Resenha
Samurai
Álbum de Samurai
1971
CD/LP
O disco de estreia autointitulado da banda inglesa, Samurai, lançado em 1971, também foi o único gravado pelo quinteto, que ainda tinha o auxílio de mais dois convidados nos metais e flauta. A banda consegue combinar muito bem uma sonoridade jazzística com linhas puramente progressiva. Com bons fones de ouvidos, o disco parece conseguir me levar para dentro de algum pub obscuro da Inglaterra do início dos anos 70. A banda contava com, Tony Edwards (guitarra e violão), Lennie Wright (vibrafone, percussão e produção), Kerry Beveridge (bateria e percussão), John Eaton (baixo), mas certamente o seu nome mais conhecido é o de Dave Lawson (órgão, piano, teclados e vocais), que se juntaria ao Greensland após esse lançamento e o fim do grupo. “Saving It Up For So Long” começa por meio de um baixo isolado que logo ganha a companhia do restante da banda, criando um arranjo de rock psicodélico, além de algumas pinceladas jazzísticas. Conforme a peça vai passando, também fornece algumas mudanças atraentes. Mas o que realmente domina a música certamente é a psicodelia. “More Rain” é uma faixa muito mais suave, de uma atmosfera quase onírica. Adoro os trabalhos principalmente de percussão e flauta. Mais uma peça encharcada de psicodelia, mas com boas doses de jazz. “Maudie James”, parece inicialmente seguir a mesma atmosfera da anterior, mas logo ganha a sua própria imagem, se tornando muito dramática e poderosa. Conforme vai se desenvolvendo, apesar de manter a sua natureza jazzística, também é acrescida de um peso diferente. O trabalho de saxofone é requintado e delicioso de ouvir. Com certeza é um dos melhores momentos do disco. A música é uma homenagem à modelo de mesmo nome e que teve o seu auge no final dos anos 60 e começo dos anos 70. “Holy Padlock”, o começo é feito apenas através de um arranjo de piano e trompa. Então que peça muda de direção e entrega uma música mais enérgica. A seção rítmica é excelente, principalmente o baixo que fica bastante evidente em alguns pontos. Os metais, como sempre estão ótimos. Ainda há um solo de órgão bastante curto, porém, muito eficaz e apropriado. “Give A Little Love” não possui a mesma sonoridade polida que a banda estava entregando até o momento, aqui a entrega é mais visceral. A seção rítmica é pulsante, a guitarra entraria tranquilamente em algum disco do Frank Zappa, o solo de órgão e o de sax também são excelentes. “Face In The Mirror” é mais uma música que começa com uma atmosfera muito mais roqueira. A peça vai seguindo em uma melodia constante, até que suaviza e o rock dá lugar para um jazz liderado por saxofone até que os vocais entrarem pela primeira vez, com isso, o tom jazzístico encontra algumas vibrações progressivas, mas principalmente psicodélicas. Gosto principalmente dos seus momentos mais enérgicos, onde possui algumas linhas ácidas de guitarra, o órgão é sempre robusto e a seção rítmica bastante sólida. “As I Dried The Tears Away”, uma introdução suave logo é interrompida por uma breve instrumentação que lembra a primeira fase do King Crimson. Com mais de 8 minutos de duração, é a mais longa do disco. Há uma grande variação e mudanças por meio de uma jornada musical poderosa. Tem jazz rock, rock progressivo e até mesmo algumas pitadas de música de vanguarda, porém, apesar disso, tudo se mantem dentro de muita coerência, encerrando o álbum de maneira brilhante, com a sua melhor faixa. Samurai não foi uma banda que deixou uma herança musical volumosa, mas seu único disco é de um material recomendadíssimo. Formada por guerreiros musicais, dedicando-se com toda a força de vontade e determinação de um piloto kamikaze que se prepara para a sua primeira e última missão, a banda fornece uma divertida mistura de jazz rock, conjunto de metais e um rock progressivo que além de paisagístico, também é profundo.
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