sexta-feira, 14 de abril de 2023

"Exagerado" (1985), Cazuza

 


Em novembro de 1985, chegava às lojas Exagerado, o primeiro álbum da carreira solo de Cazuza. Pouca gente imaginava que após uma apresentação retumbante do Barão Vermelho no primeiro “Rock in Rio”, em janeiro daquele ano, Cazuza fosse deixar a banda. Muito pelo contrário.

O Barão vinha não só de uma apresentação brilhante no Rock in Rio como também de um álbum bem sucedido que era o Maior Abandonado (1984). A banda já estava ensaiando para entrar em estúdio para gravar um novo disco e que seria lançado ainda em 1985. Os integrantes do Barão haviam tentado implantar um processo de democratização criativa dentro da banda, onde todos teriam iguais poderes de decisão para compor, vetar ou não determinada música para entrar em algum álbum, descentralizando o poder de decisão muito concentrado em Cazuza e Frejat.

Foi a partir daí que começou o processo de saída de Cazuza da banda que já tinha vontade de produzir um trabalho solo. Frejat apoiava a ideia, mas achava que ele podia conciliar a carreira solo com a da banda. Mick Jagger, naquele ano, havia lançado seu primeiro álbum-solo, paralelo com a carreira nos Rolling Stones. Cazuza se mostrava irredutível e descontente com a "democracia criativa" adotada pelo Barão. Preferiu cair fora e ter completo domínio do seu trabalho. Levou consigo boa parte das canções que fariam parte do próximo álbum do Barão Vermelho como "Rock da Celebração", "Só as Mães São Felizes", "Balada do Vagabundo" e "Exagerado". Elas acabaram entrando no primeiro álbum-solo de Cazuza. Apesar disso, sua saída não criou inimizade entre ele e os ex-colegas de grupo. 


A faixa título “Exagerado”, que se tornou o grande hit do disco, nunca me escondeu a sua aura “barovermelhana”, e não me surpreendi ao saber mais tarde que essa música seria gravada pelo Barão Vermelho. A sua sonoridade é bem Barão: a pegada hard rock, a guitarra, os teclados, a bateria... tudo lembra o Barão. Toda essa aura se estende para o resto do primeiro disco solo de Cazuza. O álbum conserva o "espírito" do Barão. É um bom disco, e Cazuza começou com o pé direito, trazendo canções marcantes como "Mal Nenhum"(dele e de Lobão), "Codinome Beija-Flor", além das outras que citei acima.

Em 2015, para celebrar os 30 anos do disco, foi lançada uma regravação do hit “Exagerado”, mantendo apenas a voz original de Cazuza, porém com um base instrumental nova, com a presença de ilustres convidados como Liminha (baixo, violões e produção da regravação), Dado Villa-Lobos (guitarras) e João Barone (bateria).



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