Em 2020 Paul McCartney aproveitou a pandemia para se concentrar num novo disco. McCartney III é o seu melhor trabalho em décadas.
Isolado em casa no ano de 2020, Paul aproveitou para compor e criar um disco a solo mas ao contrário dos seus antecessores, este McCartney III não precisa de anos a maturar para ser considerado um bom disco.
Se McCartney e McCartney II são agora considerados de culto, álbuns pioneiros do lo-fi e da electrónica respectivamente, cheios de experiências e talvez sempre um pouco inconsequentes, em McCartney III macca apresenta um disco coerente e cheio de sol.
Entenda-se que já Egypt Station não era terrível, ainda assim apresentando-se mais sem ideias, como escreveu na altura Frederico Batista para o Altamont.
O “truque”, chamemos-lhe assim, é que Paul McCartney parece menos preocupado em mostrar-se relevante e mais concentrado na sua arte, tocando mais uma vez todos os instrumentos e produzindo o disco.
“Slidin’” é claramente fruto da amizade de McCartney com Josh Homme e Dave Grohl, já “The Kiss Of Venus” é uma balada clássica de macca onde apenas a voz mais gasta o afasta do seu primeiro álbum homónimo.
A mais inusitada de todas, logo pelo nome, é “Lavatory Lil”, a dar uns ecos no nome a “Polythene Pam”, mas de onde sai uma música rock animada. A mais experimental e ponto alto deste disco é “Deep Deep Feeling”. Começa calma, com uns ecos e um ambiente que podia ter saído do último álbum de Arctic Monkeys e que em 8 minutos se desnovela em intensidade e sentimento, com camadas e camadas bem medidas de instrumentos. Se McCartney pecou várias vezes na carreira por ser demasiado pop, em McCartney III está o mais longe disso que consegue.
No geral é um trabalho que vai aquecendo com novas audições e será sempre genial imaginar um homem de 78 anos a fazer melhores canções que muitos e a tocar todos os instrumentos com uma cara de pura diversão.
Se é melhor que McCartney e McCartney II? Daqui a 20 anos logo vemos.
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