Resenha
Ecliptica - Revisited (15th Anniversary Edition)
Álbum de Sonata Arctica
2014
CD/LP
Sejamos francos, ninguém esperava a mudança drástica de direcionamento que ocorreu na carreira do grupo de power metal (não mais) finlandês Sonata Arctica. Estreando com "Ecliptica", muito influenciado por Stratovarius, e depois com seu maior clássico, "Silence", do qual a banda conseguiu imprimir sua identidade, mais dois grandes álbuns vieram depois. Era o auge do power metal melódico e a banda conseguiu se sair muito bem no período de transição entre as décadas 90-2000. Até que, ao chegar em "Unia", quinto álbum de estúdio, algo mudou. A cena não era mais a mesma, conflitos internos ocorriam e Tony Kakko, líder, vocalista e principal compositor, virou a chavinha. Daí em diante, disco após disco, os fãs foram perdendo o interesse, tamanha a falta de potência do material que vinham produzindo. O metal já não era mais metal, muito menos power, e as músicas já não traziam mais aquela energia de outrora. E é por isso que o disco alvo dessa resenha é importante nessa trajetória. Com a comemoração de quinze anos do álbum "Ecliptica", a ideia de regravá-lo veio da Nuclear Blast, claramente para empurrar as vendas do disco de inéditas "Pariah's Child", também lançado em 2014 e que trouxe sinais de uma tentativa de resgatar a energia do passado. É de fato um álbum melhor que os antecessores. Deu certo, já que a reação do público foi positiva e a banda foi bem recebida nas turnês de promoção. Mas, a pergunta que fica é: essa nova versão de "Ecliptica" vale a pena? Vamos explorar um pouco mais sobre isso. Posso responder como fã da primeira fase da banda que, como um dos que compraram "Ecliptica" assim que saiu, que mexer em um disco considerado clássico, mesmo não sendo perfeito, é como mexer em um vespeiro. Além disso, para Tony Kakko seria praticamente impossível cantar canções como "Blank File" e "Destruction Preventer" no mesmo tom, e ele pensou o mesmo, já que fez ajustes que podem causar um leve desânimo para quem conhece as versões originais. Mas, em contrapartida, a produção é magnífica, limpíssima, pesada e muito melhor que a do disco de 1999. "My Land", que também foi cogitada lá no passado como título do álbum, a semi-balada "Replica" e a veloz "8th Commandment" ficaram ótimas. "Kingdom For A Heart" e a super rápida "Picturing The Past" também mostram que a formação em questão não deixa a desejar. Existem algumas versões que trazem bônus distintas. Ouvi um cover que não curti muito de "I Can't Dance" do Genesis, que mostra claramente o motivo de Tony Kakko ter mudado o direcionamento da banda. Simplesmente é um artista que quer experimentar coisas novas e que já não é tão fã assim do estilo que cresceu ouvindo. O problema aí é usar o mesmo nome de banda. Um disco solo resolveria. De qualquer forma, recomendo a audição. Não é um clássico e não é melhor que o disco original, mas é interessante ver a nova proposta da banda - de Tony Kakko, na verdade - com um olhar mais maduro. Para quem é fã e conhece a carreira da banda, sentirá vontade de ouvir mais alguns de seus álbuns para relembrar o passado. Ponto para a Nuclear Blast. "Ecliptica - Revisited (15th Anniversary Edition)" foi lançado originalmente em 2014 e agora está disponível no Brasil pela Shinigani Records: www.lojashinigamirecords.com.br. A arte está bem legal e o encarte conta com depoimento de Kakko sobre o período de gravação do álbum, a nova proposta e dá mais informações sobre cada composição. Vale a aquisição para quem é fã da banda e também de power metal melódico. Faixas: Blank File 4:09 My Land 4:49 8th Commandment 3:46 Replica 5:04 Kingdom For A Heart 3:47 FullMoon 5:12 Letter To Dana 6:23 UnOpened 3:14 Picturing The Past 3:35 Destruction Preventer 7:46 Banda: Pasi Kauppinen (b) Tommy Portimo (d) Henrik Klingenberg (k) Elias Viljanen (g)
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