essa música foi um sinal do que estava por vir na continuação densa, lamacenta e claustrofóbica, The Mob Rules, uma incursão clássica no doom metal que seria amplificada em proporções catastróficas em “The Sign of the Southern Cross” e “Falling off the Edge of the World” no ano seguinte. E “Heaven and Hell” é a música doom perfeita. Um riff memorável, trabalho de baixo matador, letras fantásticas de Dio, um solo infernal de Iommi e um fadeout acústico assustadoramente maligno fazem desta uma das minhas vinte melhores músicas de todos os tempos.
A era Dio durou pouco, mas para fãs como eu, que nem sempre se importam com o que aconteceu no passado, ela produziu dois ótimos álbuns (e um muito bom alguns anos depois). Eu ouço “Heaven and Hell” e “The Mob Rules” mais do que todos os outros álbuns do Black Sabbath juntos. Talvez parte disso se deva à lenda inimitável Martin Birch, que produziu muitos dos melhores álbuns de metal da época. Talvez seja pela qualidade da composição. Talvez seja a química e a vitalidade que transparecem nas músicas, algo que também vimos de Ozzy em suas duas primeiras apresentações solo na mesma época. Realmente, porém, é uma combinação de tudo o que foi dito acima, e “Heaven and Hell” foi e continua sendo um álbum obrigatório.
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