quarta-feira, 26 de abril de 2023

Resenha do álbum: Fear in a Handful of Dust – Amon Tobin

 

Oito longos anos desde que lançou sua última obra-prima em design de som ISAM, Amon Tobin nos presenteou com outro arranjo impressionante de delícias sonoras.

Amon Tobin percorreu um longo caminho desde seu início musical durante os anos 90. Sua carreira foi fortemente focada em drum and bass, trip hop, breakbeat jazz e sempre ultrapassou os limites do som escolhido.

O lançamento de seu álbum ISAM em 2011 introduziu um novo nível de experimentação do produtor brasileiro. Trocando seu grampo de rajadas intensas de percussão e samples perfeitamente cronometrados por algo completamente seu. Usando amostras que ele mesmo criou e alterando-as digitalmente para “explorar o som, explorar o que é possível com o som”.

Se você quer ouvir o trabalho mais “musical” do artista, recomendo conferir os seguintes: Nightlife do álbum Permutation, Bloodstone do Foley Room e Searchers do Out From Out Where. Minha favorita dele é a batida taciturna Easy Muffin de seu primeiro álbum Bricolage. Infelizmente, será muito difícil encontrar a faixa por meio digital, pois 20 anos após seu lançamento, a vimos removida devido a uma amostra que não foi liberada. Trágico. Agradeça ao senhor pelo vinil.

Fear In a Handful of Dust é uma exploração sonora sombria e única. Evoca sentimentos de um mundo solitário distorcido. Com a faixa de abertura, On a Hilltop Sat the Moon, ouvimos um conjunto nadador de notas fascinantes girando no espaço aberto. Apesar da natureza inquietante dos sons que são evocados para saudar essas notas, a sensação de encantamento ainda é proeminente. Esta foi uma ótima introdução ao álbum.


Freeformed é, como o próprio nome sugere, um design muito desestruturado e detalhado. Sons robóticos mecânicos quebram os intensos pressentimentos e tons cinematográficos. Sons metálicos corajosos dão textura e vida à música.

Pale Forms Run By tem uma sensação leve e mística semelhante à faixa de abertura. Ouvimos um som sutil de distorção crescer mais alto no canal direito e se mover entre os canais estéreo, mostrando o uso do espaço por Tobin. O ambiente perturbador presente na faixa de abertura gira em torno de nós aqui, porém aqui dá à música uma sensação mais cósmica. Como se estivéssemos olhando para o céu noturno com On a Hilltop Sat the Moon, e agora estivéssemos flutuando nele.

Fooling Alright é uma peça muito introspectiva. Nas palavras de Tobin, "A música aborda nossa tendência de apresentar uma visão de nós mesmos que é mais feliz e confiante do que realmente somos." A visão é refletida no videoclipe, um experimento de Christian Moeller no qual os participantes foram instruídos a tentar manter um sorriso sincero por um longo período de tempo. Este tópico se encaixa bem com o sentimento contemplativo solitário que é aparente na maioria das faixas deste álbum. Esta faixa apresenta alguns dos próprios vocais de Tobin, no mesmo estilo que ouvimos em ISAM's Wooden Toy e Kitty Cat. Onde os vocais de Tobin foram “modificados por gênero”.

O design de som experimental de Tobin seria bem utilizado para um filme ou videogame. O mundo que a música de Tobin cria é muito visceral, guiado pelos sons realistas e detalhados que ele criou. Verdadeiramente um mestre em experimentar o som.

Este álbum é principalmente para os ouvintes que desejam ser agraciados por sons precisos e únicos, ao invés de seu ritmo e fluxo. Dito isto, voltarei a algumas faixas deste álbum para aproveitar dessa maneira; mas na maior parte deste álbum, são fones de ouvido, olhos fechados, ouvidos abertos.


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