sexta-feira, 14 de abril de 2023

Disco Imortal: The Smiths – The Queen Is Dead (1986)

 Álbum imortal: The Smiths – The Queen Is Dead (1986)

Rough Trade Records, 1986

Problemas jurídicos e muita parafernália enfeitavam a terceira placa de estudo do The Smiths que tinha um nome polêmico: "The Queen Is Dead". A banda, liderada por Johnny Marr e Steven Patrick Morrissey, não perdeu tempo a pensar no futuro que os nativos de Manchester tinham reservado, pois algo pressagiava que não lhes restava muito na cena indie daqueles anos.

O grupo, que já começava a encarar com mais seriedade os constantes conflitos entre Marr e Morrissey, não economizou em seguir em frente apesar das dificuldades e criou em 1985 uma obra-prima para o universo do rock e da música. Porém, como acontecia, por problemas legais, a obra não pôde ir à venda naquele ano e só viu a luz do dia em junho de 1986. Com um som hilário e desafiador, os The Smiths enfrentaram o mundo com um álbum que foi produzido por suas duas grandes estrelas, que são a essência do produto final, já que ambos são os criadores de cada uma das canções.

Com a arrogância que sempre os definiu, a longa duração dos ingleses, começa com a canção que deu origem ao nome e que contém um ataque mais que incendiário através das guitarras de Marr e da língua dilacerante do seu vocalista, à família real britânico e com o qual a massa pensante do rock que prevalecia na Inglaterra não sentia muita simpatia e muito menos respeito.

“Como eu sou o 18º descendente pálido  / De uma velha rainha ou outra”.

'Frankly, Mr Shankly', domina uma melodia bastante agradável e cativante, e que junto com 'I Know It's Over' mostra muito do que a banda foi ao longo de sua carreira artística: ser prolífica. Com 'Big Mouth Strikes Again', entramos no clímax do álbum, já que remete meticulosamente à lendária Joana d'Arc, mas com a sutileza que Morrissey poderia dar a uma música que a reflete muito bem. Esta peça foi o primeiro single do álbum e também fechou o único trabalho ao vivo que a banda chamou de "Rank", que alcançou o segundo lugar nas paradas britânicas.

«E agora sei como Joana d'Arc se sentiu / agora sei como Joana d'Arc se sentiu / quando as chamas subiram ao seu nariz romano / e o seu Walkman começou a derreter».

'The Boy With the Thorn in His Side', foi lançado antes da placa em agosto de 1985 e apresenta uma fotografia divertida do jornalista e escritor Truman Capote, capturada em 1949 pelo renomado fotógrafo Cecil Beaton. A canção foi ainda tão bem recebida pela crítica especializada que os levou a tocar esta versão no famoso programa musical Tops of the Pops em outubro de 85, meses antes do lançamento da placa.

'Há uma luz que nunca se apaga' é mundialmente conhecida por muitas versões cover. No entanto, apesar da grande popularidade da música, ela não foi lançada como single do álbum e demorou longos anos até que em 1992 ela voasse com asas próprias porque a produtora decidiu comercializá-la como single do álbum. Há também a história da cena do filme 500 Days of Summer de Marc Webb, de 2009, onde o protagonista Joseph Gordon-Levitt e Zooey Deschanel iniciam uma aventura tragicômica graças a esta composição.

«E se um ônibus de dois andares / Se chocar contra nós / Morrer ao seu lado/ É uma maneira tão celestial de morrer».

Deixando de lado o marketing do single, nele podemos apreciar uma narração bastante peculiar de Morrissey e que exclama o sublime da banda em termos de criatividade musical e lírica. A penúltima peça do LP tem uma harmonia perfeita entre Morrissey e Marr, fazendo com que o ouvinte nem se lembre do atrito que os levou a acabar com uma das melhores bandas de rock do mundo e que, inclusive, para muitos, foi a que salvou a os anos oitenta da decadência musical.

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